Sexo na pandemia: a máscara protege da Covid, mas beijar aumenta os riscos com novos parceiros
Uma nova evidência sempre pode mudar o nosso entendimento sobre uma doença e, consequentemente, os nossos comportamentos durante uma pandemia. Até o momento, a conclusão dos cientistas é de que o Sars-CoV-2 não pode ser transmitido sexualmente. Os estudos realizados também não constataram a transmissão do novo coronavírus pelo suor.
“A Covid não é considerada uma doença de transmissão sexual. Não existe evidência sobre a transmissão do vírus pela relação sexual”, afirma a infectologista Raquel Stucchi, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Em alguns casos raros, um pedaço do Sars-Cov-2, segundo Stucchi, pode ser encontrado no sêmen ou em secreções vaginais. Mas até o momento não foi comprovado que esse fragmento possa provocar uma infecção.
Os maiores cuidados devem ser tomados por quem não tem parceiro sexual fixo. Recentemente, a chefe do Departamento de Saúde Pública do Canadá alertou que beijos e rostos colados com quem não mora no mesmo ambiente ou não vê com frequência aumentam o risco de contrair o vírus.
“Como outras atividades durante a Covid-19 que envolvem proximidade física, existem algumas coisas que você pode fazer para minimizar o risco de se infectar e espalhar o vírus”, afirmou Theresa Tam.
Nos tempos da pandemia, os cuidados de quem tem novos parceiros – além do uso da camisinha para evitar DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) – envolvem:
- evitar os beijos
- evitar a proximidade cara a cara
- usar uma máscara que cubra a boca e o nariz
- monitorar você e seu parceiro quanto aos sintomas
- considerar a masturbação e os brinquedos eróticos explorados solitariamente. É a forma mais segura.
O ambiente pode ser mais perigoso
Para a infectologista Stucchi, com o afrouxamento de algumas medidas no funcionamento de bares, baladas e outros espaços de lazer no país, as pessoas voltaram a ter contato com indivíduos que não estão no seu círculo de convívio diário. E pessoas contaminadas podem transmitir o vírus até duas semanas antes de apresentar sintomas.
Ela considera como maior fator de perigo o ambiente desconhecido.
“A contaminação às vezes pode ser mais pelo ambiente em que essa pessoa está tendo uma relação sexual do que propriamente pelo ato. Por um contato mais íntimo com um estranho, podemos acabar em um local onde não sabemos quais são os cuidados em relação ao vírus,” diz Stucchi.
Máscara como fantasia
Sheila Reis, psicóloga, sexóloga e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), diz que a recomendação da máscara precisa ser seguida, mas lamenta que a pandemia tenha sacrificado alguns momentos importantes do sexo.
“Acho muito cruel essa situação, pois bloqueamos um ato de intimidade que é o beijo.” Ela então recomenda a erotização da máscara: “Não é uma coisa agradável. Mas para amenizar esse desconforto os casais podem a incluí-la em uma fantasia, erotizando a situação e tendo uma relação segura”.
G1