Problemas dentários em época de pandemia e os cuidados durante o atendimento em ambiente odontológico
Pacientes relatam a experiência em clínica de Campinas, adaptada para atender apenas casos de urgência e emergência, de acordo com as novas medidas do Manual de Boas Práticas em Biossegurança
O Conselho Federal de Odontologia (CFO) anunciou no início da pandemia novas medidas ao Plano de Prevenção contra o Coronavírus SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19. A solicitação para os estabelecimentos privados de saúde é voltada para observação do máximo rigor com os protocolos de esterilização e limpeza dos instrumentos e equipamentos entre os atendimentos, além do uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI). Desde o dia 23 de março, a cidade de Campinas cumpre a quarentena. Para isso, a Clínica Lagôa, situada na cidade e adequada ao protocolo do Conselho Federal de Odontologia, reforçou os cuidados para receber apenas os pacientes que realmente precisam de atendimento durante este delicado período.
Esse foi o caso de Rachel Bueno da Silva, pedagoga aposentada, que cumpria a quarentena junto com sua família quando foi surpreendida por uma antiga restauração que quebrou. O dente ficou aberto e por ser diabética e fazer parte do grupo de risco, enfrentou um dilema sobre o que iria fazer neste momento de pandemia:
“Falei com o dentista e ele me orientou que precisava ir até a clínica, mas em um horário determinado. Na chegada, fui recepcionada pelo próprio cirurgião-dentista da clínica que já estava com máscara. A recepcionista nesse momento não está indo ao consultório”, conta.
Ela ainda ressalta que tinha álcool em gel na recepção e no consultório. Durante o atendimento ela lembra que o profissional utilizou avental, óculos especial, touca nos cabelos – inclusive para o paciente – e máscara:
“Esses cuidados com assepsia sempre existiram, mesmo antes da pandemia. O cuidado só aumentou. Me senti bastante segura durante o atendimento”, completa.
O cirurgião-dentista, Eduardo Lagôa, explica que os protocolos de esterilização de equipamentos e da clínica sempre existiram, mas agora estão fazendo com ainda mais atenção e cuidado:
“Aumentamos o espaço entre as consultas, todos utilizam os equipamentos de proteção, além de todo o protocolo de higienização seguido à risca. Obedecendo esses cuidados, preservamos a integridade física dos nossos pacientes e profissionais”, explica.
A clínica também está utilizando a triagem pelo telefone, que funciona 24 horas de plantão, para verificar se realmente existe necessidade do paciente ir ao consultório:
“A orientação é atendermos apenas casos de urgência e emergência, ou seja, situações que determinam prioridade para o atendimento e/ou que potencializam o risco de morte para o paciente. Como por exemplo: dor aguda, fratura dentária que resulta em trauma grave, troca de medicação intracanal, infecções bacterianas graves, sangramentos não controlados, entre outros”, alerta o cirurgião-dentista Eduardo Lagôa.
Assim foi o caso de Antonio Geraldo Rodrigues, gerente de projetos, passou por um susto durante a pandemia. Na quarentena, em casa, ele acordou com o rosto inchado e muita dor:
“Fiquei assustado. Por telefone recebi o primeiro atendimento. Quando cheguei não tinha outros pacientes na clínica e fui atendido imediatamente. Só tinha eu e o dentista no consultório”, conta.
Antonio precisou fazer uma radiografia e foi constatado que estava com uma infecção no tecido mole gengival:
“Tomei o antibiótico e desinchou. Terei que fazer um procedimento cirúrgico na clínica. Por tomar todos os cuidados necessários, me sinto seguro para realizar o tratamento neste período”.
Paulo César Castro, representante comercial, está trabalhando de casa durante a pandemia, e também precisou de atendimento. Ele quebrou uma restauração e começou a sentir dor:
“Liguei e fui orientado a ir de máscara até o consultório. Evitamos cumprimentos e o Dr. Eduardo Lagôa me falou para colocar a roupa para lavar quando chegasse em casa. Senti igual quando tenho que ir ao supermercado e tem alguém limpando o carrinho e entregando álcool em gel. Fui com segurança, pois conheço os cuidados que ele toma no dia a dia”, explica.
Importância da higiene bucal durante a pandemia
O Conselho Federal de Odontologia reforçou o alerta para a importância da higiene bucal em tempos de pandemia. A boca é uma das principais portas de entrada do vírus e a correta higienização pode evitar problemas pulmonares e prevenir complicações à saúde.
Além disso, diversos estudos já comprovaram a eficácia do cuidado com a saúde bucal na prevenção de doenças cardíacas, depressão e doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, hipertensão arterial, câncer, entre outras doenças sistêmicas.
O estado de saúde do paciente que tenha contraído a Covid-19 pode ser agravado, caso sua higiene bucal não seja realizada da maneira correta, com atenção especial para a língua e aos dentes molares (mais próximos da faringe) para evitar a pneumonia por aspiração. Também é importante realizar a correta lavagem das mãos, já que elas são utilizadas para escovação e, inclusive, o uso do fio dental.
A troca periódica da escova dental também é de suma importância, devendo ocorrer a substituição sempre que o indivíduo estiver se recuperando de alguma infecção. A medida visa evitar risco de recontaminação. No caso dos higienizadores de língua é preciso manter imerso em solução desinfetante à base de água ou enxaguante bucal após cada uso.
Vale lembrar que esses hábitos de higiene bucal devem ser adquiridos por toda vida, não somente no período do novo Coronavírus, visto que as pessoas podem ser infectadas por outro vírus a qualquer momento.