•  segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Pesquisadores do Ceará solicitam patente para uso de vacina veterinária contra a Covid-19 em humanos

Na corrida em busca de imunização contra a Covid-19, pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) iniciaram nessa segunda-feira (28) o processo de patenteamento de uma vacina aviária, testada desde a década de 1940 para combater o coronavírus em animais, que pode ter ação em humanos. O pedido para que a dose tenha uma nova utilização foi feito junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

“Ontem, foi feito o depósito da patente, quer dizer, começa a correr o processo dentro do Inpi. Como o experimento está sendo desenvolvido dentro da Uece, a patente passa para a universidade. A patente ainda não saiu. Qualquer pessoa que vier usar essa mesma ideia, agora ela está subjugada à minha porque eu fui o primeiro no mundo”, esclarece o idealizador do estudo Ney Carvalho, médico veterinário e doutorando em Biotecnologia.

Logo após a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Ceará, surgiu a proposta de verificar a eficiência da vacina já existente no mercado em seres humanos. Carvalho explica que havia uma especulação negativa em torno da eficácia de imunização viária para o SARS-CoV-2, embora não tivesse um estudo oficial para atestar isso.

“Todo mundo no início dizia que vacina para coronavírus de cachorro não funciona, por exemplo. Então, a gente resolveu verificar isso usando como modelo a vacina para o coronavírus de aves, que é mais estudada desde a década de 1940. Tem alguns resultados na literatura, de uns estudos mais antigos, que nos davam uma certa segurança”, ressalta.

Resultados dos experimentos

 

Envolvendo 40 animais que foram imunizados com a vacina, o experimento teve resultados positivos, conforme explica o pesquisador. “A gente utilizou como modelo mamífero o camundongo, que também não pega SARS-CoV-2, e imunizou ele com essa vacina aviária. Depois, obteve-se os anticorpos contra o coronavírus aviário e a gente colocou esses anticorpos para verificar se eles tinham uma ação eficaz contra o SARS-CoV-2. E a gente viu que a resposta foi positiva”, relata Ney Carvalho.

A patente se faz necessária por se tratar-se tratar de uma vacina de uso veterinário atualmente, o que impossibilita a aplicação de doses em humanos. O processo pede que o Inpi aprove a nova aplicação descoberta pela pesquisa da Uece. “A patente diz assim: eu quero um novo uso para essa vacina aviária. Eu não estou produzindo a vacina, eu não faço a vacina, ela já é vendida comercialmente, só que obviamente para veterinários”, enfatiza.

O teste em humanos, porém, acontecerá somente na última etapa do estudo, mediante aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Uece aguarda a autorização do Comitê de Ética Humano para avançar de fase.

“Enquanto isso, continuamos com os experimentos. Estou esperando o aval para pensar no próximo passo, que é o avançar da ideia, trabalhar com primatas não humanos, estudo de dose, concentração para utilização em primatas”, explica o médico veterinário.

Para a professora doutora da Uece, Maria Izabel Florindo, que também integra o grupo de pesquisa, os resultados preliminares têm sido animadores. “Nós estudamos possibilidades de ele ser usado para induzir proteção contra o coronavírus humano SARS-CoV-2. É isso que está em jogo, a resposta tem sido muito boa e quem sabe dá certo e a vacina saia do Ceará”.

G1
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