•  domingo, 24 de novembro de 2024

Nova versão do Remdesivir ataca covid-19 logo no começo

O antiviral experimental remdesivir, primeiro tratamento promissor na luta contra o novo coronavírus, da farmacêutica americana Gilead Sciences, será atualizado e passará por uma nova bateria de testes. Em vez da versão intravenosa, dada atualmente aos pacientes, o novo remdesivir será absorvido pelo corpo humano por meio da inalação, o que pode acelerar o uso em pacientes da covid-19 que não estão internados em hospitais.

Em uma carta aberta publicada nesta segunda-feira (22), o presidente da Gilead, Daniel O’Day, afirmou que a versão inalável do antiviral “permite uma administração mais fácil fora do hospital, em estados menos avançados da doença” e pode ser feita pela utilização de um nebulizador. “Como parte da nossa próxima onda de desenvolvimento clínico, nós vamos estudar a medicação no tratamento da doença logo no começo, combinando-o com outras terapias”, explicou O’Day.

Em estudos preliminares, o medicamento intravenoso acelerou a recuperação de pacientes e reduziu o tempo de internação de pacientes graves. O antiviral age reduzindo a capacidade de replicação do vírus no organismo humano. Um estudo feito pela própria Gilead Sciences apontou que os pacientes reagiram melhor ao medicamento quando o receberam cedo no quadro de infecção pelo novo coronavírus. Segundo a companhia, 62% dos pacientes que receberam o Remdesivir cedo tiveram alta do hospital. Entre os que receberam o remédio com a covid-19 em estágio mais avançado, 49% tiveram alta. O estudo avaliou a eficácia do Remdesivir quando foi dado a pacientes com quadros graves de covid-19 por cinco dias e por dez dias. O teste envolveu cerca de 400 pessoas.

No dia primeiro de maio, o Food and Drug Administration (FDA), espécie de Anvisa americana, publicou uma autorização de emergência para autorizar o uso do Remdesivir contra o SARS-CoV-2, o que aumentou a escala de pacientes tratados com o antiviral.

A ideia agora é focar em fases iniciais da doença para “reduzir a onda da pandemia” e também em combinações capazes de parar o vírus em seus mais variados estágios.

As pesquisas sobre a nova versão serão realizadas nos próximos meses, segundo o comunicado da empresa. “Baseado em nosso conhecimento, o vírus no começo é o primeiro condutor da doença. Nos outros estágios, a resposta inflamatória do corpo pode causar alguns dos maiores aspectos ameaçadores. É importante, então, termos ferramentas que possam trabalhar juntas para lutar contra os dois aspectos da doença: um antiviral para mirar no vírus e outra terapia que foque na resposta inflamatória”, disse O’Day. “Nós estamos propensos a explorar como o Remdesivir funciona quando combinado com anti-inflamatórios, principalmente com pacientes mais graves.”

A Gilead é uma biofarmacêutica avaliada em 96 bilhões de dólares. Fundada em 1987 pelo médico Michael L. Riordan, a empresa é uma das maiores fabricantes de medicamentos dos Estados Unidos e faz parte do índice S&P 500, que reúne as companhias mais importantes da bolsa americana. No Brasil, a farmacêutica tem escritórios em São Paulo e em Brasília. Só neste ano, com o otimismo dos investidores pelos testes bem-sucedidos do Remdesivir, as ações da Gilead subiram 26%.

Na semana passada, um estudo britânico mostrou que a dexametasona, um anti-inflamatório corticosteroide que também é utilizado em crises de asma e também por alpinistas no combate aos efeitos da falta de oxigênio em altas altitudes, reduziu em até um terço o risco de morte dos pacientes entubados usando respiradores mecânicos; e em um quinto para pessoas que estavam recebendo oxigênio suplementar por causa do coronavírus. Segundo O’Day, a descoberta corrobora com os estudos sobre tratamentos complementares contra o vírus.

Outro tratamento anti-inflamatório, chamado de EDP1815, foi testado em pacientes com psoríase (doença na qual células de pele se acumulam e causam coceira e irritação) e apresentou resultados que podem ajudar pessoas também em estados iniciais do novo coronavírus.

Quase 9 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 468.724 morreram, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com 2.280.969 doentes e mais de 119 mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.083.341 de infectados e 50.591 óbitos.

Nenhum medicamento ou vacina para a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

 

 

(Itupeva Agora)

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