•  sábado, 23 de novembro de 2024

Febre Amarela: Morte de macacos gera alerta

Primata é essencial para o monitoramento da doença

A febre amarela voltou a provocar a morte de macacos no Brasil. Dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS) apontaram para o óbito de 38 primatas, sendo 34 no Paraná, três em São Paulo e um em Santa Catarina. Segundo o MS, há ainda mais de mil notificações de mortes de animais da espécie consideradas suspeitas.

O quadro levou o órgão a emitir alerta à população para a vacinação contra a doença, especialmente nas regiões Sul e Sudeste do País. A imunização é fundamental para impedir o avanço dos casos da febre amarela em humanos.

Quanto aos macacos, ainda falta informação aos cidadãos. No que diz respeito ao vírus da febre amarela no ciclo silvestre (que saem da Amazônia e chegam, pelos recortes de Mata Atlântica, às regiões Sudeste e Sul do País), esses animais são as principais vítimas. Mais do que isso: os primatas são sentinelas, ou seja, contribuem para a identificação antecipada dos riscos à saúde humana.

“O macaco é o principal indicador de que a doença está circulando no local. É graças aos diagnósticos em primatas que conseguimos impedir que aconteça a morte de pessoas”, explica o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens (CMVAS) do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Marcello Nardi.

 

Transmissão é feita por mosquitos

 

A febre amarela é transmitida por meio da picada de mosquitos e, para impedir o contágio, a vacinação no homem e o combate à proliferação dos insetos são as medidas mais eficazes.

A forma silvestre da doença é transmitida pelos mosquitos Haemagogus e o Sabethes, que vivem nas matas e na beira dos rios, sendo que o controle da doença neste ciclo continua desafiando profissionais. Já o ciclo urbano da doença acontece quando a transmissão se dá por meio do mosquito Aedes aegypti, exatamente como acontece com a dengue, o zika e a chikungunya.

 

Agredir ou matar animais é crime

No entanto, a falta de conhecimento sobre a forma como se dá o contágio e de que os macacos são vítimas assim como os humanos já gerou agressões e até a morte desses animais, o que é crime, com pena de detenção e multa previstas na Lei Federal nº 9.605/98, também conhecida como lei de crimes ambientais.

Além de configurar crueldade e crime, agredir as populações de macacos provoca um dano ainda maior à saúde humana, uma vez que elimina uma proteção natural.

 

Sinais da doença em animais devem ser notificados à Prefeitura

A maioria dos macacos, quando doentes, apresenta comportamento lento, passa a descer das árvores e perambula pelo chão, além de ter dificuldade para se alimentar. Em caso de identificação desses sinais nos animais, o órgão municipal de saúde precisa ser imediatamente notificado para iniciar os procedimentos de investigação. “Não se deve mexer no animal, nem enterrar a carcaça”, orienta Nardi.

Desafios silvestres

Em áreas de florestas, as ações ainda são limitadas e a prevenção da doença em animais tem sido objeto de estudo.

“Combater o mosquito vetor da febre amarela na mata é um desafio maior. A proliferação do Aedes aegypti depende da vigilância da ação dos humanos, impedindo locais de foco de reprodução, como a água parada. Na mata, não podemos usar qualquer medida que desequilibre o meio ambiente”, explica Nardi.

O presidente da CMVAS é otimista em relação a pesquisas com foco na imunização de primatas. “Existem laboratórios de referência tentando criar uma vacina para os macacos. É preciso aprofundar esses estudos para que em breve tenhamos a resposta de uma vacina.”

 

Ler Anterior

Pé de Atleta? Especialista da dicas de cuidados para esportistas

Ler Próxima

Filho Sem Fila é opção para facilitar saída das escolas