•  sábado, 23 de novembro de 2024

Exame de cera de ouvido pode revelar níveis de estresse

A cera de ouvido pode dar pistas sobre a saúde mental de um indivíduo, sugeriram pesquisadores.

Um estudo feito com 37 pessoas mostrou que um aumento do cortisol, o hormônio do estresse, pode ser medido a partir das secreções oleosas no canal auditivo.

Isso pode abrir uma janela para melhores maneiras de diagnosticar condições psiquiátricas, incluindo depressão, de acordo com o autor principal do estudo, Andres Herane-Vives.

Ele também desenvolveu um novo tipo de cotonete que não danifica o tímpano.

O cortisol é conhecido como o hormônio da “luta ou fuga”. Quando ele envia sinais de alarme para o cérebro em resposta a uma situação de estresse, ele pode influenciar quase todos os sistemas do corpo, do sistema imunológico à digestão e o sono.

Mas seu papel em transtorno — incluindo ansiedade e depressão — não é totalmente compreendido.

Herane-Vives, psiquiatra do Instituto de Neurociência Cognitiva do University College London, quer entender o que pode indicar níveis elevados ou baixos de cortisol.

Ainda é cedo, mas ele espera que isso possa ajudá-lo a estabelecer uma “medida biológica objetiva” para as condições psiquiátricas.

Em teoria, as pessoas com sintomas de problemas de saúde mental poderiam ter seus níveis de cortisol testados e isso poderia ajudar a formar o diagnóstico delas.

Atualmente, os diagnósticos de doenças e transtornos ligados à asaúde mental são amplamente subjetivos, portanto, esse método poderia fornecer aos profissionais uma ferramenta adicional para ajudar a tornar as avaliações mais precisas.

E um bom diagnóstico é “a única maneira de fornecer o tratamento correto”, disse Herane-Vives.

Ele poderia ser usado para avaliar quem pode ou não se beneficiar dos antidepressivos.

O cortisol pode ser medido no sangue, mas o exame revela apenas os níveis do hormônio de um indivíduo naquele momento.

E como os próprios exames de sangue podem ser estressantes, eles podem potencialmente dar falsos positivos.

Herane-Vives queria saber se os níveis crônicos de cortisol de um paciente — constantes por um longo período de tempo — poderiam ser medidos observando os tecidos do corpo em que se acumulam.

Ele estudou anteriormente se o cortisol poderia ser medido nos folículos capilares, mas para fazer isso você precisa de 3 cm de cabelo — o que nem todo mundo tem ou quer perder.

“Mas os níveis de cortisol na cera do ouvido parecem ser mais estáveis”, disse ele.

Herane-Vives fez uma analogia com outra criatura produtora de cera: as abelhas. Elas armazenam açúcar (o mel) em seus favos de cera, onde é preservado em temperatura ambiente.

Assim, os hormônios e outras substâncias são armazenados ao longo do tempo na cera do ouvido, que “produz mais cortisol do que amostras de cabelo”, disseram os pesquisadores.

A longo prazo, o método poderia ser desenvolvido para medir outras coisas como os níveis de glicose ou mesmo anticorpos contra vírus.

G1

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