•  sábado, 23 de novembro de 2024

Epidemias em 2020: Órgãos como OMS e Ministério da Saúde alertam sobre os riscos

“O Dr. Kauê De Cezaro dos Santos, médico do Hospital Albert Sabin, fala sobre os riscos de epidemias no Brasil para o próximo ano”

Uma epidemia é a concentração de determinados casos de uma doença em um mesmo local e época, claramente em excesso em relação ao que seria teoricamente esperado. O termo tem origem no grego clássico: epi (sobre) + demos (povo). “Na história, sete epidemias foram decisivas para a raça humana. São elas: tuberculose, varíola, gripe espanhola, tifo, sarampo, malária e AIDS. Infelizmente, cepas de vírus mutantes, doenças recrudescentes e o descaso com a saúde preventiva demonstram fatores determinantes como causa de retorno das epidemias antes eliminadas, como, por exemplo, o sarampo”, explica o Dr. Kauê De Cezaro dos Santos, Clínico Geral e Coordenador do Pronto Atendimento do Hospital Albert Sabin (HAS).

Devido à facilidade de disseminação e transmissão, doenças como a dengue, zika, chikungunya, febre amarela e sarampo, essa última tida como erradicada no Brasil, correm o risco de tornarem-se epidêmicas em 2020, alertam o Ministério da Saúde e a OMS. “Em comum, essas enfermidades seguem dois critérios: alta transmissibilidade e hospedeiros transmissores inseridos na sociedade (Aedes aegypti no caso da dengue e o próprio ser humano no caso do sarampo)”, observa o Dr. kauê.
Citando o estado de São Paulo como exemplo, dados do Ministério da Saúde apontam que o número de casos prováveis de dengue aumentou mais de 1.000% em comparação com janeiro de 2018. Até o dia 02 de fevereiro, o estado notificou 17.004 casos da doença. No mesmo período de 2018, foram registrados 1.450 casos de dengue. Esse cenário torna a projeção para o ano que vem ainda mais preocupante e não só para o caso da dengue, mas também em relação a outras doenças infecciosas.
Como causas, o descaso com a saúde preventiva, ou seja, a vacinação é uma das mais graves. Contudo, nos casos em que a doença não é previsível como ebola, por exemplo, o principal agente é a locomoção de infectados. Transmissores da doença por locais de grande aglomeração, como aeroportos, portos, rodoviárias e outras zonas de grandes aglomerações são o principal risco para a contaminação em larga escala. “Em 2019, já observamos o retorno do sarampo e, para 2020, é possível que doenças como outros subtipos da dengue, vírus da gripe, ebola, febre hemorrágica boliviana, febre de Lassa, febre hemorrágica de Marbug e outras sejam motivo de grande preocupação mundo afora”, conta o médico.
Quanto aos esforços para a erradicação das doenças epidêmicas, o ideal é que se concentrem em duas frentes, o “ataque” e a “defesa”. A primeira consiste em evitar a propagação da doença o mais rápido possível, identificando o caso índice, ou seja, onde tudo começou. Deve-se evitar o contato de contaminados com pessoas saudáveis e vacinação em massa das pessoas vulneráveis e/ou expostas a doença. Já na segunda é indispensável que os serviços de saúde garantam o suporte adequado para todos os acometidos pela doença, a fim de desenvolver garantia do melhor tratamento possível à pessoa enferma e, assim, essa deixar de ser transmissora.
Outro importante ponto que médicos e profissionais da área estão notando diz respeito às doenças sazonais. Um vírus de comportamento sazonal tem aumento no número de casos dependendo da estação do ano. Porém, por fatores como o fortalecimento do vírus e as mudanças climáticas, essa relação das doenças com as estações está mudando. Haja visto o crescente número nos casos de dengue, que ocorria com mais intensidade nas estações quentes, no último outono/inverno.
A vacinação é a ação mais eficiente para erradicação de doenças. A oportunidade de realizar a chamado profilaxia primária, gera redução da transmissão da doença entre os vetores, isto é, entre as pessoas, visto que elas se encontram imunes e não transmitem mais a doença em questão. “Na ausência de vacina, medidas como lavar as mãos constantemente, uso de álcool para assepsia manual e evitar ambientes aglomerados são medidas sutis, porém, de grande impacto no controle e no desenvolvimento de barreiras para acontecimentos de epidemias”, finaliza o Dr. De Cezaro.
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