DIA DA ALIMENTAÇÃO|16/10| As 13 oportunidades para empreender negócios em alimentação que gerem impacto positivo para a população de baixa renda
Análise da Artemisia – organização pioneira na aceleração de negócios de impacto social no Brasil – aponta quais são as oportunidades de empreender para amenizar os desafios da população em situação de vulnerabilidade econômica no tocante à alimentação. Acesso a frutas, verduras e legumes; produção próxima ao consumidor; acesso a refeições saudáveis; prevenção e nutrição; armazenamento de alimentos nas casas e em pontos de venda; educação nutricional; apoio a gestão pública; acesso ao mercado; produtos e serviços financeiros adequados; ampliação da conectividade; insumos, ferramentas e maquinários adequados e de baixo custo; apoio e capacitação para melhor gestão e produtividade; e armazenamento de alimentos na produção compõem os destaques.
São Paulo, 9 de outubro de 2019 – Todo brasileiro tem o direito à alimentação adequada, porém, essa ainda não é a realidade no Brasil. A falta de acesso a alimentos saudáveis, baixa educação nutricional e desperdício são apenas alguns dos desafios enfrentados quando o assunto é alimentação. Os problemas estão do campo até a mesa: desde a produção, logística, processamento e oferta até o consumo. Nesse contexto, o pequeno agricultor familiar e o consumidor de menor renda são os elos mais vulneráveis. Para investigar esses desafios da temática – e avaliar como os negócios de impacto social podem apoiar a redução desses problemas –, a Artemisia conduziu uma análise setorial em parceria com a Fundação Cargill. A Tese de Impacto Social em Alimentação, concluída em 2017, apresenta as 13 oportunidades mais promissoras para o desenvolvimento de negócios que podem gerar impacto positivo.
Com o objetivo de apresentar alternativas para o desenvolvimento de negócios de impacto social no setor da alimentação, a análise setorial considera quais são as reais necessidades da população em situação de vulnerabilidade econômica no Brasil; os desafios que enfrentam no que tange à temática; e quais ações podem gerar impacto social e trazer melhorias para essa população, ou seja, para quais oportunidades de negócios os dados apontam. O mapeamento analisou eixos como produção – gestão do campo e viabilização do pequeno produtor; logística; processamento de alimentos; oferta e consumo adequados; e educação nutricional. Nos temas transversais, informação para a formação, desperdício de alimentos e segurança alimentar. Como resultado, um amplo e consistente panorama de um dos temas críticos no país. O estudo mostra, prioritariamente, dois públicos beneficiados diretamente por negócios de impacto social focados na alimentação: o agricultor familiar de menor renda – cujo impacto acontece na cadeia produtiva; e o consumidor da baixa renda, para o qual a mudança no consumo pode resultar, também, em uma transformação positiva na saúde.
Segundo Maure Pessanha, diretora-executiva da Artemisia, “a alimentação é um tema crítico para garantir a melhoria de qualidade de vida e da saúde da população e o empreendedorismo de impacto social tem se mostrado um caminho para enfrentar parte dos desafios do setor”.
Mais informações e download da íntegra da Tese de Impacto Social em Alimentação: www.artemisia.org.br/
OPORTUNIDADES
#1 | ACESSO A FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES
Permitir às pessoas que vivem em locais onde não há venda de produtos como frutas, verduras e legumes tenham meios para comprá-los a um valor acessível, podendo assim incorporá-los à rotina alimentar, é a tônica dessa oportunidade. Entre os exemplos, pontos de venda mais próximos dos consumidores; assinatura de produtos saudáveis a baixo custo; e soluções que permitam otimizar as compras logisticamente, diversificando produtos ou possibilitando compras coletivas.
#2 | PRODUÇÃO PRÓXIMA AO CONSUMIDOR
As hortas urbanas são responsáveis entre 15% e 20% de todo o alimento produzido no mundo, de acordo comWorldwatch Institute (2011). Nas hortas caseiras e produção urbanas temos aproximação do consumidor à produção – pelo plantio para consumo próprio ou para venda – ampliando o acesso da população de baixa renda a alimentos frescos e saudáveis nos centros urbanos e áreas periféricas. A diminuição de custos logísticos e poluição são outros benefícios agregados. Entre os exemplos de soluções: produção em casa para consumo próprio; produção em organizações para consumo interno; e produção para venda.
#3 | ACESSO A REFEIÇÕES SAUDÁVEIS
Essa oportunidade se baseia em oferecer uma alternativa de refeição saudável para a população de menor renda – que seja acessível geográfica e financeiramente, evitando assim o consumo de substitutos. Entre os exemplos de soluções, assinaturas de refeições a preços acessíveis; restaurantes de baixo custo; e barraquinhas de refeições rápidas e saudáveis a baixo custo.
#4 | PREVENÇÃO & NUTRIÇÃO (SAÚDE)
Incentivar hábitos saudáveis por meio do direcionamento para mudanças de rotina alimentar e suporte para a reeducação nutricional, com aproveitamento integral dos alimentos, a um preço acessível. Entre os exemplos de soluções: acompanhamento nutricional; cursos presenciais e online; capacitação de profissionais de saúde; e acesso a profissionais de saúde.
#5 | ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS NAS CASAS E EM PONTOS DE VENDA
Promover o armazenamento correto dos alimentos para venda e consumo, diminuindo as perdas e o desperdício é a temática dessa oportunidade. Dessa forma, garantir a destinação antes do vencimento e a aumentar a durabilidade do alimento. São exemplos de soluções: embalagens mais apropriadas; gestão de estoques; e infraestrutura de refrigeração.
#6 | EDUCAÇÃO NUTRICIONAL
Para as famílias e para as escolas, a educação nutricional se faz necessária para garantir a conscientização de adultos e crianças sobre a importância de se comer bem para uma vida saudável. Entre as ações importantes e urgentes, destacam-se: capacitar pessoas sobre alimentação saudável – com receitas criativas, valorizando o aproveitamento integral de frutas, verduras e legumes; multiplicação desse conhecimento em comunidades e escolas; capacitação de profissionais que preparem ou vendam alimentos em escolas; incentivo aos pais para preparar lanches e professores para ensinar sobre o tema em sala de aula. São exemplos de soluções: cursos presenciais e online; capacitação de merendeiras; desenvolvimento de hortas em escolas com envolvimento dos alunos; e monitoramento nutricional em cantinas escolares, melhorando a qualidade dos lanches dos alunos.
#7 | APOIO A GESTÃO PÚBLICA
Incrementar soluções públicas existentes, qualificando a atuação e gerando dados que aumentem a transparência – e permitam promover melhorias contínuas – é o foco dessa oportunidade. Entre os exemplos de soluções: gestão de dados, monitoramento e avaliação e auditoria de desperdício de alimentos.
#8 | ACESSO AO MERCADO
Ampliar o acesso a mercados e aumentar a rastreabilidade de produções – possibilitando maior conexão entre demanda e oferta – constitui uma oportunidade para empreender com impacto social no setor. De programas de assinatura para recebimento de alimentos direto do produtor, passando por soluções que permitam que pequenos produtores conheçam melhor as demandas de mercado, chegando a soluções que usam tecnologias como drones para otimizar a logística em áreas remotas como a região amazônica são alguns exemplos tangíveis dessa oportunidade detectada pelo mapeamento.
#9 | PRODUTOS E SERVIÇOS FINANCEIROS ADEQUADOS
Soluções que permitam estimar a produtividade da safra e servir, dessa forma, como comprovante para a solicitação de serviços bancários; e mecanismos para a transação monetária sem necessidade de conexão à internet e deslocamento para centros urbanos são exemplos de serviços financeiros adequados às reais necessidades dos agricultores familiares. Startups que foquem nessa oportunidade podem minimizar os riscos e vulnerabilidade dos pequenos agricultores familiares via produtos – como crédito, seguro, meios de pagamento – e serviços.
#10 | AMPLIAÇÃO DA CONECTIVIDADE
Aumentar a conectividade à internet e o acesso a outras tecnologias e meios de comunicação no meio rural para ampliar o acesso à informação e oportunidades. A conectividade no campo, apesar de estar crescendo, ainda é baixa – em especial, quando consideramos estabelecimentos familiares menores.
#11 | INSUMOS, FERRAMENTAS E MAQUINÁRIOS ADEQUADOS E DE BAIXO CUSTO
Permitir que agricultores familiares e pequenos produtores possam reduzir os próprios custos e aumentar a eficiência nas diferentes etapas da produção, colheita e seleção, bem como diminuir a incidência de lesões decorrentes do peso e precariedade das ferramentas existentes são exemplos dessa oportunidade. Entre os exemplos, destacam-se estruturas para pós-colheita – que reduzam a exposição de hortaliças ao sol, evitando perdas; além de mecanismos e ferramentas para colheita e separação que aumentem a produtividade.
#12 | APOIO E CAPACITAÇÃO PARA MELHOR GESTÃO E PRODUTIVIDADE
Soluções que instrumentalizam ou capacitam agricultores e técnicos para a melhoria da gestão, aumento da sustentabilidade e produtividade de estabelecimentos agrícolas e/ou que apoiem o aumento de qualidade em seus produtos é o foco dessa oportunidade. Além disso, soluções que auxiliam as tomadas de decisão na gestão administrativa, diminuindo o número de estabelecimentos que possuem renda líquida negativa (realidade de mais de 50% deles). Entre os exemplos, tecnologias inovadoras e de baixo custo que apoiam a gestão do estabelecimento agrícola; capacitação ou assistência direta ao produtor em gestão ou no uso de novas tecnologias para o campo; e capacitação indireta de técnicos do campo ou assessores técnicos no uso de novas tecnologias para ampliar produtividade.
#13 | ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS NA PRODUÇÃO
Promover o armazenamento correto dos alimentos nas etapas de produção e logística, diminuindo perdas e desperdício é a temática dessa oportunidade. Dessa forma, garantir a destinação antes do vencimento e aumentar a durabilidade do alimento. São exemplos de soluções: embalagens mais apropriadas; ferramentas para gestão de estoques; e infraestrutura de refrigeração.
SOBRE OS NEGÓCIOS DE IMPACTO SOCIAL | São empresas que oferecem, de forma intencional, soluções para problemas sociais e ambientais enfrentados pela população em situação de vulnerabilidade econômica. Entre as características principais estão o foco na baixa renda (produtos e serviços desenhados de acordo com as necessidades e características dessa população); intencionalidade (possuem a missão explícita de causar impacto social e são geridos por empreendedores éticos e responsáveis); potencial de escala (podem ampliar o alcance por meio da expansão do negócio, da replicação em outras regiões por outros atores, ou pela disseminação de elementos inerentes ao negócio por outros empreendedores, organizações e políticas públicas); rentabilidade (possuem um modelo robusto que garante a rentabilidade e não depende de doações ou subsídios); impacto social relacionado à atividade principal (o produto ou serviço oferecido diretamente gera impacto social ou se trata de projeto/iniciativa separada do negócio – sim, da atividade principal); distribuição ou não de dividendos (um negócio pode distribuir ou não dividendos a acionistas; decisão que não é um critério para definir o impacto social).
A Artemisia toma por base a visão de Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, de que “a pobreza é a privação das capacidades básicas de um indivíduo, não apenas ao fato de possuir renda inferior a um patamar preestabelecido”. Com essa perspectiva, a organização acredita que os negócios de impacto social podem gerar melhorias na qualidade de vida da população de menor renda em cinco principais dimensões aos diminuir os custos de transação; promover oportunidades de desenvolvimento; possibilitar aumento de renda; reduzir condições de vulnerabilidade; e fortalecer a cidadania e os direitos individuais.