•  quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Cuidar da saúde bucal dos pets evita infecções e quadros graves

Escovação diária dos dentes e consultas periódicas ao médico-veterinário são medidas preventivas

A doença periodontal atinge aproximadamente 80% dos cães e gatos, mostrando-se uma vilã na manutenção da saúde geral dos pets. No Dia Mundial da Saúde Oral (20/03), o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) alerta que o simples hábito de escovar os dentes dos animais de estimação evita sérias infecções que podem atingir órgãos e comprometer a vida dos peludos.

Provocada pela presença de placas bacterianas nos dentes, a doença periodontal é a alteração na estrutura da gengiva e dos tecidos de sustentação dos dentes.

O médico-veterinário Eduardo Pacheco, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais (CTCPA) do CRMV-SP, explica que, inicialmente, o cão ou o gato desenvolve uma gengivite, que é a inflamação da gengiva. Se não tratada, ela evolui para a periodontite, quando os ligamentos e ossos que dão suporte aos dentes inflamam e infeccionam.

Sinais do problema

Os sinais mais clássicos são forte mau hálito, vermelhidão, inchaço e sangramento das gengivas, além de dificuldade de mastigar. “O animal apresenta sinal de dor e os dentes recobertos por uma camada amarelada ou amarronzada, que é o cálculo dentário, chamado de tártaro”, menciona Pacheco.

Porém, os indícios da doença nem sempre são evidentes. O conselheiro do CRMV-SP, Leonel Rocha, que atua na área de odontologia veterinária, alerta para o fato de a doença periodontal ser silenciosa por um longo período, o que acaba contribuindo para um diagnóstico tardio.

Complicações

“O resultado é a queda dos dentes, com exposição da raiz dentária, dificuldade para se alimentar e, especialmente, uma disseminação bacteriana por via sanguínea”, argumenta Pacheco.

Com isso, há probabilidade de agravamentos no quadro geral de saúde do animal. “Todo o processo inflamatório leva a complicações, chegando aos rins, fígado, coração e articulação, assim como provocam estresse imunológico”, ressalta Rocha.

Raças pequenas exigem mais cuidados

Os cães de pequeno porte são os que têm mais chances de sofrer da doença periodontal. Leonel Rocha comenta que, normalmente, 70% deles são acometidos a partir dos cinco anos de idade.

Isso porque, proporcionalmente, raças menores têm dentes grandes. Por consequência, possuem osso e dentes com espessura mais fina, além de a dentição mais apertada, o que favorece o acúmulo de resíduos e dificulta a limpeza”, esclarece.

Essas características são desfavoráveis para autolimpeza em comparação às de cães maiores. “Em um pastor alemão, por exemplo, podemos perceber que o primeiro pré-molar superior se encaixa exatamente entre o primeiro e o segundo pré-molares inferiores, e assim é sucessivamente. Isso promove uma autolimpeza.”

Tratamento cirúrgico

A doença periodontal pode ser tratada apenas cirurgicamente. Sob anestesia geral, o animal é submetido à raspagem de eventuais raízes expostas e polimento de dentes. Em casos em que há comprometimento dos tecidos de sustentação, pode haver a extração dentária. O procedimento pode levar de uma a duas horas de duração, dependendo da gravidade.

O valor da escovação diária

A maneira mais eficiente de prevenir a doença é promover a escovação diária dos dentes dos pets. “Apenas uma vez na semana, na visita ao petshop, a higienização não tem eficácia. Da mesma forma, não adianta substituir a escovação por brinquedos e petiscos que prometem fazer a limpeza dos dentes. Eles contribuem, mas não são a principal medida”, ressalta o conselheiro do CRMV-SP, Leonel Rocha.

A limpeza diária deve se tornar um hábito desde a infância do pet, para que o animal já se acostume com a higienização e para que a prevenção ocorra desde filhote.

Outra medida fundamental é levar o pet para consulta ao médico-veterinário, quando será avaliada a necessidade de exames e de profilaxia. “Cerca de 80% dos problemas ocorrem abaixo da linha da gengiva. Por isso, é importante um exame de raio-x intra-oral, para saber como está a saúde nesta região”, diz Rocha.

 

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