•  domingo, 24 de novembro de 2024

Coronavírus: Opas defende isolamento social como melhor opção

A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse hoje (31) que a pandemia de covid-19 é grave e que os países das Américas precisam fazer tudo o que estiver ao alcance para mitigar o impacto da doença.

“O melhor momento para fazer isso é agora, antes que os hospitais e os profissionais de saúde fiquem sobrecarregados.”

O pronunciamento foi feito na Opas, em Washington, nos Estados Unidos, e foi transmitido pela internet.

“Sem evidências robustas sobre tratamentos eficazes e sem vacina, o isolamento social e outras medidas preventivas agressivas seguem sendo nossa melhor opção para a população poder evitar as consequências mais sérias da pandemia de covid-19 em nossa região”, destacou.

“Este momento exige liderança com compaixão e ousadia. Não será fácil e sabemos que estamos pedindo para que as pessoas se adaptem a uma situação extraordinária, que está impactando todas as nossas vidas. Quero ressaltar mais uma vez, essa pandemia é séria”, afirmou Etienne.

De acordo com a diretora do órgão, os países devem proteger seus profissionais da saúde como nunca antes. “Eles devem ser capacitados a se proteger da infecção e receber equipamentos de proteção individual para longo prazo. É nosso dever protegê-los, já que estarão à frente nessa batalha. Este vírus não foi detido nem será detido por fronteiras desenhadas em mapas”.

Carissa Etienne afirmou ainda que compete a cada país decidir quais são as medidas a serem tomadas, para quem e durante quanto tempo. “Pode ser o cancelamento de reuniões massivas, de negócios e escolas, de trabalhadores domésticos, medidas de isolamento obrigatórias ou voluntárias. Essas medidas podem parecer drásticas, mas são a única maneira de poder impedir que os hospitais estejam sobrecarregados com muitas pessoas doentes num período de tempo muito curto. As medidas devem ser implementadas o quanto antes”, ressaltou.

Ela defendeu ainda que é prudente que os países planifiquem medidas para os próximos dois ou três meses.

“A única maneira de sair dessa situação será se todos fizermos nossa parte. Cada um fazendo a sua enquanto apoiamos os outros. Os países devem trabalhar juntos, compartilhar recursos e conhecimentos e tomar decisões conjuntas que acelerem o acesso a serviços de saúde, além de promover inovação e investigação, e aumentar a nossa capacidade de poder enfrentar essa pandemia”, disse Etienne.

Leitos de UTI

Questionado sobre a importância da quantidade de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs), o vice-presidente da Opas, Jarbas Barbosa, afirmou que a disponibilidade de UTIS’s, CTI’s, leitos e ventiladores é uma parte muito importante da resposta na luta contra a pandemia.

“Em primeiro lugar, os países estão implementando todas as medidas de distanciamento social, cujo principal objetivo é justamente reduzir a carga que se agregará a esses serviços. É muito importante combinar duas estratégias. A primeira é tratar de deter a transmissão com todas as medidas de distanciamento social que se possam incorporar à realidade do país. E, ao mesmo tempo, preparar os serviços de saúde para que possam aumentar sua capacidade de atenção”, destacou.

“No Brasil, em especial, a taxa de unidades de cuidados intensivos e leitos por habitante se compara à dos países europeus, ou seja, o problema não é somente o número, mas sim a forma como se vai utilizar”, completou Barbosa.

Ele ressaltou ainda que os países podem adotar outras medidas, como a teleconsulta, a telemedicina, a utilização de serviços de atenção primária para a triagem, de maneira que os casos leves possam ser tratados adequadamente, com os pacientes em suas casas.

Sistemas diferentes

Carissa Etienne reforçou ainda que a região das Américas não é homogênea e que os sistemas de saúde diferem de um país a outro. “Alguns têm sistemas e serviços sanitários mais frágeis do que outros. E temos uma grande desigualdade na região. Enfrentamos muitos desafios, sobretudo na América Latina e no Caribe. Na verdade, a não ser que asseguremos a eficácia do distanciamento social, alguns dos nossos sistemas de saúde ficarão sobrecarregados. É por isso que se insiste tanto no distanciamento social”.

 

(Agência Brasil)

Ler Anterior

Senado adia votação de projeto que cria renda básica durante pandemia

Ler Próxima

Ministério abre edital para doação de computadores para teletrabalho