Coronavírus: Opas defende isolamento social como melhor opção
A diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Carissa Etienne, disse hoje (31) que a pandemia de covid-19 é grave e que os países das Américas precisam fazer tudo o que estiver ao alcance para mitigar o impacto da doença.
“O melhor momento para fazer isso é agora, antes que os hospitais e os profissionais de saúde fiquem sobrecarregados.”
O pronunciamento foi feito na Opas, em Washington, nos Estados Unidos, e foi transmitido pela internet.
“Sem evidências robustas sobre tratamentos eficazes e sem vacina, o isolamento social e outras medidas preventivas agressivas seguem sendo nossa melhor opção para a população poder evitar as consequências mais sérias da pandemia de covid-19 em nossa região”, destacou.
“Este momento exige liderança com compaixão e ousadia. Não será fácil e sabemos que estamos pedindo para que as pessoas se adaptem a uma situação extraordinária, que está impactando todas as nossas vidas. Quero ressaltar mais uma vez, essa pandemia é séria”, afirmou Etienne.
De acordo com a diretora do órgão, os países devem proteger seus profissionais da saúde como nunca antes. “Eles devem ser capacitados a se proteger da infecção e receber equipamentos de proteção individual para longo prazo. É nosso dever protegê-los, já que estarão à frente nessa batalha. Este vírus não foi detido nem será detido por fronteiras desenhadas em mapas”.
Carissa Etienne afirmou ainda que compete a cada país decidir quais são as medidas a serem tomadas, para quem e durante quanto tempo. “Pode ser o cancelamento de reuniões massivas, de negócios e escolas, de trabalhadores domésticos, medidas de isolamento obrigatórias ou voluntárias. Essas medidas podem parecer drásticas, mas são a única maneira de poder impedir que os hospitais estejam sobrecarregados com muitas pessoas doentes num período de tempo muito curto. As medidas devem ser implementadas o quanto antes”, ressaltou.
Ela defendeu ainda que é prudente que os países planifiquem medidas para os próximos dois ou três meses.
“A única maneira de sair dessa situação será se todos fizermos nossa parte. Cada um fazendo a sua enquanto apoiamos os outros. Os países devem trabalhar juntos, compartilhar recursos e conhecimentos e tomar decisões conjuntas que acelerem o acesso a serviços de saúde, além de promover inovação e investigação, e aumentar a nossa capacidade de poder enfrentar essa pandemia”, disse Etienne.
Leitos de UTI
Questionado sobre a importância da quantidade de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs), o vice-presidente da Opas, Jarbas Barbosa, afirmou que a disponibilidade de UTIS’s, CTI’s, leitos e ventiladores é uma parte muito importante da resposta na luta contra a pandemia.
“Em primeiro lugar, os países estão implementando todas as medidas de distanciamento social, cujo principal objetivo é justamente reduzir a carga que se agregará a esses serviços. É muito importante combinar duas estratégias. A primeira é tratar de deter a transmissão com todas as medidas de distanciamento social que se possam incorporar à realidade do país. E, ao mesmo tempo, preparar os serviços de saúde para que possam aumentar sua capacidade de atenção”, destacou.
“No Brasil, em especial, a taxa de unidades de cuidados intensivos e leitos por habitante se compara à dos países europeus, ou seja, o problema não é somente o número, mas sim a forma como se vai utilizar”, completou Barbosa.
Ele ressaltou ainda que os países podem adotar outras medidas, como a teleconsulta, a telemedicina, a utilização de serviços de atenção primária para a triagem, de maneira que os casos leves possam ser tratados adequadamente, com os pacientes em suas casas.
Sistemas diferentes
Carissa Etienne reforçou ainda que a região das Américas não é homogênea e que os sistemas de saúde diferem de um país a outro. “Alguns têm sistemas e serviços sanitários mais frágeis do que outros. E temos uma grande desigualdade na região. Enfrentamos muitos desafios, sobretudo na América Latina e no Caribe. Na verdade, a não ser que asseguremos a eficácia do distanciamento social, alguns dos nossos sistemas de saúde ficarão sobrecarregados. É por isso que se insiste tanto no distanciamento social”.
(Agência Brasil)