06 condutas que devem ser adotadas para auxiliar alguém que está pensando em suicídio
Nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas. A informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), indica que a prevenção é fundamental para reverter essa situação, garantindo ajuda e atenção adequadas, no entanto, quais atitudes devemos ter para auxiliar alguém que precisa de ajuda?
O Setembro Amarelo vem ganhando cada vez mais força. Criado em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha tem como proposta associar a cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).
Desde então, muito tem se esclarecido sobre o assunto. Ideias de estereótipos, por exemplo, foram desmitificadas. “O suicida não tem idade. Ele tem dor e quer acabar com este sofrimento. Ele busca uma solução e para ele o mais rápido é o suicídio”, explica Sônia Grácia Pucci Medina, Professora do curso de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Unincor.
A cada 40 segundos, uma pessoa comente suicídio no mundo. No Brasil, a taxa de suicídios para cada 100 mil habitantes aumentou em 7%. O suicídio é um fenômeno complexo, por isso, quais atitudes devemos ter para mudar essa realidade? A Professora Sônia Grácia Pucci Medina, pesquisadora e especialista no assunto, nos apresenta seis condutas
1 – Quebra de Tabus
No Brasil temos muitos assuntos que ainda são tabus e mitos, por isso, não falamos sobre aquilo que nos saltam aos olhos. Em média, são registrados 37 suicídios, diariamente, no país. É um índice muito alto para um povo considerado alegre, generoso e gentil, diferente de países onde a população vive uma situação de estresse em seu cotidiano. Para mudar essa realidade precisamos falar sobre aquilo que nos incomoda, a respeito do que está à nossa volta. Para isso, o Setembro Amarelo vem para conscientizar as pessoas, para que falem e sejam ouvidas.
2 – Escutar sem julgar
O suicida dá sinais, e a primeira atitude que devemos ter é escutar o que ele tem a dizer. Aquele que tem pensamentos suicidas procura alguém para ouvi-lo sem receber julgamentos, lição de moral ou conselhos. Deste modo, conclui-se que ele só precisa ser ouvido.
3 – Neutralidade e confiança
O suicida quer dar fim à dor que ele sente e nenhum dos processos pelo quais ele já passou foi capaz de ajudá-lo. De uma maneira geral, todos aconselham ou dão exemplos, mas isso não acaba com a dor, pelo contrário, o sentimento que está internalizado só cresce e o ato do suicídio acaba sendo a única forma que a pessoa encontra. O comportamento daquele que quer ajudar é ouvir, dar um abraço, um aperto de mão (se o suicida permitir, claro) e principalmente se manter neutro e confiável, ou seja, mostrar que nada do que foi dito será compartilhado com outras pessoas.
4 – Observar atitudes é prevenir
Prestar atenção nas atitudes é um ato de prevenção. Muitas vezes os que estão mais próximos não conseguem enxergar comportamentos extremos, porém, eles são grandes sinais de que existe uma debilidade a ser tratada. Qualquer tipo de violência contra o seu próprio corpo é um ato de atenção. Alguns exemplos já vistos em pacientes são: pessoas que comiam o próprio cabelo e depois o vomitavam; queimar-se com cigarro; cortes em diferentes partes do corpo; roer as unhas até sangrar; depilar partes visíveis do corpo como sobrancelhas, entre outros. Mas, o que fazer ao notar algum comportamento deste tipo? Ouvir, propor o CVV, terapias analíticas ou comportamentais e se colocar como um canal de confiança.
5 – Investigar excessos
Houve um caso em que o paciente tinha centenas piercings no corpo. As joias que serviriam para adornar seu corpo, se tornaram-se objetos de violência. Isso é excesso, ou seja, um comportamento que ultrapassa regras ou limites precisa ser observado. Pessoas adictas de um modo geral necessitam de atenção. Assim como alcoólatras, dependentes químicos, os verborrágicos e aqueles que possuem algum tipo de transtorno compulsivo.
6 – Mudanças no âmbito profissional
O suicida mostra através do seu comportamento que ele está triste, angustiado e insatisfeito. Podemos pensar naquele funcionário que sempre gostou do seu trabalho, sempre teve uma atitude exemplar, mas que de repente passou a faltar constantemente. Ao ser questionado, suas respostas são “não consegui me levantar”, “estou com muita dor de cabeça”, “me faltou animo”, “eu não consegui dormir”. Muito confundido com preguiça ou irresponsabilidade, os colegas de trabalho, sejam colaboradores ou chefes, não tomam uma atitude de auxílio e sim de julgamento. Neste caso, colocar-se como um canal de ajuda é imprescindível para mudar a realidade.
É preciso estar alerta para interpretar a fala do suicida e prestar ajuda. Ele quer ser ouvido e percebido. Caso você não se sinta preparado para ouvir, poderá auxiliar indicando profissionais especializados. O CVV é uma Associação Civil sem fins lucrativos, filantrópica, de Utilidade Pública Federal (desde1973) que atua no apoio emocional e na prevenção do suicídio por meio do telefone 188, chat, e-mail e de forma presencial. Para mais informações acesse: https://
Sônia Grácia Pucci Medina
Coordenadora do Curso de Pós-Graduação de Teoria Psicanalítica da Unincor. Doutora em Psicologia Social e em Psicanálise pela Universidad John Keneddy em Buenos Aires, é também Mestre em Comunicação e Estudos da Linguagem pela Universidade de Marília. Presidente da Associação Psicanalítica do Município do Rio de Janeiro, trabalha como Psicanalista Clínica, além de ser Pesquisadora da PETROBRAS na linha de estudo sobre suicídio em trabalhadores confinados em plataformas off shore. Participa anualmente, como conferencista de Seminários Internacionais de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Buenos Aires. É autora do livro “Incongruências”.