Atendimento no Centro de Valorização da Vida cresce 10% de abril a junho, durante pandemia
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, marcado para o próximo dia 10, foi inserido no calendário de saúde pela Associação Brasileira de Psiquiatria como forma de alertar as autoridades sobre esta triste realidade. São pelo menos 12 mil suicídios registrados no país todos os anos e, neste mês, declarado como Setembro Amarelo, o alerta é para os jovens e idosos, os que mais cometem suicídio no país.
Em Jundiaí, apesar de não haver números oficiais, os atendimentos no Centro de Valorização da Vida (CVV), um dos órgãos que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio em Jundiaí, de abril a julho deste ano foram atendidos 11.488 mil ligações: um aumento de 10% em comparação aos demais meses.
Em contrapartida, segundo dados da Rede de Atenção Psicossocial de Jundiaí (CAPS), de janeiro a julho deste ano foram realizados 53.748 mil atendimentos nas unidades, enquanto em 2019, no mesmo período 62.188 mil atendimentos, uma queda significativa de 13,5%, justificada pela impossibilidade da continuidade de alguns atendimentos presenciais devido ao isolamento social.
De acordo com a vice-coordenadora do CVV, Mariângela Mazzola Mendes, durante o ano todo o trabalho desenvolvido pela instituição reflete no acolhimento e na comunicação afetiva para reforçar a importância da valorização da vida. A demanda na pandemia aumentou significativamente uma vez que os canais de atendimento disponibilizados pela instituição são uma das poucas ferramentas que permitem este contato.
“Este ano tivemos que nos adaptar. As ações presenciais migraram para o on-line com a integração de vídeos educativos e explicativos divulgados nas plataformas digitais do CVV, tanto no site como no Facebook. As ações continuam neste mês em que o debate sobre e importância da valorização da vida se intensifica com a premissa de que falar é o mais importante”, explica.
O isolamento social acabou por distanciar também a possibilidade de expressar angústias e sentimentos. “A pandemia aflorou sentimentos e, por muitas vezes no isolamento social, as pessoas não têm com quem conversar, nós somos um apoio para essas emoções, que estavam adormecidas e acordaram, nós percebemos esse aumento na prática do dia a dia”, completa Mariângela.
A porta-voz e voluntária no atendimento telefônico e por e-mail do CVV Maria Bernadete Amaral Carneiro, de 60 anos, reforça que o trabalho de acolhimento e de prevenção ao suicídio desenvolvido pela instituição não substitui o atendimento médico e psicológico profissional, mas os voluntários são treinados para ouvir sem julgamento aqueles que precisam.
“É importante ressaltar que o atendimento é totalmente sigiloso, não importa o canal de comunicação que a pessoa escolha para desabafar. Ela não precisa se identificar. Seja pelo telefone, pelo site, pelo chat ou e-mail. Percebemos que o atendimento é equivalente a todas as idades, até mesmo crianças podem ligar. O chat é um meio muito procurado pelo público jovem, mas todas as idades sem restrição buscam o apoio, podemos dizer que o contato por telefone, no número 188 é o nosso carro-chefe”, diz.
Mesmo em atendimento on-line, os 35 voluntários continuam atendendo a demanda. “Quando falamos em evitar um suicídio estamos falando da preservação da vida. Uma pessoa que liga de Jundiaí pode ser atendida por qualquer voluntário a nível nacional, o sigilo é a alma do nosso trabalho, com o desabafo a pessoa consegue colocar as ideias em ordem, e no tempo dela, conseguirá encontrar uma solução para o seu problema”, reforça.
ADULTOS E CRIANÇAS
O município conta com quatro Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), sendo dois serviços para adultos, o CAPS III e CAPS II, um de serviço para crianças e adolescentes, o CAPS Infanto-juvenil e um serviço para pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas, sendo o CAPS AD III, que mantiveram algumas atividades essenciais presenciais, como consultas e acompanhamento médico, mas houve um investimento maior nos atendimentos à distância, seja no CAPS ou nas linhas de suporte emocional desenvolvidas neste período de pandemia, como o canal de atendimento 156 da Prefeitura, por exemplo.
SERVIÇO
CVV: Site: www.cvv.org.br; Telefone: 188; Facebook: página CVV
CAPS: As pessoas devem procurar a UBS ou, nos casos de maior gravidade, podem procurar o CAPS de referência para acolhimento inicial (acolhimento de 2ª. a 6ª. feira, das 08 às 17hs). Nos casos de urgência psiquiátrica, deve-se buscar os pronto-socorros do HSVP (adultos), ou HU (no caso de crianças, adolescentes ou gestantes).
FONTE: JORNAL DE JUNDIAÍ