Dogão do Amauri faz 30 anos no Centro de Cabreúva
A Praça Comendador Martins, no Centro de Cabreúva, é um dos principais cartões postais da cidade. O endereço reúne a centenária Paróquia Nossa Senhora da Piedade; o histórico coreto e, nos últimos 30 anos, o dogão do Amauri.
Pouca gente sabe, mas Amauri é o nome popular de Maurílio Rodrigues da Silva, de 65 anos. Amauri era mais fácil de lembrar que Maurílio. Filho da terra, nasceu e cresceu em um sítio, na divisa entre Cabreúva e Pirapora do Bom Jesus.
Há três décadas, ele está no mesmo lugar com seu carrinho de cachorro quente, que leva seu nome pintado à mão. É ponto de parada quase que obrigatória na praça central.
Em um dia agitado, vende 100 lanches – o dogão. Mas lembra que as vendas já foram melhores. Antes, chegava a preparar, com o auxílio da mulher, até 250 cachorros quentes.
“Mas não tenho do que reclamar, não. Fiz minha vida aqui, criei minha filha aqui. Meu sonho hoje… é continuar tendo saúde pra que eu possa continuar a andar de bicicleta”, conta.
Todos os dias é a mesma coisa: ele sai de casa, no Jardim Alice, e percorre aproximadamente um quilômetro com sua bicicleta até chegar ao trabalho. O carrinho fica guardado em um pequeno estacionamento alugado na rua ao lado.
“Nem penso em parar. Enquanto a saúde permitir, vou tocar com o carrinho. Sou feliz assim”, garante, ao tentar se lembrar de quantas vezes já apareceu na televisão – seja durante a gravação de alguma novela ou de comercial.
Certa vez, familiares de São Paulo tomaram um susto quando viram seu Amauri na novela “Amor e Ódio”, do SBT, com cenas rodadas em Cabreúva.
Dia desses, aconteceu de novo. Uma propaganda foi gravada tendo a praça como pano de fundo. Seu Amauri e seu carrinho estão na peça – não poderia ser diferente.
Antes das figurações em rede nacional, Amauri teve infância humilde e de muito trabalho na lavoura. Depois, fez um pouco de tudo, movido pela necessidade. Passou por uma firma de pisos; foi motorista de caminhão; passou oito anos em Indaiatuba em busca de uma vida melhor. Voltou à cidade e resolveu vender pipoca na saída da igreja.
“Mas todo mundo pedia cachorro quente. Aqui não tinha nada na época. Eu não sabia preparar o lanche, nunca tinha feito. Aprendi fazendo. Derrubei muita salsicha no chão até aprender a fazer direito.”
Mas Amauri sabe que o cliente sempre tem razão: tem aqueles que, acredite, preferem o dogão sem a salsicha, como uma advogada que é cliente antiga.
Além do famoso dogão, Amauri dá o tom e o som na praça. Companheiro de trabalho, um pequeno rádio com dois falantes toca o dia todo as músicas levadas em um pendrive. Modão sertanejo de altíssima qualidade.
“Gosto de música sertaneja raiz. Nada de coisa moderna, sertanejo universitário. Minha mulher não gosta, sempre reclama que o volume está alto”, deixa escapar.
Assim como os modões sertanejos, Amauri é um personagem-raiz de Cabreúva, daqueles que ajudaram a escrever e a construir a nossa história.