•  sábado, 23 de novembro de 2024

Covas descarta lockdown em SP: ‘não há espaço para discurso alarmista’

O prefeito reeleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), descartou decretar lockdown na cidade de São Paulo. “Não há espaço para discurso alarmista de que teremos novo lockdown nem de que pandemia acabou”, disse Bruno Covas (PSDB) em entrevista ao programa Em Foco com Andréia Sadi, da Globonews, nesta segunda-feira (30). A cidade registrou aumento no número de internações por Covid-19 e abriu 200 leitos na rede municipal em novembro.

Nesta segunda-feira, o governo anunciou que todo o estado regrediu para a fase amarela do plano de flexibilização. Essa fase é mais restritiva e limita mais os horários do comércio, por exemplo.

O tucano foi reeleito prefeito de São Paulo neste domingo (29), com 59,38% dos votos válidos, derrotando o candidato Guilherme Boulos (PSOL).

Nesta segunda-feira (30), o governo de São Paulo anunciou que todo o estado regrediu para a fase amarela do plano de flexibilização econômica. Sobre o anúncio feito no dia seguinte às eleições municipais, Bruno Covas disse que em “nenhum momento se pautou pelo calendário eleitoral”.

O tucano disse que um confinamento rígido não foi feito na capital paulista nem durante a pior fase da pandemia. “Muito difícil realizar um lockdown numa cidade que tem 1.772 ruas que ou de um lado é São Paulo e do outro é uma cidade da Grande São Paulo ou ela começa na cidade de São Paulo e termina em uma outra cidade. É uma cidade conturbada”.

Covas ressaltou ainda que o efetivo atual da Guarda Civil Metropolitana também não possibilitaria a realização do lockdown na cidade.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

‘Mão no fogo’ por vice

 

“Bom, fiz uma deferência a ele até porque considero injustas todas as acusações que foram feitas, quem conhece o Ricardo Nunes sabe que ele não tem nada de relação a agressão de mulheres, a problemas de creche. Enfim, quem conhece a história dele sabe que é uma pessoa dedicada, uma pessoa que veio de baixo, lá da zona sul de São Paulo, construiu patrimônio, empreendeu, foi vereador eleito, reeleito, é muito querido lá na zona sul de São Paulo. Então enfim, infelizmente ele sofreu muito essa campanha de ódio que se faz na internet. Mas é uma pessoa que vai ser um grande braço direito meu nos próximos 4 anos.”

Relação com o governo federal

 

“Claro [que irá ter diálogo], até porque entendo que o governo Bolsonaro também quer ter pontos com a prefeitura de São Paulo, a principal cidade do país. Tenho as minhas convergências partidárias, ideológicas com ele, mas a cidade quer ver um trabalho conjunto da prefeitura com o governo do estado e da prefeitura com o governo federal. Me elegi, inclusive, com este discurso. Vou procurá-lo, vou tentar estabelecer projetos em comum pra cidade de São Paulo, o eleitor espera que a gente tenha o comportamento de deixar a eleição pra ontem. Agora é o momento de construir, o momento de governador, vamos deixar o palanque eleitoral de lado e vamos focar na cidade de São Paulo. E é claro que vou buscar apoio, colaboração, junto com o governo federal”.

Aumento da tarifa

“Nós estamos analisando junto ao governo estadual, levando em consideração a inflação do período, levando em consideração essa grave crise econômica que nós temos na cidade de São Paulo, no Brasil e no mundo e até o final do ano a gente deve chegar a uma decisão junto ao governo do estado, se ela vai ter, não vai ter e quanto que ela será”.

Diversidade no secretariado

“A Prefeitura já cumpre a legislação municipal que estabelece uma cota de negros e negras ocupando cargos de confiança, eu me comprometi durante a campanha a ter negros e negras no secretariado, vou cumprir esse compromisso de campanha. A gente ainda não tem o número equivalente de homens com mulheres no secretariado, mas a gente chegou a um número que nunca teve na cidade de São Paulo de sete secretarias ocupadas por mulheres, vamos tentar ampliar isso ainda mais na próxima gestão”.

Tratamento do câncer

 

“A cada 3 semanas eu vou ao hospital receber mais uma sessão de imunoterapia. Eu estive na quarta-feira da semana passada, na última semana de campanha. Dura 30 minutos, é bem rápido. Agora deve ou nessa ou na próxima semana passar por mais uma bateria de exames. A cada 4 meses eu passo por uma bateria como essas, para poder analisar a evolução do tratamento, verificar se muda o tratamento ou se mantém, enfim, os médicos tão muito animados. Dois dos três tumores já regrediram ao máximo”.

Pandemia em São Paulo

Após a entrevista para a GloboNews, Covas falou ao SP1 sobre outros assuntos, mas principalmente a pandemia, volta às aulas Confira os principais trechos:

Qual é a capacidade que a cidade tem hoje de aumentar a capacidade de leitos na cidade. Os hospitais de campanha foram desativados. Não foi precoce a desativação deles?

Não, porque enquanto os hospitais de campanha estavam funcionando, nós corremos para entregar oito novos hospitais. O oitavo fica pronto agora em dezembro, o Hospital Brigadeiro Luís Antônio. Nós temos mais mil leitos na cidade de São Paulo que foram acrescentados aos 517 que já existiam, temos espaço para mais 200 que foram descredenciados para Covid e podem voltar a ser credenciados para Covid e temos a possibilidade de voltar a conveniar com a rede privada da mesma foram que fizemos no momento mais difícil da pandemia e poder comprar esses leitos.

Aqui na cidade chegamos a ter 92% de ocupação de leitos e não tivemos de passar pela situação do médico precisar escolher quem era ou não entubado. O que nós temos de rede instalada e de forma permanente na cidade nos dão tranquilidade que mais uma vez ninguém vai ficar sem atendimento na cidade de São Paulo.

Temos visto manifestações de médicos no sentido de que, se bem adequadas, as escolas são ambientes seguros para que as crianças voltem para as aulas e inclusive a conclusão de que as crianças não são super disseminadoras da doença como se acreditava no início da pandemia. Como estão os planos do senhor para a readequação das escolas e para a volta das crianças às aulas presenciais?

Na última coletiva da Prefeitura, como nós avaliamos que há uma estabilidade da pandemia, não houve involução e nem uma evolução, nós entendemos melhor não ampliar a flexibilização e não liberamos o Ensino Fundamental. Estamos aguardando melhorar o quadro da pandemia na cidade de São Paulo para poder avançar no Ensino Fundamental.

Agora não adianta a gente querer trazer para a cidade de São Paulo ações que foram realizadas mundo afora em cidades que tiveram de inclusive ter de voltar a decretar lockdown. Nós temos tomado as ações baseados em números produzidos pela vigilância sanitária que mostram que na cidade de São Paulo, 1/3 da população é assintomática, mas quando a gente pega a faixa de 4 a 14 anos, praticamente 2/3 é assintomático, o que dificulta muito mais o controle.

Não vai ser uma simples medição de temperatura que vai impedir que uma criança com Covid possa ir para dentro da escola, contaminar seus colegas, os professores e depois essas crianças contaminarem dentro de casa.

Não vai ser uma simples medição de temperatura que vai impedir uma criança de ir para a escola; 30% das crianças da cidade São Paulo moram com pessoas com mais de 60 anos, que é o grupo de maior vulnerabilidade da doença. Então os dados aqui da cidade de São Paulo que estão norteando a vigilância sanitária.

A gente sempre tratou e sempre vai tratar a questão da educação não como uma ação e um grupo econômico, mas como uma questão à parte a ser enfrentada. E é claro, eu como pai gostaria muito que as aulas voltassem, mas como prefeito e responsável pela saúde de 12,5 milhões de pessoas, só vou determinar e autorizar quando a vigilância sanitária, a área da saúde, a ciência aqui do município disser que é o momento apropriado.

No discurso da vitória você enfatizou a questão de emprego três vezes. Sabemos que essa questão está muito associada à uma conjuntura econômica nacional. Como o prefeito pode fazer para atenuar, a minimizar o desemprego na cidade?

É claro que o prefeito não tem à sua disposição questões macroeconômicas como mudar a taxa de câmbio, a inflação, emitir moedas… Você não tem algumas variáveis macroeconômicas que o presidente tem à sua disposição.

Mas em primeiro lugar: mais ações de inclusão. Já enviamos ao orçamento que está sendo debatido na Câmara Municipal de 2021, um aumento no gasto com mais ações de bolsa-trabalho, mais ações de qualificação profissional e em segundo ponto, continuar a investir com recursos da Prefeitura.

Nós tivemos nesse ano de 2020 o maior valor de investimento dos últimos 8 anos. É o mesmo valor que está no orçamento do ano que vem, R$ 4,5 bilhões. Cada bilhão de reais significa mais 28 mil empregos que são gerados na cidade de São Paulo. E continuar a focar no que a grande estratégia competitiva da cidade de São Paulo que é a economia criativa.

Nós vamos criar 10 distritos de economia criativa com isenções tributárias para quem se estabelecer nesses locais, fomentando startups, a cultura, o esporte, o lazer, o turismo, que é grande forma inclusive de gerar emprego e renda para o jovem de periferia. É essa população que sofre ainda mais com a crise. Porque se a gente bate aí 14, 15% de desemprego, esse número é mais do que o dobro quando a gente faz um recorte e olha o jovem de periferia.

Votos totais do 2º turno

  • Bruno Covas (PSDB): 59,38% (3.169.121 votos)
  • Guilherme Boulos: 40,62% (2.168.109 votos)
  • Brancos: 4,39% (273.216)
  • Nulos: 9,76% (607.062)

 

A vitória tucana ocorreu em meio a maior abstenção da história da cidade de São Paulo: mais de 30% dos eleitores (2.769.179) não compareceram às urnas neste domingo.

O tucano foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba onze partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS). O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno, mas não elegeu vereadores suficientes para formar maioria na Câmara Municipal (foram 25 das 55 cadeiras).

G1

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