•  domingo, 24 de novembro de 2024

Policial de SP cria projeto para prevenir crimes contra a mulher

A cada quatro minutos, uma mulher é agredida por homens no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado, foram registrados mais de 145 mil casos de violência em que as vítimas sobreviveram. Os registros de feminicídios e de violência sexual crescem todos os anos. Em 2017, 4.396 foram assassinadas, enquanto os estupros e abusos sexuais cresceram 53% nos últimos anos. Os números, ainda subnotificados, indicam que o Brasil vive uma epidemia de violência contra a mulher.

Medidas de prevenção a crimes e de tratamento de agressores são urgentes para mudar essa realidade. E foi esse cenário que motivou o Tenente da Polícia Militar de São Paulo, Henrique Velozo, a desenvolver um projeto voltado à Prevenção de Crimes contra as Mulheres. Especialista em Proteção de Gênero e Violência Doméstica contra a Mulher pela Escola Paulista da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo, o PM idealizou um programa para ensinar não só técnicas de defesa pessoal, mas também noções jurídicas para ajudar no fortalecimento da autoestima e autoconfiança das mulheres.

Para as aulas, que incluem dinâmicas de inteligência emocional e neurolinguística, o projeto contará com a participação de uma psicóloga e duas tenentes da Polícia Militar. O programa, desenvolvido em parceria com a Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar (Defenda PM), acontece em quatro encontros presenciais, com duração de oito horas cada, na Escola de Educação Física da Polícia Militar.

O tenente Velozo explica que não há um público definido, qualquer mulher pode se inscrever gratuitamente. A única exigência é que ela tenha disponibilidade para acompanhar todas as reuniões. “O objetivo é dar a elas instrumentos eficazes de defesa pessoal e inteligência emocional. Acredito que a prevenção do crime e fortalecimento da autoconfiança passam pelo necessário acesso à informação”, analisa.

O oficial explica que, durante as aulas, as mulheres aprenderão técnicas com valor agregado de autodefesa, construção e melhoria de autoestima e aspectos jurídicos. “A ideia é que as participantes conheçam técnicas capazes de evitar o crime. O foco é a prevenção primária, não queremos motivar o enfrentamento, mas preparar a neutralização de um possível ataque”, explica.

O Coronel Fábio Rogério Cândido, vice-presidente da Defenda PM e comandante da Escola de Educação Física da Polícia Militar, diz que “um dos objetivos da associação é colaborar com os poderes constituídos, como órgão técnico e consultivo, no estudo e solução de problemas que se relacionem com a Segurança Pública, a Polícia Militar e seus integrantes, bem como no desenvolvimento da Justiça e da solidariedade social”.

Na primeira edição do curso foram disponibilizadas 20 vagas e a intenção é desenvolver várias edições, para contemplar o maior número possível de mulheres. “O projeto está só no começo, a ideia é levar para várias regiões do Estado, com o apoio da Polícia Militar, e formar multiplicadores dos conhecimentos ensinados, permitindo que um contingente cada vez maior de mulheres tenha acesso a técnicas de defesa”, completa o especialista.

 

 

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