•  sábado, 23 de novembro de 2024

Mulher presa por morte de ex é condenada a pagar ao filho indenização de até R$ 3 milhões

Justiça de São Paulo condenou uma mulher, presa pela morte do ex-marido (diretor de um importante frigorífico brasileiro) em 2008, a pagar indenização por danos morais e materiais, que pode chegar a R$ 3 milhões, ao filho do casal. Cabe recurso.

Giselma Carmem Campos Carneiro Magalhães foi obrigada a indenizar Carlos Alberto Campos Magalhães, o Cadu, em R$ 500 mil por danos morais. Segundo a decisão judicial, a mãe levou a polícia a suspeitar do envolvimento do filho no assassinato do pai, o diretor-executivo da Friboi Humberto Magalhães.

Ainda de acordo com a juíza Andrea de Abreu e Braga, da 10ª Vara Cível do Fórum Central Cível da capital, Giselma terá de pagar a Cadu indenização por danos materiais, em valor a ser calculado, baseado nos salários do empresário. No entendimento da magistrada, a mãe tirou do filho o pai, que lhe dava sustento financeiro, quando mandou mata-lo. Cadu tinha 17 anos à época e teria direito a receber ajuda do pai até seus 24 anos.

Cadu tem atualmente 28 anos, dá aulas de inglês e mora num apartamento no Centro da cidade. O pedido de indenização foi feito pelo advogado dele, Renato Ferri Soares Pinto. O valor sugerido da ação é de R$ 3.143.555,02.

“A sentença fixou critérios de correção monetária e juros legais dos quais discordamos. Ainda vamos estudar se recorreremos de tal fato”, disse Renato. “De todo o modo, a indenização deve superar R$ 1,5 milhão, mesmo na pior das hipóteses para o autor”.

De acordo com o advogado de Cadu, a indenização teria de ser R$5 milhões, levando-se em conta correção e juros calculados por ele.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Giselma para comentar o assunto.

Irmãos condenados

A sentença da Justiça que determinou a mãe a indenizar o filho é de 25 de outubro deste ano, quase dez anos após o crime.

Humberto tinha 43 anos quando foi morto a tiros por um motociclista na noite de 4 de dezembro de 2008, numa rua da Vila Leopoldina, perto da mansão onde morava com a família, num condomínio de luxo.

Em 2013, Giselma foi condenada a 22 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do executivo. Ela sempre negou o crime. O irmão dela, Kairon Valter Alves, recebeu pena de 21 anos acusado de participar do homicídio. Ele confessou que a irmã queria matar o ex-marido.

Acusação

Segundo o Ministério Público (MP), os dois irmãos planejaram e contrataram pistoleiros para executar a vítima.

De acordo com a acusação, apesar de morarem na mesma casa, Giselma e Humberto não estavam mais casados. Ela, no entanto, seria contra assinar o divórcio e tinha ciúmes das outras mulheres com as quais o ex-marido se relacionava.

Ainda segundo a acusação, Giselma pagou R$ 30 mil a Kairon, que saiu da prisão após 18 anos preso por tráfico de drogas. A missão dele seria procurar quem mataria o executivo, pois assim a irmã ficaria com a fortuna de Humberto com a morte dele.

O motociclista Paulo dos Santos, apontado como o atirador, e o seu contratante Osmar Gonzaga Lima foram condenados em 2011 a 20 anos de prisão cada um pelo assassinato.

Telefone do filho

A Promotoria acusou Giselma de pegar o celular de Cadu e entrega-lo a Kairon. Com o aparelho, o homem telefonou para Humberto, fingindo ser outra pessoa e dizendo que o filho do empresário estava passando mal e precisava de ajuda.

O criminoso passou então o endereço onde os executores estavam. Humberto saiu de casa com seu carro e foi até o local, mas ao invés do filho encontrou seu executor, que deu dois tiros nele e fugiu.

Pensão de viúva

Mesmo presa desde 2016, Giselma, atualmente com 55 anos, continua recebendo uma pensão mensal de R$ 6 mil por causa da morte de Humberto.

Como viúva, ela tem direito legal à metade do patrimônio deixado pelo executivo: cinco fazendas de gado em Goiás. O casamento foi em comunhão universal de bens. Parte dela não é herança.

“O que eu queria de verdade era ter o meu pai ainda aqui, mas dentro do que aconteceu essa sentença é muito importante para mim”, disse Cadu. “E acho que pode ser para outras pessoas porque representa uma consequência grave contra abusos, nem mesmo uma genitora tem o direito de fazer o que ela fez”.

G1

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