•  sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Só o amor não basta

A frase pode ser um tapa na cara, especialmente para quem está apaixonado e vivendo o que chamamos de um grande amor. Mas, para a Orientadora Emocional Camilla Couto, a realidade é que aquilo que chamamos de amor não basta para uma relação ser saudável e seguir adiante. Ela explica por quê.

Fonte: Blog das Amarildas

Segundo Camilla Couto, Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em relacionamentos, só o amor não basta para manter uma relação. “Eu sei que, na nossa fantasia, entendemos que nos apaixonar e “amar” o outro seja suficiente, mas, na verdade, não é. A questão é que temos uma visão distorcida do amor. Muitas vezes, sem nos darmos conta, acabamos confundido amor com carência, apego, medo de não encontrar alguém “para chamar de nosso”, explica Camilla.

“Pense comigo… quantas vezes dizemos que amamos, mas fazemos de tudo para mudar a pessoa? Quantas vezes dizemos que amamos, mas não damos o nosso melhor para que a relação dê certo? Ou, quantas vezes dizemos que amamos, mas nossas atitudes se mostram egoístas e autocentradas? Relacionamento de casal é dia a dia, é ter sonhos e projetos em comum, é ser leal, mais do que ser fiel, até. Amar de verdade é aceitar o outro como ele é, é ser parceiro, mesmo, até debaixo de chuva. É respeitar o timing do outro e saber que vai demandar alguma dedicação”, enfatiza ela.

Camilla segue: “por isso, eu digo que, para que uma relação dê certo, seja saudável e dure no tempo, ela precisa ser reconstruída constantemente. É preciso uma dose de entrega a mais do que simplesmente física, é preciso uma entrega profunda e pessoal, sendo quem realmente somos (sem bloqueios ou disfarces) e reconhecendo no outro quem ele é verdadeiramente”.

E olhar para o outro significa olhar para nós mesmos – quando nos vemos, reconhecemos e aceitamos, com nossas virtudes e nossos erros, fica mais fácil fazer o mesmo com o outro. “Seu parceiro ou parceira, provavelmente, não é exatamente do jeitinho que você sonhou. E jamais será uma pessoa perfeita. Aliás, você provavelmente já me viu repetindo aos quatro cantos que relações perfeitas não existem, certo?”, lembra a especialista.

Camilla lembra que, como diz o clichê, errar é humano. “E como querer que nossos relacionamentos sejam perfeitos, se cometemos erros o tempo todo? É através dos nossos erros e deslizes que aprendemos, eles são nosso mecanismo de evolução, inclusive nas relações. Entender isso evita um bocado de dor de cabeça, pode ter certeza”, revela.

É fácil? Para Camilla, definitivamente não: “se temos barreiras para reconhecer a nós mesmos, para entender que somos humanos e que, por isso mesmo, somos imperfeitos, imagine para aceitar isso no outro”. No entanto, ela enfatiza: “não estou dizendo que temos que aceitar qualquer tipo de comportamento fora do padrão, viver relações tóxicas ou abusivas simplesmente porque o erro faz parte da vida. É aqui que entram os limites. Temos que ter clareza dos nossos limites – daquilo que é (ou não) aceitável para nós, em uma relação e no outro. Então, é responsabilidade nossa expô-los, de forma amorosa, para que não haja abusos ou situações que nos provoquem sofrimento desnecessário”, explica.

Camilla finaliza dizendo que o aprendizado não precisa vir da dor: “ele pode, e deve, vir do amor. Mas o amor idealizado, esse que a gente fala da boca para fora o tempo todo, certamente não basta para construir uma relação. É preciso estar inteiro, é preciso olhar para ambos para enxergar o que está em sincronicidade e o que precisa ser mudado. É preciso ser honesto, primeiro consigo, e exigir honestidade, também”.

Só assim é possível se entregar verdadeiramente, só assim é possível confiar, é possível construir algo juntos de verdade. Mas exige algo mais do que amar, simplesmente. Só o amor não basta. É necessário inteireza, sincronicidade, transparência, honestidade, dedicação, paciência. Segundo Camilla, é preciso entender que as relações são palco de aprendizados, que vêm e vão, e nos tornam seres humanos melhores e mais preparados para a vida.

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