Será que o mundo se reinventa após a Covid-19?
Para a especialista Tathiane Deândhela, tudo voltará ao normal, menos as pessoas
Muito se fala sobre o ócio criativo. Parece que a cobrança para ser mais produtivo, para fazer coisas diferentes e aprender habilidades novas aumentou nos últimos tempos, mas nem todo mundo está conseguindo acompanhar a mudança. Porém, a fase de isolamento está sendo uma ótima oportunidade para as pessoas refletirem sobre o que realmente querem e, em muitos casos, sendo obrigadas a se reinventar, descobrindo habilidades até então adormecidas.
“Tem muita gente revendo a rotina, repensando no modo de vida, mas não por opção. O isolamento está obrigando essa reflexão, e é neste momento que entra muito da inteligência emocional, que faz com que o indivíduo consiga avaliar o contexto, traçar novas estratégias, partir para a ação e se transformar, mantendo a positividade em relação ao que está por vir. Tenho muitos alunos escrevendo livros, colocando em prática projetos adormecidos por falta de tempo, mudando completamente de carreira e se reinventando com resultados muito mais satisfatórios do que antes da pandemia. É o novo se apresentando de forma clara, para àqueles que não tem medo do novo”, conta Tathiane Deândhela, palestrante internacional e especialista em produtividade, marketing, negociação e liderança com formação em universidades como FGV, Harvard, Atlanta e Ohio.
Em meio a essas mudanças comportamentais, é preciso ter criatividade e mente aberta para soluções fora do convencional, como uma academia que está fechada, por exemplo, e resolveu alugar seus equipamentos para que os alunos consigam praticar em casa, além dos treinos passados online. “Estamos na era da reinvenção e da transformação. O momento nos convida a sair da zona de conforto, desapegar daquilo que já não faz mais sentido, mudar a forma de pensar e agir, adaptar as novidades e mudanças que a vida está nos oferecendo e usar a criatividade. Como diz Paul Smith, que é um estilista inglês, você pode encontrar inspiração em qualquer lugar, se não enxergou, olhe de novo”, afirma Deândhela.
Outro exemplo é a Quinta do Olivardo, restaurante de São Roque, interior de São Paulo, que trouxe parte de seus funcionários para a Capital e montou um delivery. “É uma forma de manter o negócio funcionando e reforçar a marca com os clientes. Quem ainda não visitou o restaurante na cidade do interior e resolve experimentar o delivery em São Paulo, pode se tornar um frequentador quando tudo voltar ao normal”, comenta Deândhela.
Suellen Kessamiguiemon, diarista e criadora do Diário da Diarista, também é um case de sucesso para uma das classes de trabalhadores mais afetada. Ela montou grupos de consultoria e um curso de limpeza e organização com o objetivo de ensinar para as patroas o dia a dia da faxina. “Um outro exemplo é de um aluno meu que também resolveu aproveitar o isolamento e se lançar no mundo das palestras. Está fazendo sucesso transmitindo seu conhecimento para funcionários de empresas que estão investindo em treinamento e melhorias no time, tudo remotamente”, conta a especialista.
Para Deândhela, as pessoas voltarão a rotina quando tudo isso passar, mas as mudanças de comportamento e visão do negócio e do próprio potencial, a disponibilidade de enxergar alternativas e se reinventar é um caminho sem volta. “Quem experimenta essa liberdade de poder se transformar, de aceitar ideias novas e apostar em soluções fora do convencional, não consegue mais voltar ao que era antes e isso é ótimo!”, aposta.