•  sábado, 23 de novembro de 2024

O que precisamos aprender com essa pandemia

Nesse momento de crise, é preciso parar de pensar no lucro e ter solidariedade

As medidas de quarentena recomendadas pela Organização Mundial da Saúde e que estão sendo adotadas pela maioria dos países, por conta da pandemia da Covid-19, fez com que a muitas pessoas tivessem que mudar sua rotina de vida e de trabalho. Algumas pessoas, inclusive, têm que administrar uma nova demanda: o home office ou home work: como continuar trabalhando, mas, agora, dentro de casa? Com as tarefas domésticas, os filhos, às vezes mãe e pai ou mesmo avós?
Diante disso, precisamos fazer uma análise sobre o que esses acontecimentos geraram na vida das pessoas, tanto a nível pessoal, quanto profissional. “O que estamos aprendendo com tudo isso? Quais são as descobertas que estamos fazendo quando a gente tem que voltar até por obrigação, por imposição ao universo de família? O que temos que aprender sobre relações humanas dentro das nossas casas e dentro das nossas famílias? Nós reclamamos tanto de falta de tempo para com os nossos filhos, para com a nossa casa, os nossos afazeres e agora nós temos todo tempo do mundo e estamos sofrendo porque não sabemos o que fazer com ele”, conta Sirley Maciel – palestrante, analista comportamental, terapeuta, Master Coach e especialista em oratória.
“Outro dilema, para muitos, é acreditar que precisam (e podem) voltar ao que era antes, até para fugir das reformas que elas precisam fazer delas mesmo”, pondera Sirley. Essa reforma, precisamos começar dentro de cada um de nós, para nos transformarmos. O que vamos fazer com tudo isso que estamos vivendo? “Essas são questões fundamentais que eu tenho que responder quando voltar para mim, para a minha primeira, verdadeira e única casa, que sou eu, meu corpo, minha mente, meu espírito”, afirma a professora Sirley. “E depois, tenho que voltar-me para minha segunda casa, que é a casa onde eu moro, com meus familiares, com as pessoas que eu amo, mas que eu não estou agora sabendo lidar”, complementa Sirley. É tanto tempo junto que até criamos confusão, porque nós não aprendemos relações interpessoais para praticarmos com a família, com o filho ou marido, e não aprendemos também a lidar com a ausência, por que, agora, nós não podemos entrar em contato com as pessoas que amamos e ficar com elas, estar com elas, abraçar elas. Então, nós aprendemos a lidar com as relações interpessoais de uma forma profissional, mas, nunca tivemos a coragem, a necessidade e até a visão de que as relações humanas e as relações interpessoais também estão presente nas famílias, dentro desse universo micro que nós vivemos. E a terceira casa é a sociedade, o planeta: como as pessoas desse planeta estão se relacionando umas com as outras. “Quanta bobagem está sendo dita, de falta de solidariedade, de falta de compreensão, de falta de ética com outro! Quer dizer: eu prefiro que o outro volte a trabalhar, se coloque em risco de contaminação, em vez de deixar ele em casa, cuidando da sua vida e da vida das pessoas que o amam”, destaca Sirley.
A referência que está aparecendo cada dia mais forte é no ter em detrimento do ser; quando eu estou preocupado com a minha empresa, com o meu lucro, com o dinheiro que não está entrando, eu estou fazendo a opção pelo lucro, pelo dinheiro.
Agora é o momento perfeito para prestar atenção aos que antes estavam invisíveis: as pessoas, que acordam cedo e pegam ônibus, trem ou metrô lotados para cumprir com suas responsabilidades; os vizinhos de rua ou apartamento; os profissionais de saúde, da limpeza e coleta de lixo; aos professores, etc. Hoje é possível dizer quem realmente faz a diferença na sociedade.
“Não existe economia forte sem pessoas saudáveis. Podemos ver empresas e grandes lojas fechadas, assim como pequenas e médias, mas, sem funcionários e consumidores para fazê-las funcionar”, afirma Sirley. E arremata: “É hora de nos preocuparmos com o que realmente importa nesse momento – como vamos nos cuidar e cuidar de quem nós amamos, nos é próximo, ou mais vulnerável – e nos prepararmos para o retorno. Porque, tudo isso vai passar. Porém, não tem como voltarmos ao que éramos antes”.

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