Morador do bairro do Imirim, na Zona Norte da cidade de São Paulo, o autônomo José Alexandre da Silva ficou preso embaixo de móveis da cozinha após ter sua casa alagada na tarde desta terça-feira (20). Ele foi socorrido e resgatado por parentes. Além da nora, ele afirma que também recebeu ajuda do animal de estimação.
“Ela agiu rápido, refletiu bem, me ajudou. E meu cachorro também me ajudou. Ele veio para cima de mim, me mordeu, me puxou e ajudou também”, conta.
José conta que estava na sala quando a chuva derrubou o muro do imóvel e invadiu os cômodos. Ele foi arrastado pela força da água.
“Quase me afoguei, foi arrepiante, foi medo, medo da violência que a água entrou. Ela entrou com uma violência tão grande”, recorda.
O filho de José, Maurício Silva, reside no imóvel junto com a esposa e o pai. Ele afirma que tudo que estava no andar de baixo do sobrado foi perdido. O nível da água chegou a quase um 1,7 metro de altura.
No mesmo bairro, na manhã desta quarta-feira (21), moradores de prédios e casas que também ficaram alagadas tentavam tirar a água e contabilizar o prejuízo.
Estragos
A chuva forte que caiu na cidade de São Paulo na tarde desta terça-feira (20) provocou alagamentos em diversas regiões pelo segundo dia seguido.
A cidade registrou o pico de 216 quilômetros de lentidão às 16h30, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
O Corpo de Bombeiros de São Paulo recebeu ao todo 42 chamados para enchentes, a maioria na Zona Norte, além de 21 ocorrências de queda de árvores e três desabamentos. De acordo com o capitão André Elias, porta-voz dos Bombeiros, nenhuma das ocorrências envolveu vítimas.
De acordo com o CGE, a capital registrou 18 pontos de alagamentos durante a tarde. O instituto registrou o transbordamento de três córregos: o do Mandaqui, na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, na Zona Norte; o Ipiranga, na Zona Sul; e o Saracura, na altura do número 200 na Avenida 9 de Julho, também na Zona Sul.
A medição do Instituto Nacional de Meteorologia (InMet) aponta que a capital paulista registrou 35,4 milímetros em duas horas de chuva. O índice equivale a quase 30% dos 126,6 milímetros esperados para o mês de outubro.
Por causa da chuva forte, a capital paulista entrou em estado de atenção por volta das 14h10, com pancadas fortes de chuva principalmente nas zonas Norte, Sul e Oeste. O estado de atenção em toda a cidade terminou 17h20, após o fim das chuvas, segundo o CGE.
A Zona Norte foi a mais afetada. Vários carros forram arrastados pela chuva ou ficaram submersos em bairros da região.
No bairro do Imirim, diversos veículos que estavam em um lava-rápido foram arrastados para um córrego na rua Manoel de Oliveira Pessoa Júnior – após o fim do temporal, eles ficaram empilhados.
Na Brasilândia, o muro do recém-inaugurado Hospital da Brasilândia também desabou parcialmente com a chuva, mas o atendimento aos pacientes não foi afetado, segundo a secretaria municipal de Saúde.
Também na Zona Norte, a enxurrada invadiu um dos acessos à estação Santana da Linha 1-Azul do Metrô. O CGE verificou ainda ventos de 87km/h no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
Segundo a CET, a lentidão nas vias da cidade por causa dos alagamentos tinha caído para 149 quilômetros às 18h.
Por causa do transbordamento do córrego do Mandaqui, na Zona Norte, a Avenida Engenheiro Caetano Álvares foi coberta pela água e a enchente invadiu o estacionamento de uma concessionária de carros no número 3.500, encobrindo pelo menos 20 veículos.
Nesta segunda-feira (19), um temporal causou alagamentos, queda de árvores e um nó no trânsito na Grande São Paulo. Rajadas de vento de até 46 quilômetros por hora foram registradas na capital. A chuva mais volumosa ocorreu na região na Zona Norte.
Com a queda de árvores, diversos bairros da capital ficaram sem luz. Segundo a Enel, as regiões mais atingidas pelas chuvas e pela queda de energia foram os bairros de Tremembé e Santana, na Zona Norte, e Vila Prudente, na Zona Leste.