Instituto Agronômico faz recomendações para citricultores no inverno
No Brasil, o outono é caracterizado pela falta de chuva, que se estende até o fim do inverno no estado de São Paulo. Essa condição exige que os produtores de citros tenham mais atenção com os pomares neste período do ano.
O Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, completou 133 anos em 27 de junho e a citricultura paulista tem sua estrutura baseada nos resultados de trabalhos da entidade. Os profissionais do instituto alertam que a estiagem nos pomares paulistas pode causar estresse hídrico nas plantas e, nesse caso, são necessários cuidados com a manutenção das frutas nas plantas, principalmente para as variedades de maturação precoce à meia-estação, que estão maduras justamente nessa época do ano.
Orientações
O estresse causado pelo déficit hídrico e pelo frio é necessário para que os citros floresçam abundantemente, a partir de setembro. Por isso, o citricultor só deve irrigar suplementarmente seus pomares, no inverno, em casos extremos de seca, evitando a queda das frutas.
Nesse período, diversas variedades de citros estão em fase de colheita. Nos meses de maio e junho, destaca-se o final da colheita das laranjas precoces, como Hamlin, Westin, Rubi e outras. Também nesses dois meses, tem-se o início da colheita de laranjas de maturação de meia-estação, com destaque para a pera.
“Entre as tangerinas, estamos em plena colheita da tangerina Ponkan, frutas que estão, no momento, em grande disponibilidade aos consumidores, por isso, além dos cuidados com a manutenção das frutas nas plantas, os citricultores devem seguir as recomendações técnicas de colheita para cada espécie”, diz Fernando Alves de Azevedo, pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Na citricultura paulista, a colheita é feita manualmente, dependendo exclusivamente de mão de obra especializada, que muitas vezes vem de outros estados, principalmente da região Nordeste do país. Neste ano, em decorrência da pandemia de COVID-19, o setor está apreensivo com a colheita. Para evitar atrasos, estão sendo feitas adequações, especialmente em relação à segurança dos colhedores, para não comprometer o abastecimento, principalmente das indústrias.
Segundo Azevedo, para uma colheita eficiente, o citricultor deve se ater aos procedimentos adequados para cada espécie. Ele relata que os frutos destinados à indústria são acondicionados em caixas ou sacolas de 27 kg, sem muitos cuidados que evitem o amassamento dos frutos. Já para o consumo in natura, a cautela é maior. “Quando se colhe uma tangerina para mesa, devem ser utilizadas tesouras, cortando o pedúnculo individualmente, o mais curto possível, para uma fruta não machucar a outra”, explica.
Colheita
Os trabalhadores acondicionam as tangerinas em sacolas ou caixas, evitando exceder 20 kg de frutas. “Na citricultura de mesa há maior cuidado durante a colheita para não amassar os frutos e também o uso de caixas e sacolas menores para guardá-los, de modo a facilitar a seleção por tamanho e cor”, diz o pesquisador do IAC.
Para evitar contaminações das frutas por pragas e doenças, outra recomendação é não deixar as frutas no solo. Após a colheita, o encaminhamento para a packing house ou a indústria deve ser feito o mais breve possível e as frutas devem permanecer sempre na sombra.
“As frutas cítricas têm uma boa vida de prateleira, entre a colheita e o envio para as gôndolas dos mercados correm cerca de quatro a cinco dias e elas ainda podem ser consumidas com qualidade por até 3 ou 4 semanas após a colheita”, conta Fernando Azevedo.
De acordo com o pesquisador do IAC, há projetos para viabilizar a mecanização da colheita na cultura, porém ainda são apenas protótipos. “Fora do país, principalmente na Flórida, é mais comum colherem laranjas para a indústria de forma mecanizada”, afirma.
Cotidiano
O Instituto Agronômico celebra 133 anos com a certeza de estar presente no cotidiano dos brasileiros. Uma olhada ao redor constatará produtos resultados de pesquisas do IAC. O cafezinho, o suco, o açúcar, o pão, o bolo e as frutas que possam estar no despertar do dia vieram do campo. No almoço, arroz, feijão, óleo, hortaliças e ervas que temperam as receitas também têm origem nas lavouras, o que se repete no jantar e nos lanchinhos.
Vêm do campo também o leite, a manteiga, o queijo e a carne, lembrando que os animais que originam a matéria-prima desses produtos são alimentados à base de milho, soja e forrageiras. No chocolate tem o cacau. Nas roupas, o algodão. No carro, o etanol e nos pneus, a borracha das seringueiras. Os produtos agrícolas estão nas matérias-primas de muitos produtos indispensáveis para diversas atividades.
Nesses itens estão presentes tecnologias geradas pelo Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, que desde 1887 mantém atuação ininterrupta. Sediado em Campinas, o IAC gera tecnologias que dão suporte às agriculturas paulista e brasileira.
“Comemoramos os 133 anos desse instituto, que em mais de um século traz benefícios à agricultura brasileira, que serviu e serve de modelo para o funcionamento da pesquisa agrícola em todo o Brasil”, enfatiza Marcos Antônio Machado, diretor-geral do IAC.
Resultados
Entre os resultados estão 1.103 cultivares de 100 espécies, além de pacotes tecnológicos que envolvem desde o plantio à pós-colheita, incluindo estudos de solo, clima, praga, doenças e segurança e eficiência no controle químico.
A ciência agronômica gera tecnologias que contribuem para elevar a produtividade das lavouras e a qualidade dos produtos, com redução de custo de produção e de impacto ambiental. A cada novo resultado do IAC o setor agrícola passa a contar com tecnologias que atendem de forma mais completa às necessidades da agroindústria e às exigências dos consumidores. “O IAC desempenha um papel extremamente relevante para a agricultura brasileira e é um patrimônio paulista e nacional”, diz Machado.
“O Instituto Agronômico completa 133 anos de uma existência rica e uma história magnífica. Parabéns aos seus funcionários”, cumprimenta Antonio Batista Filho, coordenador da APTA, em vídeo no site do IAC que celebra o aniversário do instituto.
“Através de pesquisas e pacotes tecnológicos que desenvolve, o IAC agrega valor à agricultura brasileira, fazendo com que ela seja cada vez mais embasada em ciência, tecnologia e inovação”, ressalta Luiz Davidovich, presidente da Associação Brasileira de Ciências, também em no site do Instituto Agronômico que celebra o aniversário do entidade.
O instituto é referência em melhoramento genético convencional de plantas agrícolas, ao mesmo tempo em que participa de programas de pesquisa de genoma, transgenia e cisgenia, em parceria com redes nacionais e internacionais.