“Ela disse para os funcionários que não acreditava no coronavírus. Nós estávamos mexendo no celular e não demos bola. Mas ela passou a falar mal das universidades federais e foi se aproximando de nós”, diz Guilherme, de 23 anos, que faz faculdade de administração de empresas.
Em seguida, a mulher começou a falar que as faculdades federais eram responsáveis por doutrinar os estudantes e a proferir uma série de críticas contra a comunidade LGBT.
“Ela disse que tinha virado moda ser gay e continuou com as agressões. Meu namorado a questionou sobre fato de ela ter algo contra os homossexuais e a alertou que era crime”, conta Guilherme.
Ao perceber que a mulher estava se exaltando e se aproximando, o casal decidiu pegar o celular e gravar a situação, segundo eles, com o objetivo de ter provas caso fosse vítima de agressões físicas.
“Eu entrei no meio e pedi para ela guardar as opiniões para ela. Tentei fazer isso da forma mais educada que consegui. Ela chegou a pegar no meu braço. Não dá para ver pelo vídeo, mas eu pensei que ela fosse me agredir”, relembra Guilherme.
Um dos funcionários entrou no meio da discussão e tentou impedir as agressões verbais. A mulher, então, se afastou do casal, mas continuou com as ofensas do outro lado da clínica veterinária.
“Ela ameaçou a gente e pediu para irmos para fora. Em seguida, disse que estava escrito na Bíblia que nós seriamos queimados, que Jesus estava voltando e nos exterminaria”, afirma Guilherme.
“Foi uma situação humilhante, degradante e revoltante. Ninguém tem que passar por isso. Ninguém está pedindo para que ela ame a comunidade LBGT, mas o direito dela termina quando começa o meu”, complementa Guilherme.
Após sair do estabelecimento, o casal decidiu registrar um boletim de ocorrência pela internet e pretende continuar com a denúncia para que a mulher seja investigada pelo crime.
“A gente precisa ter esperança no sistema judiciário. Fizemos o boletim de ocorrência e pretendemos dar andamento na esfera penal. Nós queremos mostrar que temos voz e demonstrar para outras pessoas que elas precisam denunciar”, conta Eric Cordeiro Cavaca, de 24 anos, que é estudante de direito.
O G1 tenta falar com a moradora que aparece na gravação. A clínica veterinária afirmou que repudia o ato de discriminação e preconceito ocorrido no dia 25 de setembro e esclarece que não foi praticado por qualquer integrante da equipe ou diretoria.
“Reforçamos que essa atitude não condiz com as diretrizes e valores da nossa empresa, atendendo a todos clientes e amigos com dignidade e em busca de sua satisfação”, diz outro trecho da nota.
Por fim, o estabelecimento diz que se solidariza com os ofendidos e todos que sofrem qualquer tipo de preconceito ou discriminação.