Desigualdade social no Brasil aumenta pelo 17° trimestre seguido, diz FGV
A desigualdade social aumenta há mais de cinco anos no país, segundo dados do estudo “A Escalada da Desigualdade” da FGV, divulgado nesta sexta-feira, 16. Segundo a entidade, o resultado de 17 trimestres consecutivos de aprofundamento do abismo de condições sócio-econômicas revela o período mais longo de alta na concentração de renda dos brasileiros já contabilizada. O levantamento foi elaborado a partir de dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua, do IBGE, e do índice Gini — indicador que mede a diferença de renda.
De acordo com estudo, na comparação mensal do índice Gini (sempre com relação ao mesmo período do ano anterior), a desigualdade social tem alta ininterrupta desde o segundo trimestre de 2015. “Nem mesmo em 1989, que constituiu o nosso pico histórico de desigualdade brasileira houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, diz o estudo. O índice Gini saiu do nível 0,6003 no último trimestre de 2014, data em que a concentração de renda alcançou seu mínimo histórico no país, para 0,6291 no segundo trimestre de 2019. Quanto mais perto de 1 maior a desigualdade.
Apesar disso, a alta mais recente, advinda da comparação entre o segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2018, é a mais baixa da série. “É um aumento modesto que não interrompe um longo período de alta da concentração de renda, mas mostra desaceleração do aumento de desigualdade, constituindo um décimo do aumento observado seis meses antes”, segundo o estudo.
A maior perda na renda domiciliar advinda do trabalho foi da população mais pobre, de acordo com o levantamento. Do quarto trimestre de 2014 até hoje, a metade mais pobre do país viu sua renda diminuir 17,1%; a chamada classe média, que ocupa 40% do restante, teve perdas de 4,16%; e os 10% mais ricos viram sua renda crescer 2,55%. Levando em conta os 1% mais ricos, o aumento é ainda maior e o número chega a 10,11%. Os cálculos foram feitos com base na Pnad Contínua, que traz recortes mensais, trimestrais e anuais.
O principal motivo para esses resultados, de acordo com a FGV, é o desemprego no país, fruto da crise econômica vivida em 2015 e 2016 que corroeu o poder de compra das famílias. Segundo o estudo, a queda na inflação a partir de 2017 — de 10,67 em 2015 para 3,75% em 2018 — teve função importante para fomentar o consumo, mas como os níveis de desemprego não tiveram o mesmo movimento de queda, a situação não se reverteu na concentração de renda.
Dados da Pnad Contínua mostram que a taxa de desemprego no país era de 6,5% no último trimestre de 2014. Já os divulgados pelos IBGE no final de julho deste ano, revelam que no segundo trimestre de 2019 a taxa estava em 12%.
(Portal MSN Brasil)