•  segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Coronavírus cresce mais rápido no Centro-Oeste que na média do país

avanço do coronavírus no Centro-Oeste durante o mês de junho foi mais acelerado que a média nacional, aponta levantamento do consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde. Enquanto o número de mortes pela Covid-19 teve alta de 54,5% no Brasil entre 8 e 28 de junho, na região o crescimento foi de 191% nesse mesmo período.

Nesse período, aumentou também a participação do Centro-Oeste no total de casos e mortes do Brasil: em 8 de junho, o Centro-Oeste representava 1,9% das mortes do país e, em 28 de junho, passou para 3%. Em relação aos casos, foi de 3% para 7%. A região tem pouco mais de 16 milhões de habitantes, o que representa 7,8% da população brasileira.

Em entrevista ao Jornal Nacional no mês passado, Thiago Rangel, professor e pesquisador da Universidade Federal de Goiânia disse haver um relativo atraso da contaminação por coronavírus do Centro-Oeste em relação às demais regiões que seria explicado pela diferença no fluxo de pessoas em relação ao exterior (fronteira com a Bolívia e o Paraguai) e a estrutura de moradia.

No Distrito Federal, em Goiás e no Mato Grosso, as taxas de ocupação dos leitos de UTI são preocupantes – chegam a 92,9% no MT. Mesmo o Mato Grosso do Sul, que se encontra na situação mais favorável quanto aos leitos, viu seu índice saltar de 7% no início de junho para 39% nesta quarta-feira (1º).

Os dados mais recentes divulgado pela secretaria do DF para a rede pública – de 73,2% – estão sob suspeita após reportagem da TV Globo mostrar que, na prática, eles não refletiam a realidade. Segundo a apuração, a ocupação dos leitos de emergência na rede pública pode ter atingido 100%. Além disso, a UF divulga que a lotação dos leitos de UTI para Covid-19 está em 63,82%, abaixo das taxas de lotação dos leitos comuns.

O cenário, no entanto, não levou ao aumento de restrições em todos os quatro estados. No Mato Grosso, a Justiça Federal determinou que prefeitos de 21 municípios adotassem o sistema “lockdown” (fechamento total) para combater o avanço da pandemia e, em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) publicou novo decreto determinando o fechamento de atividades não essenciais por 14 dias, a serem intercalados com igual período de funcionamento. As regras entraram em vigor na última terça (30).

Mato Grosso tem o maior aumento de mortes

Em relação às mortes, o estado que registrou crescimento mais acelerado foi o Mato Grosso: enquanto os óbitos confirmados aumentaram 54,5% em todo o Brasil em 20 dias, o avanço no estado foi de 341% no mesmo período. Em números absolutos, MT passou de 124 no dia 8 de junho para 545 mortes no dia 28 do mesmo mês.

As cidades que registram a maior quantidade de mortes são Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, no Oeste do estado.

o Mato Grosso, há outras duas regiões críticas:

  • Sinop, no centro do estado, onde a taxa de lotação de UTI está oscilando entre 80% e 100%, e seus vizinhos Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum;
  • Pontes e Lacerda, na fronteira com a Bolívia, e seus vizinhos fronteiriços, Cáceres, Poconé e Porto Esperidião.

Goiás tem maior aumento de casos

Goiás, por sua vez, é onde o número de infectados cresceu de forma mais acelerada: enquanto os casos confirmados aumentaram 89,2% em todo o Brasil em 20 dias, o avanço no estado foi de 246% no mesmo período. Em um mês, o Goiás registrou 84% dos casos confirmados de coronavírus desde o início da pandemia.

O novo vírus entrou com mais intensidade na Região Metropolitana de Goiânia, no Entorno do Distrito Federal e nas cidades da região Sudoeste do estado, em especial, Jataí, Rio Verde e Mineiros.

O caso mais crítico é o da cidade de Rio Verde, que concentra um grande número de frigoríficos e passou de 241 para 4.024 casos entre 8 e 28 de junho. Isso porque, desde o início de junho, pelo menos 15 mil trabalhadores das sete principais indústrias da cidade começaram a fazer testes para diagnosticar a Covid-19. Só no dia 9 de junho, mais de mil casos foram diagnosticados e, no dia 14, um funcionário de 36 anos da BRF morreu por conta da doença.

Em Mineiros, um frigorífico chegou a ser interditado pela prefeitura após 43 trabalhadores testarem positivo para a Covid-19.

Em Anápolis, a 55 km de Goiânia, foi observado um aumento de casos após testagem em massa em indústrias farmacêuticas de seu Distrito Agroindustrial (DAIA). Somente em uma delas, mais de 20 funcionários foram afastados com a doença.

DF: calamidade e reabertura do comércio

Na segunda-feira (29), o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou situação de calamidade pública no Distrito Federal por conta da pandemia do novo coronavírus. Apesar da medida, o governo manteve a autorização de flexibilizar serviços não essenciais, desde a reabertura do comércio a espaços de lazer. Ao G1, Ibaneis afirmou que o objetivo da declaração de calamidade é “acessar programas federais”, e não traçou relação direta com o contágio acelerado da doença.

Neste cenário, o maior aumento tem sido observado fora do plano piloto, e Ceilândia continua disparada como a região mais afetada pela Covid-19 na capital federal. Até segunda-feira (29), a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) confirmou 113 mortes e 6.535 casos da doença na área. A região concentra 22% das 512 vítimas do novo coronavírus entre moradores da capital federal, além de 15% dos infectados.

O total de mortes na região também começou lento, mas explodiu nas últimas semanas. O primeiro óbito foi registrado em 7 de abril. Um mês depois, eram quatro vítimas. O crescimento em um ritmo mais veloz começou em maio. No dia 15, eram 10 mortes e, no dia 31, esse número já havia passado para 33. No último mês, o total mais que triplicou.

Além do comércio aberto e das ruas cheias, moradores afirmam que são comuns as festas e aglomerações, além de pessoas saindo às ruas sem máscara e desrespeitando o isolamento social .

Para o médico infectologista José David Urbaéz, o fato de Ceilândia ser uma região de baixa renda, com casas menores e mais moradores, influencia no avanço da Covid-19. “Há questões da estrutura da casa em isolamento, que pode não ser adequada. Eles [os moradores] não conseguem ficar sem trabalhar. A propagação, neste caso, é mais expressiva.”

Frigoríficos no Mato Grosso do Sul

No Mato Grosso do Sul, os frigoríficos têm sido os focos da Covid-19 desde o início da pandemia. Até o fim de maio, a região mais preocupante era o Sudoeste, por conta do grande número de casos diagnosticados em Guia Lopes da Laguna, de quase 10 mil habitantes, em maio. Cerca de 90% dos casos da cidade, na época, eram de funcionários de uma empresa de alimentos.

Atualmente, a situação mais crítica é em Dourados, a 229 quilômetros de Campo Grande. O município é o segundo mais populoso de estado, com cerca de 220 mil habitantes. Mesmo com a população praticamente quatro vezes menor do que na capital, a cidade é a recordista de casos do novo coronavírus no estado. E o surto em um frigorífico, novamente, ajuda a explicar como se transformou no epicentro de propagação da doença.

Os municípios que fazem fronteira com Dourados, como Rio Brilhante e Fátima do Sul, também estão com alto número de casos: ambas as cidades estão entre as seis com maior incidência de Covid-19 no estado.

“Muitas pessoas trabalham, fazem compras, viajam para Dourados, por ser a maior cidade da região. Esse crescimento também teve muito a ver com o frigorífico, já que muitos dos funcionários são de cidades vizinhas e acabaram transmitindo o vírus nesses municípios”, diz Mariana Croda, infectologista e membro do Comitê de Operações de Emergências (COE) da Secretaria de Estado de Saúde.

De acordo com a secretaria de saúde de Dourados, as principais ações realizadas no momento são as testagens por drive-thru em quem chega e sai do município, a ampliação da Vigilância Epidemiológica, e o monitoramento dos casos positivos através da Atenção Primária.

Fonte: G1
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