Alguns players da Indústria de base florestal brasileira passam bem frente à crise econômica causada pelo coronavírus, revela Forest2Market do Brasil
Setor de celulose é o maior beneficiário, enquanto que o setor de embalagens é o que mais sofre, afirma o especialista Marcelo Schmid
A maior parte dos setores produtivos já está sentindo queda nas vendas face à quarentena devido à COVID-19. Mas nem todos os players do setor florestal estão sofrendo os impactos econômicos da pandemia. Esta é a conclusão de Marcelo Schmid, sócio-diretor da Forest2Market do Brasil, que tem mantido contato frequente nas últimas semanas com muitos de seus clientes, incluindo representantes dos principais players da indústria de base florestal brasileira.
Setor de celulose reduz estoques
O Brasil é o principal produtor mundial de celulose e este segmento é, sem dúvidas, aquele mais importante para a cadeia de base florestal brasileira, movimentando grande parte das ações do setor. O segmento de celulose teve uma queda acentuada em 2019, e essa queda levou à formação de um alto estoque de celulose nos principais produtores brasileiros. Segundo Marcelo, a pandemia de coronavírus tem feito com que o consumo global de papel para higiene aumente em todo mundo, o que tem ajudado a reduzir os estoques do produto e regularizar a produção. Embora esse aumento no consumo seja pontual, a perspectiva é de que, passada a pandemia, a população em geral voltará ao nível de consumo regular ou manterá um nível de consumo maior, por ter mudado os padrões de seus hábitos de saúde e higiene.
Produção de madeira serrada deve voltar ao normal em maio
A situação dos produtores de madeira serrada é variada e depende prioritariamente do mercado final da madeira. Segundo Marcelo, algumas empresas reportaram redução em turnos de trabalho e demissões por conta da redução da demanda, porém, outras destacaram que as operações ainda não sofreram impacto significativo. Percebe-se também que em certa parte os impactos em operações de indústrias de base florestal não foram ocasionados por problemas de mercado de fato, mas por medidas equivocadas de restrição à circulação e funcionamento de empreendimentos, tomadas pelos governos municipais e estaduais. Diante disso, muito dos clientes consultados previram que a atividade de maio será normal. De forma geral, os produtos voltados ao mercado externo, como molduras e componentes estão sendo menos afetados que produtos voltados ao mercado doméstico e setor de consumo varejista.
Setor de embalagem sofre maior impacto
Falando em mercado interno, certamente o segmento da indústria de base florestal que está sofrendo mais impacto é o de embalagens e, segundo Marcelo, não é muito difícil de entender a razão. “O segmento de embalagens está intimamente ligado ao consumo de diferentes indústrias, como o alimentício, calçadista, eletrodoméstico, entre outros. Uma vez que o consumo de diversos bens foi severamente afetado nas últimas semanas devido à redução da circulação das pessoas, a demanda por embalagens que acompanham tais produtos também foi drasticamente reduzida”, ele afirma.
Setor de compensados de madeira pode ser afetado se quarentena continuar
O segmento de construção civil, outro grande demandante de produtos de base florestal, parece não ter sido afetado. “O setor estava em recuperação depois de um período de queda”, afirma Marcelo. Porém, com a provável redução geral na produção de insumos de construção, aliada a medidas restritivas quanto à aglomeração de pessoas em ambientes de trabalho, existe prognóstico de redução de atividades no mês de abril e maio. “Caso a quarentena perdure por mais dois meses, esse problema deverá afetar algumas cadeias específicas do setor florestal, com por exemplo, compensados de madeira”, afirma Marcelo.