Pesquisadores brasileiros descobrem causa genética para acne na mulher adulta
A acne é uma condição que afeta igualmente meninos e meninas durante a adolescência, mas, na fase adulta, atinge quatro vezes mais as mulheres, a partir dos 25 anos de idade. Um estudo realizado por médicos brasileiros associados à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriu uma causa genética para o aumento da incidência entre o público feminino.
O grupo liderado pelo dermatologista Marco Rocha estudou receptores celulares presentes na pele de mulheres com e sem acne. São estes receptores que se ligam à bactéria responsável pela inflamação da acne.
“Descobrimos que nas mulheres com acne estes receptores “toll” estão em maior quantidade. Esse receptor funciona como uma espécie de fechadura e a bactéria da acne que está ao redor da glândula sebácea tem mais facilidade de encaixar em algum receptor quando há vários deles. Isso favorece a inflamação da pele”, explica o dermatologista.
É na adolescência que as glândulas sebáceas “acordam” e começam a produzir oleosidade na pele, devido à ativação dos hormônios andrógenos. A acne surge justamente por causa desta mudança hormonal.
Supunha-se que uma disfunção dos hormônios poderia ser a causa da acne nas mulheres adultas, mas a pesquisa descobriu que cerca de dois terços das participantes não possuía nenhuma doença endocrinológica.
Outra informação constatada na pesquisa foi que as glândulas sebáceas das pacientes com acne eram capazes de produzirem hormônios andrógenos dentro de si mesmas, aumentando a produção de oleosidade e as chances de lesão.
*Estudo sobre acne virou guia para profissionais
As informações contidas no estudo — e revisões de outros artigos sobre o assunto — foram usadas para formular o “Acne na mulher adulta : um guia para a prática clínica”, publicado na revista científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
“Neste guia procuramos salientar as diferenças da acne na mulher adulta e no adolescente. Nas mulheres com mais de 25 anos, ela não costuma ser tão grave, mas há maior risco de se tornar uma doença crônica”, detalha a dermatologista Edileia Bagatin.
“Nas adultas, as lesões são mais inflamatórias, enquanto que, nos adolescentes, há prevalência de cravos”, destaca Edileia, que também é professora livre docente da Unifesp e uma das autoras da publicação.