Quando se fala de referência no mundo da moda, imediatamente pensamos em alguns países que foram os pioneiros no mundo a criar sistemas de produção de moda, e que no curso do último século foram capazes de se tornarem um ponto de referência global nessa área. Isso foi possível graças ao nascimento e presença de marcas e pessoas capazes de construir uma comunidade universal de relevância através de criações extraordinárias e de valor.
Nesse cenário, a Itália é veio em primeiro plano, e junto com isso o que nós particularmente poderíamos definir de “made in italy” (feito na itália), que significa a base de muitos valores que podem ser resumidos em “lindo e bem feito”, dentre outros símbolos que tem constantemente representado ao longo de 30 anos, a imagem do país.

O conceito de “made in italy” está associado particularmente num nível internacional, com valores claramente identificados como beleza, criatividade, artesanato, paixão e mais recentemente, lifestyle (estilo de vida).

Graças à esses valores, tem sido possível construir ao longo dos anos, uma verdadeira identidade do “made in italy” como uma marca real, que responde às expectativas que estão enraizadas na percepção dos consumidores.

Por outro lado, quando se fala nas características tangíveis dos produtos temos presentes a funcionalidade, qualidade, estética, presença, e quando se resume às características intangíveis, está o conceito de pertencimento a uma identidade cultural, o estilo de vida italiano.

A combinação desses dois aspectos levou à construção de uma vantagem competitiva que pode ser descrita por dois componentes que caracterizam o produto. O componente funcional, ligado à satisfação de uma necessidade, propondo uma solução ao consumidor final. E o componente emocional, definido como a habilidade do produto de responder a necessidades diferentes como o desejo de posse, pertencimento e gratificação pessoal.

Isso é um fenômeno que agrega valor ao mercado de moda italiano, e tem origem no que é chamado de “efeito renascentista”, ou mais conhecido como sistema artesanal que consolidou diversas habilidades baseadas em qualidade do produto, atenção nos detalhes e e, em particular, a sensibilidade do design estético.

Além disso, esse efeito renascentista também significa a exposição diária ao fator de beleza, presente em cada cidade italiana, das menores até as maiores, graças aos palácios, monumentos, igrejas e trabalhos artísticos que historicamente permitiram a sedimentação de uma sensibilidade estética profunda e difusa.

Essas características nutriram o sistema de produção da beleza e criaram um mercado para receber consumidores conscientes e sofisticados.

Alguns fatores adicionais ao sucesso do made in italy são as especificações estruturais e econômicas do sistema de produção italiano, tais como flexibilização pós guerra, capacidade de hibridização e sensibilidade à mudança.

Tudo isso fez com que “made in italy” representasse uma marca de qualidade e uma fonte sólida de vantagem competitiva graças à comunicação do conteúdo e valores consolidados nas últimas décadas.

 

Lu Salles