O Paulistão voltou! Dez coisas que você precisa saber sobre a retomada do futebol em São Paulo
O Campeonato Paulista volta nesta quarta-feira após 128 dias de espera. A duas rodadas do fim da primeira fase, o torneio recomeça após quatro meses de paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus. E com um Dérbi logo de cara: Corinthians e Palmeiras se enfrentam em Itaquera, às 21h30 (de Brasília).
Muita coisa mudou desde o Guarani 3 x 2 Ponte Preta do já distante 16 de março, último jogo antes da pausa. A começar pelo protocolo para o retorno dos jogos, que não terão a presença de público, e a restrição das cidades que vão receber as partidas.
Há também chegadas, saídas e novas perspectivas para o período de bola rolando.
Correria até o Brasileirão
O Paulistão tem mais seis datas: dois jogos da primeira fase, quartas de final, semifinal e duas finais. Tudo isso entre 22 de julho e 8 de agosto, data marcada para a grande decisão. O Campeonato Brasileiro, porém, tem início programado para o dia 9. Se um clube da Série A chegar à final, ajustes terão de ser feitos no calendário.
De resto, tudo mantido: inclusive o rebaixamento. Dos 16 clubes, só o Botafogo foi contra a manutenção.
O tal protocolo
O documento elaborado pela Federação Paulista de Futebol (FPF) para o retorno dos jogos do Campeonato Paulista inclui, entre outras medidas, a realização de testes para Covid-19 em todos os envolvidos nas partidas e a divisão dos estádios em “zonas”, de acordo com a permissão de acesso.
Os estádios nos jogos do Paulistão serão divididos em três zonas: azul, vermelha e amarela, sendo que a azul é a mais próxima do campo de jogo, e a amarela a mais distante. No total, serão menos de 200 profissionais credenciados.
Máscaras obrigatórias na comissão técnica e banco de reservas e proibição de troca de camisas entre adversários são outras medidas.
Interior vai à capital
Em meio à retomada, o Paulistão não terá jogos em cidades que estejam na fase vermelha ou laranja do plano de flexibilização da quarentena no estado de São Paulo. Na fase amarela, apenas São Paulo (Corinthians, Palmeiras e São Paulo), Diadema (Água Santa), Barueri (Oeste) e Santos poderão receber as partidas.
Isso significa que os times do interior terão de mandar jogos em uma dessas cidades, o que deixou a tabela com duelos inusitados em grandes estádios. Veja alguns exemplos:
- 22/7 – Ituano x Ferroviária (Canindé)
- 23/7 – Inter de Limeira x Oeste (Arena Corinthians)
- 26/7 – Ferroviária x Inter de Limeira (Morumbi)
- 26/7 – Guarani x São Paulo (Vila Belmiro)
- 26/7 – Novorizontino x Santos (Arena Corinthians)
Jô chegou…
Apesar da grave crise financeira que vive, o Corinthians repatriou o artilheiro do Brasileirão de 2017, que estava no Nagoya Grampus, do Japão. Principal reforço do Timão, ele não estará em campo no Dérbi porque ainda não foi inscrito. Léo Natel, ex-São Paulo, também chegou.
Com alto risco de ser eliminado ainda na primeira fase (precisa tirar uma diferença de cinco pontos para o Guarani, com apenas seis em disputa), o time de Tiago Nunes perdeu nomes como Vagner Love, que rescindiu contrato, Pedrinho, negociado com o Benfica, Yony González, devolvido ao mesmo Benfica, além de Pedro Henrique e Richard, que foram para o Athletico-PR.
…e Dudu saiu
Negociado com o Al Duhail, do Catar, após longa novela, o camisa 7 se despediu e será desfalque importante do Palmeiras na reta final do Paulistão. Rony, suspenso pela Fifa, e Gustavo Gómez, sem acordo por novo contrato, estão fora do Dérbi – a expectativa do clube é de que possam reforçar a equipe no mata-mata.
Em campo, o Verdão de Vanderlei Luxemburgo, que perdeu dias de treino por ter sido diagnosticado com Covid-19, precisa de uma vitória em duas rodadas para confirmar a classificação.
Debandada na Vila?
Em grave crise financeira, o Santos pode ver uma saída em massa no elenco logo no retorno do Paulistão. Contra o Santo André, nesta quarta, Everson e Eduardo Sasha já estão fora – ambos acionaram o clube na Justiça cobrando salários e direitos de imagem em atraso. Lucas Veríssimo, alvo de clubes europeus, pode sair.
Há ainda o desacordo em relação à redução salarial de 70% nos meses sem jogos, que causou insatisfação no elenco. Fora de campo, o presidente José Carlos Peres se vê cada vez mais pressionado e alvo de protestos dos torcedores.
Retiro em Cotia
Único dos grandes já classificado, o São Paulo viveu dias de confinamento no CT da base em Cotia, onde o elenco pôde retomar o ambiente de concentração após a quarentena. O clube conseguiu acertar os salários em atraso pouco antes do retorno dos jogos, o que ajudou a acalmar o clima.
Esse acerto salarial se deu graças à venda de Antony ao Ajax, da Holanda. O jovem atacante será a única baixa entre os titulares do elenco comandado por Fernando Diniz. Pablo deve ser o escolhido para entrar no time na sequência da temporada.
E o líder?
Com 19 pontos, o Santo André era a sensação do Paulistão até a pausa. Líder da classificação geral, o time do ABC Paulista foi atingido pela pandemia assim como outros clubes menores: destaques do elenco, como o artilheiro Ronaldo, deixaram o clube – o atacante acertou com o Sport. Por outro lado, quatro reforços chegaram, todos menos badalados: o goleiro Ivan, o zagueiro Willian Goiano, o volante Vitinho e o atacante Raphael Lucas.
Além disso, a equipe treinada por Paulo Roberto Santos não poderá jogar no Estádio Bruno José Daniel, hoje funcionando como hospital de campanha na luta contra o coronavírus. O jogo contra o Ituano, na última rodada da primeira fase, será no Canindé.
Braga quer protagonismo
Sem perder quase nenhum jogador durante o período de paralisação, o Bragantino, também na Série A do Brasileiro, desponta como candidato a ir longe no Paulistão. O clube vai mandar seus jogos finais em Osasco e já está classificado às quartas, para enfrentar Guarani ou Corinthians.
Outros times do interior que vinham bem, como Mirassol e Novorizontino, tiveram elencos desmantelados e vão tentar se virar com o que têm na reta final. A equipe de Novo Horizonte, inclusive, ainda é a única invicta do campeonato.
Enfraquecendo o rival
Uma situação curiosa está reservada para a última rodada da primeira fase: o Mirassol, perto de se classificar, enfrenta a Ponte Preta, ameaçada pelo rebaixamento. Até aí, tudo normal.
A Ponte, porém, acertou durante a quarentena a contratação de QUATRO jogadores do Mirassol, todos titulares absolutos: Neto Moura e Luis Oyama (volantes), Ernandes (lateral-esquerdo) e Camilo (meia). Nenhum deles pode ser inscrito no Paulistão, claro, mas o efeito imediato é o rival mais fraco.
Mas, antes da Ponte, o Mirassol enfrenta um concorrente direto do clube campineiro na luta contra a degola: o Água Santa, em Diadema.
(Globo Esporte)