Por que a educação online deve continuar crescendo mesmo depois da pandemia do novo Coronavírus?
Por Wagner Domingues, diretor de Pessoas da EF English Live, maior escola de inglês online do mundo
Durante este período de isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus percebemos uma mudança drástica no comportamento da sociedade. Nossa vida se tornou ainda mais online. Substituímos a ida à restaurantes pelos deliveries, as reuniões da empresa por “conference calls”, shows por “lives”, happy-hours e almoços por interações digitais. No mercado da educação não foi diferente.
Escolas e universidades foram fechadas em todo o planeta. Segundo a UNESCO, 90% de todos os estudantes do mundo tiveram suas aulas suspensas. Isso representa 1,5 bilhão de estudantes. Mas as pessoas não deixaram de aprender. As escolas passaram a buscar alternativas para ensinar à distância. E esse movimento não se restringiu à educação básica ou instituições de curso superior. Aulas de idiomas, música, culinária, design, dança, yoga. Absolutamente tudo passou a ser remoto.
Para citar apenas um exemplo, na EF English Live, que é focada na educação de inglês 100% online a busca por cursos mais que dobrou. Há quem diga que isso é passageiro. No entanto, temos fortes razões para acreditar que estamos evoluindo para um novo momento no que diz respeito à educação no Brasil e no mundo. Alguns motivos reforçam essa tendência.
O consumidor está se descobrindo mais independente, encontrando novas formas de realizar suas atividades e percebendo que é possível desempenhá-las no conforto de sua casa. Experimentando a educação à distância, as pessoas estão mudando seus hábitos, redesenhando suas rotinas e vivenciando a facilidade que este modelo pode trazer para sua vida. Após a experiência, elas podem decidir com mais propriedade se querem permanecer aprendendo remotamente, e com certeza, o custo benefício pesará na sua decisão.
A pandemia escancarou a essencialidade dos serviços de telecomunicações. Como esses ainda são questionados em sua qualidade, especialmente quando falamos de Brasil, isso colocou este setor em evidência quanto a necessidade de mais investimentos. Dados da Anatel mostram que o número de domicílios com internet banda larga no país já ultrapassam os 30 milhões. Esse número era três vezes menor há dez anos. Se falarmos de telefonia móvel já são mais de 150 milhões que possuem tecnologia 4G. É uma população considerável com acesso à internet e que vem aumentando ano a ano.
Neste contexto, escolas como a EF English Live estão na frente, pois já trabalhavam na modalidade online ou ofereciam parte de seu conteúdo pela internet. No entanto, mesmo instituições de ensino que não possuíam a educação à distância em seu DNA precisaram encontrar alternativas para continuarem conectadas com seus alunos. Isso demandou não apenas a utilização de novas ferramentas tecnológicas e aquisição de ambientes virtuais de aprendizagem, mas também treinamento de professores, adequação de metodologia, e uma nova didática de ensino.
E todo investimento em tecnologia e treinamento será aproveitado por estas instituições para projetos futuros, o que deve trazer novos players para esse mercado. Essa é uma boa notícia quando pensamos em concorrência e maior possibilidade de oferta. E isso porque, após testar um produto e perceber que ele pode te trazer os benefícios que você buscava pagando menos, porque continuar pagando mais? Este é um dos aprendizados que este período de isolamento vem trazendo e que deve mudar o comportando das empresas e dos consumidores após a pandemia.
Sempre que eu falava que trabalhava em uma escola de inglês online, a pergunta seguinte era: E funciona? Sim, Funciona. E agora as pessoas podem de fato sentir que é possível atingir seu objetivo com muito menos e de forma mais rápida. Além da onda positiva no mercado de educação à distância, a pandemia também contribuirá para impulsionar o modelo de educação presencial a buscar seus diferenciais e maior competitividade.
Vale ressaltar que hoje as escolas não se prendem mais aos estudantes do bairro ou da cidade. Podem atingir alunos do mundo todo. Em contrapartida os alunos também podem optar por fazer uma pós graduação em Boston, estudar italiano com um professor na itália, participar de um workshop que está acontecendo em Singapura, tudo sem sair de casa. A busca por termos como “Online courses Harvard” tiveram um aumento de mais de 20 vezes no Google em menos de 30 dias. O Coursera por exemplo teve mais de 500.000 matrículas em um único fim de semana de pessoas de todo o mundo.
Todos este pontos nos trazem motivos para acreditar que o futuro da educação online é promissor. É claro que ainda temos questões estruturais e sociais a serem resolvidas. Nem todos têm acesso à educação no País. Entretanto, acredito que estamos evoluindo e a tecnologia será fundamental nesse desafio e nos ajudará a levar o conhecimento cada vez mais longe.