•  segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Escola nova? Especialista dá dicas de adaptação para as crianças

Mudar de escola é uma das situações mais desafiadoras que uma criança ou adolescente pode viver.  Por isso, independente da idade, é comum que os estudantes fiquem ansiosos, agitados, irritados e inseguros. “Mudar de escola significa passar para um ambiente desconhecido – e isso sempre assusta. É preciso conversar muito com o estudante e prepará-lo para a mudança, mostrando o quanto a vida traz desafios e que precisamos saber lidar com eles e com as nossas reações diante disso”, ressalta Acedriana Vogel, diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.

Geralmente, as mudanças inesperadas, causadas por uma transferência de emprego dos pais, por exemplo, costumam causar mais estresse do que aquelas já esperadas, como quando a escola não oferece o próximo segmento. Dessa forma, sempre que possível, a orientação é preparar as crianças com antecedência para que elas lidem melhor com o que está por vir.

Uma boa iniciativa é levar o estudante à nova escola para que ele conheça de antemão o espaço físico e a equipe pedagógica com quem irá conviver. A medida, segundo Acedriana, traz mais segurança e facilita a criação de laços com a nova instituição. Outra atitude importante é levar à nova escola o material didático utilizado pelo estudante no colégio anterior. Assim, a equipe pedagógica poderá avaliá-lo e construir, se necessário, um plano de apoio pedagógico de transição para o novo aluno.

No mais, é necessário construir oportunidades. Acedriana orienta para o diálogo com a criança ou o adolescente, com naturalidade e genuíno interesse sobre os medos inerentes às novas situações. Os filhos precisam perceber que os pais se importam com o que eles estão sentindo porque já passaram por situações similares. Perguntas do tipo “teve algo que te fez sentir mal?”, “há mais colegas novos em sua turma?”, “se sentiu perdido por algum motivo?” ou “qual a sua primeira impressão dos professores?” ajudam a monitorar se a adaptação escolar está sendo bem-sucedida ou não. Observar se o estudante chega tranquilo ou angustiado em casa também ajuda a saber como andam as coisas na escola. E ao observar qualquer sinal diferente do perfil do filho, os pais devem procurar ajuda.

“A família deve estar preparada para uma resistência e até tristeza nos primeiros dias, mas isso deve mudar com o passar do tempo. Caso contrário, é preciso pedir ajuda ao setor pedagógico da escola, que deve possuir mecanismos próprios de apoio à socialização e ambientação de novos estudantes”, orienta a especialista.

Organizando os estudos

Outro aspecto importante na vida escolar, especialmente quando há mudanças na rotina, é a organização dos estudos. Muitas vezes, ao mudar de escola, o estudante pode se atrapalhar com as novas demandas e ver seu rendimento prejudicado.  Nessas horas, tanto os pais, como a escola, devem intervir. “Rotina e disciplina são as palavras norteadoras para o sucesso da escolaridade de crianças e jovens. O primeiro passo é entender que o estudante não conseguirá desenvolvê-los sozinho. A escola precisa deixar claro o que estudar e como estudar para que a família auxilie em relação a rotina e a disciplina”, explica Acedriana. Para auxiliar os filhos em casa, a professora dá dicas para os pais:

  • Crie um cronograma

A criança passou do Ensino Fundamental – Anos Iniciais para os Anos Finais, ou do Ensino Fundamental – Anos Finais para o Ensino Médio? Se a resposta foi positiva, pode ser que ela tenha dificuldades para organizar os estudos devido ao aumento no número de disciplinas e professores. Assim, criar um cronograma do que estudar em cada dia deve ajudar.

  • Estabeleça um tempo de estudos

São necessárias ao menos duas horas de estudos em casa por dia, de segunda a sábado, para que o estudante se aproprie do que foi ensinado em sala de aula. Contudo, nos anos finais do Ensino Médio, por conta da proximidade do vestibular, esse período pode não ser suficiente, havendo a necessidade de aumentar o tempo destinado aos estudos em casa. Acedriana reforça que estudar não é apenas fazer as tarefas de casa.

  • Saiba como estudar

É necessário distinguir o que é estudar em cada etapa de formação do estudante, de acordo com o ciclo em que ele se encontra. “No Ensino Fundamental – Anos Iniciais, estudar implica em ler livros do seu interesse, desenhar, montar quebra-cabeças, ouvir, criar e contar histórias, interpretar a partir de pequenos textos, estimular resultados numéricos, entre outros. Já no Ensino Fundamental – Anos Finais, estudar implica em ler e saber resumir as principais ideias do texto, redigir textos próprios, calcular, criar mapas mentais relacionando as áreas, elaborar e responder perguntas, se localizar no tempo e no espaço, resolver problemas de lógica etc. Enquanto que no Ensino Médio envolve tudo o que foi citado no Ensino Fundamental de maneira mais complexa e aplicada para se avançar com propriedade no trabalho com a matriz curricular proposta para o final do Ensino Básico.

  • Lembre-se: notas não são tudo

As notas são um parâmetro importante, mas não são a única referência para saber se houve ou não aprendizagem.  Dessa forma, deve-se observar se o estudante consegue desenvolver as atividades e tarefas de casa e se ele demonstra interesse pelo que foi trabalhado em sala de aula. Se perceber dificuldades, talvez seja necessário rever a rotina de estudos diários ou mesmo conversar com a equipe pedagógica da escola.

  • Fique de olho no emocional

Por fim, mas não menos importante, é preciso ficar atento às emoções. Isso porque, algumas vezes, o aluno tem rotina e disciplina, organiza seus estudos de maneira adequada mas, ainda assim, não consegue bons resultados por conta da ansiedade ou do nervosismo. Nesses casos, é importante buscar apoio terapêutico para entender como a criança ou o adolescente está lidando com as pressões e cobranças e, assim, encontrar soluções. “É sempre importante lembrar que a saúde emocional é fundamental para o bom desempenho escolar. Estar confortável emocionalmente é condição para o sucesso na escola e na vida”, finaliza Acedriana.

 

Ler Anterior

Especialista explica sobre os benefícios da microfisioterapia como recurso terapêutico

Ler Próxima

Crise climática favorece o desenvolvimento de mosquito transmissor da dengue