Em 10 anos, aumenta quase 5 vezes número de alunos que entram em cursos à distância do ensino superior, diz Inep
De 2009 a 2019, o número de novos alunos em cursos superiores à distância aumentou 4,7 vezes – saltou de cerca de 330 mil estudantes para mais de 1 milhão e meio. Ou seja, um crescimento de 378,9%.
Já o índice de ingressantes em graduações presenciais foi ampliado em escala bem menor: 17,8%. Os dados são do Censo de Educação Superior, divulgado nesta sexta (23) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O modelo de cursos remotos vem ganhando ainda mais destaque desde o início da pandemia, diante do fechamento provisório de escolas e universidades. A pesquisa divulgada, no entanto, mostra uma tendência anterior à Covid-19.
Em 2009, do total de novos estudantes no ensino superior, apenas 16,1% eram de modalidades EAD. Dez anos depois, o quadro mudou completamente: eles já representam 43,8% dos ingressantes.
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou, em coletiva de imprensa, que “não dá para dizer que o curso à distância é melhor ou pior”.
“Maior parte dos alunos em EAD trabalha mais horas em relação aos de cursos presenciais, são de perfis diferentes. Mas os resultados têm sido próximos. Não dá para dizer que EAD seja de menor qualidade”.
Carlos Moreno, diretor de estatísticas educacionais do Inep, destacou que o crescimento da educação remota ocorre principalmente nas instituições particulares. “Na rede privada, pela primeira vez, o número de ingressos [de alunos] em EAD superou o de ingressos em [graduações] presenciais”, disse, ao apresentar os dados.
“Essa é uma tendência no Brasil: a ampliação dos cursos à distância”, afirmou Moreno.
Nos cursos de formação de professor, EAD também cresce
O crescimento da modalidade à distância também é marcante nos cursos de licenciatura (forma de graduação que habilita os estudantes a dar aula). Veja os destaques da área:
- número de alunos: segundo o censo, em 2019, havia mais matriculados nos cursos de formação de professor em EAD (53,3%) do que no ensino presencial (46,7%).
- número de cursos: de 2009 a 2019, triplicou o número de licenciaturas à distância. Na modalidade presencial, a oferta caiu 5% no período.
Considerando tanto os cursos EAD quanto os presenciais, as licenciaturas com maior número de alunos no país, em 2019, estão no gráfico abaixo:
“As disciplinas mais específicas têm número bem menor [de alunos] do que pedagogia. A gente tem um desafio de criar mecanismos de atração de estudantes de licenciatura para cursar essas outras formações”, afirmou Moreno. “E as taxas de conclusão são muito baixas.”
Na coletiva de imprensa, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, não comentou nem o aumento da modalidade EAD nas licenciaturas, nem o baixo número de estudantes em determinadas áreas – apenas destacou a importância desses cursos.
“Eu quero reafirmar o que creio: professor é o grande protagonista da educação no Brasil. Demos atenção aos alunos, à infraestrutura, ao método de ensino, mas temos de focar na capacitação dos professores”, afirmou.
Ensino público x privado
No Brasil, em 2019, as instituições de ensino particulares concentravam 88,4% dos cursos de graduação e 75,8% dos alunos do ensino superior.
Nos últimos 10 anos, a rede privada cresceu 87,1%. Já a pública, 32,4%.
Perfil dos professores
O Censo de Educação Superior mostra qual o perfil dos professores que lecionam em cada tipo de instituição. Nas públicas, a maior parte tem doutorado e trabalha em regime de dedicação integral.
Na rede privada, o mais comum é que sejam mestres, em contrato por tempo parcial (ou seja, podem dar aula em mais de uma faculdade).
Número de estudantes mulheres
As mulheres são maioria entre os matriculados nos cursos presenciais – representam 55,7% do corpo discente (são 3.430.115 alunas).
Nas licenciaturas, incluindo EAD, a presença feminina é ainda maior: 72,2% dos estudantes.
Elas têm também uma taxa de conclusão da graduação melhor do que a dos homens: 43% contra 35%. Ou seja, a proporção de meninas que se formam é maior. No sexo masculino, a desistência é mais comum.
Vagas remanescentes
Nem sempre todas as vagas disponibilizadas nos processos seletivos do Enem e de vestibulares são ocupadas. As universidades – e os programas de acesso ao ensino superior, como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – costumam convocar novos alunos em listas de espera para preencher as vagas remanescentes.
Ainda assim, muitas ficam ociosas. Na rede federal, por exemplo, em 2019, mais de 87 mil não foram ocupadas.
G1