•  sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Vendas do varejo crescem 3,4% em agosto e atingem patamar recorde

O comércio varejista cresceu 3,4% em agosto, na comparação com julho, e atingiu o maior patamar de vendas em 20 anos, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com a quarta alta seguida, o setor conseguiu eliminar as perdas com a pandemia, superando em 8,9% o patamar de fevereiro.

Em meio à flexibilização das medidas de restrição e com a ajuda proporcionada pelo Auxílio Emergencial, o volume de vendas do mês foi o maior da série histórica da pesquisa.

“Com o resultado, o setor atinge o maior patamar de vendas desde 2000, ficando 2,6% acima do recorde anterior, de outubro de 2014”, informou o IBGE.

O resultado do quarto bimestre do ano, com relação ao terceiro, foi também o maior da série histórica (11,3%).

A leitura ficou acima da mediana das projeções de 27 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que esperavam avanço de 3,2%. As estimativas iam de 1,2% a 8,6% de crescimento.

Considerando todos os meses da série, esta alta de 3,4% foi a quinta maior já registrada, ficando atrás dos meses de maio de 2020 (12,7%), junho de 2020 (8,8%), julho de 2020 (5,0%) e janeiro de 2017 (4,1%).

“Essa alta está muito ligada à renda extra das famílias. Se a gente pegar os dados da Pnad Covid, veremos que as famílias com os rendimentos mais baixos tiveram um aumento de renda por conta do auxílio emergencial. Também guarda relação com a taxa de juros mais baixa que começou a chegar ao consumidor final, à pessoa física, com uma concessão ao crédito crescente”, avaliou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

 

“O varejo em abril teve o pior momento, com o indicador se situando 18,7% abaixo do nível de fevereiro, período pré-pandemia. Esses números foram sendo rebatidos nos meses seguintes, até que em agosto o setor ficou 8,9% acima de fevereiro”, acrescentou.

Na comparação com agosto de 2019, o comércio cresceu 6,1%, terceiro resultado positivo consecutivo nesta base.

Comércio ainda acumula queda no ano

 

No acumulado no ano, porém, o setor ainda registra queda de 0,9%, enquanto em 12 meses passou a registrar avanço (0,5%), após três meses de estabilidade.

“Com a entrada da pandemia, a gente muda completamente o comportamento da série. A gente estabelece tanto o piso inferior quanto o superior da série. Então, esse é um momento muito complexo, muito distinto dos anos anteriores. Há uma quebra, uma ruptura, do comportamento que a gente via na série”, destacou o pesquisador.

A receita nominal do varejo subiu 3,9% em agosto. Na comparação anual, subiu 5,9%. No acumulado no ano, tem elevação de 2,4%. E em 12 meses, passou a acumular alta de 3,4%.

Pelo conceito ampliado, que inclui “Veículos, motos, partes e peças” e de “Material de construção”, o volume de vendas cresceu 4,6% em relação a julho e 3,9% na comparação com agosto de 2019. No acumulado no ano e nos últimos 12 meses, ainda há queda, de 5% e de 1,7%, respectivamente.

O que vendeu mais

 

Cinco das 8 atividades pesquisadas tiveram alta na passagem de julho para agosto, com destaque para tecidos, vestuário e calçados (30,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (10,4%) e móveis e eletrodomésticos (4,6%). No varejo ampliado, houve alta de 8,8% nas vendas de veículos.

Desempenho de cada atividade do varejo em agosto:

  • Combustíveis e lubrificantes: 1,3%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -2,2
  • Tecidos, vestuário e calçados: 30,5%
  • Móveis e eletrodomésticos: 4,6%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: -1,2%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: -24,7%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 1,5%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 10,4%
  • Veículos, motos, partes e peças: 8,8% (varejo ampliado)
  • Material de construção: 3,6% (varejo ampliado)

 

Vendas em supermercados caem pelo 2º mês seguido

 

Por outro lado, houve recuo nas vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,2%), Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-24,7%).

O IBGE destacou que fatores como a alta dos preços tiveram influência sobre o setor de supermercados em agosto, que registrou a segunda queda seguida, impactado pela inflação dos alimentos.

Na comparação do 4º bimestre com o 3º bimestre, todas as atividades, à exceção de supermercados (-1,0%), registraram alta nas vendas.

“O segmento de hiper e supermercados superou o indicador num primeiro momento, porque como serviço essencial eles não fecharam. Agora, são os outros segmentos que estão segurando as vendas”, observou o pesquisador.

Móveis e eletrodomésticos são destaques do ano

No acumulado no ano, apenas os segmentos de supermercados, artigos farmacêuticos e móveis e eletrodomésticos registram alta. Veja gráfico abaixo:

Alta em 25 das 27 unidades da federação

 

O volume de vendas do varejo cresceu em 25 das 27 unidades da federação, com destaque para Acre (15,6%), Rondônia (12,8%) e Amapá (12,1%). As quedas foram registradas no Tocantins (-2,4%) e Rio Grande do Sul (-0,2%).

Perspectivas

 

Após o tombo recorde no 1º semestre, a economia tem mostrado uma recuperação gradual no 3º trimestre, apesar das incertezas sobre a evolução da pandemia de coronavírus e das incertezas sobre a saúde das contas públicas.

A recuperação, porém, tem se mostrado desigual entre os setores. A produção industrial, por exemplo, cresceu pelo 4º mês consecutivo em agosto, mas ainda não eliminou as perdas com a pandemia.

Analistas apontam que o desemprego elevado e perspectiva de término dos programas de auxílio são os principais desafios para a manutenção do ritmo de recuperação da economia.

A estimativa atual do mercado é de um tombo de 5,02% do PIB em 2020 e alta de 3,5% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.

G1

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