Startup The Cube desenvolve contêiner com ambiente controlado para área de saúde para ajudar no combate à pandemia
– Unidades podem ser movimentadas de acordo com a demanda e por diferentes meios de transporte
A startup brasileira The Cube, criada da parceria de profissionais da área de saúde e de engenharia, desenvolveu sistema de módulos com uso de contêiner com ambiente controlado para aplicações de alta, média e baixa complexidade na área de saúde. A tecnologia garante flexibilidade e mobilidade e pode contribuir para a crescente demanda por espaços adequados ao combate da covid-19.
Em função da pandemia, a The Cube projetou um cubo móvel de pressão negativa para isolamento, com nove metros de comprimento, que pode ser acoplado ao hospital de campanha com objetivo de reduzir a contaminação das equipes de saúde e dos demais pacientes. “Um dos pontos críticos de contaminação é o momento da intubação do paciente, com a dispersão de aerossóis no ambiente, o que justifica o ambiente controlado”, explica a médica e CEO da empresa, Elizabeth Maccariello.
As soluções modulares da The Cube são configuráveis de acordo com a necessidade da aplicação, podendo expandir a capacidade de hospitais ou serem utilizados para criar hospitais de campo de diferentes tamanhos. A startup investiu cerca de R$ 550 mil no desenvolvimento do produto e nas questões relacionadas ao registro da solução, incluindo o da patente internacional via INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), solicitada há mais de um ano.
De acordo com Elizabeth, o valor do cubo único desenvolvido para a pandemia (sem considerar os equipamentos, como o respirador, que estão com valores muito diferenciados em função da alta demanda) é cerca de 30% mais barato quando comparado a um projeto convencional de alvenaria e o valor da tecnologia da The Cube pode ser ainda menor a depender da escala de produção.
Além de o custo ser menor, outro fator de extrema importância é o tempo de entrega do projeto, considerado 40% mais ágil. A tecnologia também tem a vantagem da mobilidade, já que pode ser transportada para outros locais cuja pandemia ainda esteja sob forte demanda. “A nossa tecnologia pode complementar o atendimento nos hospitais de campanha, tornando-os mais seguros e evitando risco de contaminação das equipes assistenciais e a contaminação cruzada”.
A CEO explica que os cubos têm a flexibilidade de agregar diferentes unidades de serviços. “A solução pode ser usada na fase de triagem proporcionando redução dos riscos de contaminação e em outros serviços de apoio e de diagnóstico local ou como laboratório de análises clínicas e de tomografia. Os cubos também podem ser usados como unidade móvel de diagnóstico laboratorial para testagem em massa para confirmar ou descartar casos suspeitos ou ainda para apoio logístico na armazenamento e na distribuição de equipamentos, materiais e medicamentos”.
Mobilidade e flexibilidade de uso
A CEO destaca que um dos principais atributos é que os módulos podem ser movimentados por diferentes meios de transporte (caminhão, trem, navio e avião cargueiro) para lugares onde a pandemia ainda não tenha sido controlada, o que permite flexibilidade e otimização no atendimento. “No caso da França, por exemplo, onde a doença ficou mais restrita a certas regiões e faltaram leitos, não seriam movidos os pacientes e sim os contêineres. Além disso, após o fim da pandemia, a estrutura pode ser mantida ou adaptada a outro propósito que atenda à população”.
As unidades são desenhadas e preparadas para atender às normas e legislações de áreas-limpas (Classe ISO 7 e 8) e podem ser utilizadas para estoque de medicamentos, centros de infusão ou de hemodiálise, centros cirúrgicos, unidades de terapia intensiva e produção e transporte de fármacos, com o objetivo de atender, de forma personalizada, às necessidades dos clientes e da sociedade.
Com monitoramento remoto, a solução tem um forte impacto social e seu uso vai muito além das pandemias, conforme Elizabeth. “A nossa tecnologia promove facilidade de acesso à saúde para populações que residem em áreas distantes dos centros urbanos, que contam com baixa densidade demográfica, além das regiões carentes, em situações de catástrofe ambiental ou ainda em zonas de conflito permanente”, ressalta.