O futuro do mercado de trabalho
Segundo Marcelo Arone, headhunter e especialista em recolocação executiva, o futuro do trabalho foi modificado e vai se reerguer primeiro quem for mais adaptável e esquecer o antigo “normal”, já que o novo veio para ficar.
Para o Headhunter, especialista em recolocação executiva e sócio da OPTME RH, com 12 anos de experiência no mercado de capital humano, Marcelo Arone, toda crise acelera os processos de transformação, seja ela na sociedade, na vida dos indivíduos (pessoal + profissional) ou nos pequenos detalhes do dia a dia: “estamos em pleno processo de transformação no mercado de trabalho. São mais de 50 dias de isolamento social e já podemos observar que as mudanças, ao menos a maioria delas, são definitivas”.
Segundo ele, é preciso começar, isso para quem ainda não se deu conta, a pensar de uma outra forma. “Nós temos muitos exemplos positivos, já, de empresas que se adaptaram rapidamente ao sistema home office, por exemplo, ou que se adequaram para não precisar demitir. Mas a verdade é que tem muita gente esperando que a vida volte ao normal. Um “normal” que já não existe mais”, explica ele.
Marcelo lembra que já estávamos vivendo uma transição, se pensarmos em mudanças de carreira que aconteceram nos últimos tempos: “No caso da mão de obra, temos exemplo muito recentes de profissionais de diferentes indústrias que migraram para áreas de Tecnologia. Engenheiros, Economistas, Administradores que eram disputados por áreas, em teoria, mais “glamourosas”, como bancos, consultorias ou grandes empresas de consumo, trocaram a gravata pelos startups, fintechs e empresas de inovação”.
Vagas que já vinham crescendo e foram “turbinadas” pelo distanciamento social, em sua maioria, estão ligadas a área digital e ao consumo básico. São áreas clássicas de necessidade humana que Maslow nos ensinou no século passado: alimentos, segurança e saúde. Empresas que já tinham plataforma online de vendas largaram na frente, mas muitas se adaptaram em menos de 10 dias. Seguradoras, empresas de telemedicina, EAD, streamings, empresas que oferecem ferramentas de trabalho remoto e e-commerce tiveram que contratar com urgência pessoas em diferentes níveis no epicentro da crise, entre março e abril.
O especialista lembra que os setores que entraram em “quarentena” junto com as pessoas, mas não são itens de primeira necessidade, acabaram sofrendo uma quebra maior. “Esses mercados certamente vão demorar um pouco mais para voltar, dependendo mais da flexibilização das regras de distanciamento e à diminuição do pânico inicial do consumidor, como serviços de beleza, roupas, acessórios, eletrodomésticos e varejo em geral”, enfatiza.
O maior risco fica por conta dos setores que juntam fatores de risco para uma contaminação direta ou em massa: eventos ou shows com aglomeração, empresas aéreas que levam 200 / 300 / 400 pessoas num espaço fechado por algumas ou muitas horas e restaurantes com pouco espaço. “Por mais que as pessoas possam retomar a normalidade de “ir e vir”, o instinto de proteção será maior”, lembra ele, que segue: “ainda mais quando você corre o risco de chegar em casa e transmitir pra sua família. Antes que uma vacina ou imunização em massa seja efetivamente liberada, esses segmentos irão esperar um tempo maior de retomada”.
A grande questão é: o modo como as empresas estão encarando as mudanças trazidas pela pandemia vão falar muito sobre essa retomada. Observar esse período como de transição, muito mais do que apenas como um hiato no seu modo antigo de ser pode ser um indício de que há coisa boa vindo por aí, apesar dos pesares.