Mercados da América Latina positivos, aumenta o apetite ao risco
Por Alfonso Esparza, analista de mercado da OANDA na América Latina
Os mercados emergentes estão se preparando para começar a semana em território positivo. O apetite ao risco ainda está vivo no mercado. As esperanças de um Brexit orgazinado e de um acordo comercial entre os EUA e a China removeram a pressão à baixa entre os mercados latino-americanos.
A Argentina entra na fase final de seu período eleitoral e o foco está nos esforços do novo governo para convencer o FMI a não buscar uma falta de crédito.
ARS – Peso argentino
A Argentina ainda está no olho do furacão, aguardando as eleições de 27 de outubro. O FMI não liberou a próxima parcela do empréstimo e não prevejo que isso ocorra até que possa negociar diretamente com o novo governo, que até agora aponta ser o de Alberto Fernández.
A nova diretora de fundos Kristalina Georgieva finalmente mencionou a Argentina em uma dívida de imprensa e disse que a instituição continua comprometida com a Argentina.
O peso opera em 58.1680 e opera em uma faixa que foi mantida estável pelos esforços do banco central e do governo. O máximo de 60 ainda está próximo e após as eleições as previsões não são favoráveis. O preço médio é 65 até o final de 2019.
MXN – Peso mexicano
O peso mexicano opera em 19,1296 nesta segunda-feira. A semana passada foi positiva para o MXN, que começou nos níveis de 19.31 e foi valorizado até 19.0995, aproveitando o apetite ao risco desencadeado pelos avanços no Brexit e a esperança de que os EUA e a China cheguem a um acordo comercial significativo.
O peso começa em território negativo nesta segunda-feira após o avanço da semana passada. A provável extensão do Brexit que não foi ratificada devido à falta de votos. Esperamos uma evolução positiva no restante da semana, com uma semana com poucos eventos econômicos que possam retardar o progresso do peso. A proposta de Johnson para o Brexit ainda está viva e pode ser posta à votação esta semana.
O peso mexicano ainda é atraente, dadas as taxas diferenciais oferecidas, além da liquidez da moeda. Em períodos com um apetite de risco saudável, a moeda se valoriza mais rapidamente do que as outras da região.
O Fed reduzirá as taxas na próxima semana e, com o Banxico sem reunião em outubro, o diferencial de taxas entre os EUA e o México aumentará, aumentando a atratividade da moeda. O banco central do México não tem pressão inflacionária para manter a taxa em 7,75% e em novembro deve se ajustar para baixo, novamente em 25 pontos base na taxa de referência.
BRL – Real brasileiro
O real brasileiro opera em 4.1258 diante de um panorama com mais benefícios para os mercados emergentes. A proposta do Brexit não pôde ser finalizada no fim de semana, mas há opções para Boris Johnson solicitar uma extensão ou seu plano ser aprovado com as modificações necessárias.
China e Estados Unidos continuam apoiando um tratado limitado em suas declarações e, embora a euforia da reunião há duas semanas tenha sido reduzida, resta a esperança de que em novembro, quando Trump e Xi se encontrem, algum acordo significativo seja oficializado.
O real brasileiro continuará avançando e as previsões da moeda estão em 3,93 até o final do ano. As reformas estruturais avançaram e, com um ambiente macroeconômico menos hostil, a economia brasileira pode aumentar seu crescimento.
COP – Peso colombiano
O aumento do apetite ao risco no mercado levou o peso colombiano a distanciar-se do máximo histórico de 3.500. A COP opera em 3.428 e pode continuar a valorizar se os ventos macroeconômicos continuarem soprando em favor de um acordo Brexit e com os EUA e a China fazendo paz no comércio.
Os mercados emergentes estão avançando e são os ativos de refúgio que agora se desvalorizam. A moeda colombiana caminha em direção a níveis de 3.410 antes do fim de semana.
PETRÓLEO
O mix do WTI opera em 53,44 e o Brent em 59,17. As notícias de que a Rússia excedeu seus limites de produção reduziram os preços da energia. O pacto da OPEP e outros grandes produtores para limitar a produção de petróleo deram estabilidade de preços. O argumento da Rússia é que é um aumento temporário na preparação para o aumento da demanda no inverno.
A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China impactou o crescimento global e a demanda de energia caiu como resultado.
Na semana passada, a esperança de um acordo entre as duas potências manteve o preço do petróleo alto, mas sem detalhes concretos, a esperança começa a desaparecer e a realidade da oferta de petróleo ser muito maior do que a demanda começa a pressionar os preços para baixo.
OURO
O metal continua a operar próximo ao nível de US$ 1.500, apesar do aumento do apetite ao risco. A volatilidade do mercado, mesmo quando está perto de um avanço positivo nas frentes do Brexit e a guerra de tarifas entre os EUA e a China, continuam mantendo o ouro dentro das opções para os investidores.
COBRE
O cobre teve um ligeiro avanço na semana passada, depois que a economia da China continuou a perder velocidade, mas com a possibilidade de um acordo entre os EUA e a China, o metal se recuperou das perdas de meia semana e terminou em território positivo.
Esta semana começa com o pé direito para o metal base. O cobre opera em 2,6468 e a greve na mina de Escondida pode levar ao preço ainda mais alto. A sindicato de minas é solidária com os protestos na capital do Chile e interromperá as operações na terça-feira.