Gestão de processos na indústria florestal pode gerar economia de milhões
Em um segmento produtivo no qual o custo da matéria-prima em média representa 75% do valor do produto acabado, pode parecer que há pouco espaço para alterações ao longo do processo que permitam economia significativa para os players do setor. Mas a cadeia produtiva florestal pode ser um exemplo de que, focando nos detalhes, é possível alcançar economia significativa que em casos pode chegar a milhões de reais.
“Na cadeia produtiva florestal, até mesmo uma melhoria de 1% pode causar um tremendo impacto na rentabilidade”, afirma Marcelo Schmid, diretor da Forest2Market do Brasil. “Anualmente, uma serraria de grande porte no Brasil consome cerca de 600.000 toneladas de madeira e uma fábrica de celulose de grande porte consome mais de 5 milhões de toneladas. Ao comprar matéria-prima nessa escala, uma melhoria de 1% pode ter um impacto significativo”, afirma o especialista.
O banco de dados da Forest2Market do Brasil é composto por dados reais de transações e permite acesso a dados de preços de matérias-primas mais exatos e precisos disponíveis – em nível de centavos. “Usando nossos benchmarks e relatórios, nossos clientes podem identificar ineficiências individuais de componentes de custo em suas cadeias de suprimentos, incluindo origem, destino, volume, preço, espécie, produto e uma série de outros atributos exclusivos de cargas individuais de madeira”, afirma Marcelo.
As empresas podem usar essa inteligência de mercado para implementar novas estratégias, eliminar ineficiências e rastrear melhorias ao longo do tempo. Mesmo que a cadeia produtiva florestal pareça alheia às complexidades que acompanham o mundo tecnológico, sempre há um grande espaço para melhorias no processo. Desde aprimoramentos genéticos avançados em mudas de árvores que maximizam o volume de madeira, equipamentos que colhem florestas com mais eficiência em menos tempo, até automação de fábricas e inteligência de negócios que otimizam o processo de fabricação: a tecnologia faz parte da cadeia de suprimentos florestal moderna.
Economia real
Para exemplificar a escala de economia que os detalhes podem gerar, Marcelo analisa um caso hipotético de uma serraria brasileira de grande porte, onde a madeira em pé é o maior componente de custo (aproximadamente a metade). Como não é possível mexer no custo da madeira em pé, a alternativa é promover uma redução de 1% no custo médio do frete (R$ 0,003 / tonelada), o que resultaria em R$ 123.420,00/ano em economia.
Mas se a empresa conseguisse uma redução média de 1% em todos os componentes de custo (madeira em pé, colheita e frete), as medidas de corte combinadas totalizariam uma economia de quase R$ 627.420,00 por ano, conforme observado no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Economia anual gerada a partir de redução de 1% nos custos de cada componente da madeira entregue nas serrarias (fábricas com um consumo médio de 600 mil toneladas ao ano)
A análise de cada componente do preço da madeira entregue para uma grande fábrica de celulose, as pequenas diferenças podem representar uma economia muito significativa. Por exemplo, uma redução de 1% no custo médio do frete (somente R$ 0,003 / tonelada) equivaleria a R$ 2,5 milhões em economia ao ano. “Essa constatação já mostra que uma redução de meio quilômetro na distância média de transporte pode neste caso contribuir para uma economia total de R$ 3,3 milhões por ano”, analisa Marcelo Schmid, da Forest2Market do Brasil.
Promovendo o mesmo nível de redução (1%) nos demais componentes de custo da madeira entregue em uma grande fábrica de celulose, é possível economizar cerca de R$ 6 milhões ao ano (Gráfico 2). Uma redução média de 3%, por exemplo, levaria a uma impressionante economia de 18 milhões de reais.
Gráfico 2 – Economia anual gerada a partir da redução de cada componente da madeira entregue nas fábricas de celulose (fábricas com um consumo médio de 5,0 milhões de toneladas ao ano)
Processo simples, desafio complexo
De maneira geral, o processo produtivo da cadeia florestal se resume em manejar e colher árvores, e depois transportar árvores para uma fábrica onde elas serão transformadas em produtos de madeira. Para iniciar um novo ciclo, basta replantar e repetir as etapas anteriores.
Marcelo destaca a importância de não permitir que esse processo relativamente simples impeça a implementação de mudanças: “Costumo lembrar de um velho ditado que diz que as três palavras mais caras no mundo dos negócios são: sempre fizemos assim. O sucesso conquistado no passado não é garantia de sucesso no futuro. Mesmo que o processo em si não mude, sempre há espaço para implementar melhorias. E os números mostram o quanto vale a pena descobrir segredos na complexidade desse processo – aparentemente – tão simples”, finaliza o diretor da Forest2Market do Brasil.