•  terça-feira, 03 de dezembro de 2024

O que aconteceria se…?

Na última semana, em um evento próprio, a Disney anunciou que vai produzir uma série animada baseada em “What If…” para a sua plataforma de streaming, a Disney +, que estreia no fim deste ano lá fora e chega por aqui no ano que vem, algo que foi bastante comemorado pelos fãs.

What If…, para quem não sabe, eram histórias independentes no universo Marvel e que mostravam uma realidade diferente da comum. No Brasil, foram traduzidas como “O que aconteceria se…” e publicadas em diversas revistas. Lembro de ter lido “O que aconteceria se o Homem-Aranha não se casasse com a Mary Jane” (spoilers: nos quadrinhos eles casaram); e “Se o Homem-Aranha fosse dominado pelo uniforme negro” – que nas hqs era um simbionte alienígena altamente evoluído e que virou o Venom, na sequência.

E por que isso é importante? Por eu ser meio nerd e queria uma oportunidade de falar disso? Bom, também, mas não. Foi apenas um exemplo para demonstrar como a ideia do “e se fosse diferente” é algo que nos persegue desde sempre e nos faz, muitas vezes, sonhar com possibilidades que, na realidade, não existem e não há nenhuma maneira de fazer com que existissem.

Já dizia a banda Tópaz em “Se for pra tudo dar errado, quero que seja com você” (e recomendo o cover da Isis Vasconcellos, que me acompanha no momento da escrita): “O que podia ser, sempre vai ser melhor que é; as possibilidades vão perseguir o que a gente escolher”.

Sei, parece confuso, mas é bem simples na verdade: Quando tomamos uma decisão, escolhemos um caminho a seguir, e mesmo quando as coisas saem como planejado e acontecem da melhor maneira possível, para o bem o para o mal, não é incomum aquela “vozinha” no ouvido sussurrar, vez ou outra, “imagina se você tivesse feito isso ao invés de aquilo?”.

Acredito que isso seja normal e até saudável, nos ajude a medir as consequências de nossos atos e procurar agir (geralmente) da melhor maneira possível. Além disso, sempre é divertido imaginar como seria a nossa vida se uma sequência de acontecimentos aleatórios tivesse sido diferente – e eu tenho certeza de que poderia ser um astro do sertanejo raiz, jogador de futebol, ou até mesmo um grande produtor de blocos, se o destino tivesse caminhado diferente.

Por isso, o problema, no caso, não é imaginar essas “possibilidades impossíveis”, mas sim, agarrar-se a elas, a ponto de tentar recuperar um tempo que já foi, uma situação que não mais existe ou mesmo não reconhecer que, não importa o quanto a gente se arrependa, brigue, esperneie, lamente ou implore; a vida e o tempo só andam para frente, só avançam em uma linha reta e inexorável.

E muitas vezes, a maioria desses anseios é apenas ilusão e envolve uma imaginação fértil com cruzamento de linhas paralelas e teorias de viagem no tempo. Por exemplo, imagina que algo não foi feito há três anos e, vossa pessoa, arrependida, vai lá, decide que foi um erro não fazer, decide agir e tudo ocorre com perfeição, o céu é o limite. Significa que você perdeu três anos esperando? Não necessariamente, pois como não há como saber como teria sido no passado, também não dá para saber se o intervalo de tempo entre as ações produziria os mesmos resultados, afinal, assim como para as provas de alta velocidade, um centésimo de segundo pode ser a diferença entre o resultado desejado e a completa catástrofe.

E como citei algumas referências, vou lançar mais uma, o longa “Era uma vez… em Hollywood”, de Quentin Tarantino, que está em cartaz no cinema e apresenta uma versão fictícia para um caso trágico e famoso que aconteceu no fim dos anos 60. Por mais que o filme possa apresentar uma satisfação e um respiro de alívio, quando passa a catarse, por maior que seja, assim como nos divertimos com as versões diferentes do que poderia ter sido em nossas vidas, no final, o que sobra é a realidade. E, infelizmente, ela não se importa que todos quisessem que as coisas tivessem sido diferentes.

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