•  terça-feira, 03 de dezembro de 2024

E você, tem medo do quê?

Certa vez, em uma história em quadrinhos do Homem-Aranha, o Demolidor fez uma constatação que contrariava o famoso slogan do super-herói, que é conhecido como O Homem Sem Medo: “Se pudesse ver o que estou fazendo, provavelmente estaria me borrando”. Para quem não sabe, o advogado Matt Murdoch, vulgo Demolidor (Daredevil para os gringos) é cego desde a infância, mas possui sentidos ampliados. Hoje, talvez, seu maior medo fosse ter a sua própria série cancelada pela Netflix… ops, tarde demais, já aconteceu.

Enfim, é tão certo que na vida vamos ter medo de alguma coisa como vamos encontrar alguém reforçando esse sentimento com a palavra paúra, que eu sempre achei que só queria dizer a mesma coisa em italiano mesmo, mas acabei descobrindo que o dicionário considera com um medo exagerado.

Ainda assim, sentir medo é algo que nos fascina e, ao mesmo tempo em que tentamos evitar o que nos apavora, também somos atraídos por ele, de acordo com o que seja. Isso explica o sucesso dos filmes de terror, por exemplo, e a atração por esportes radicais ou atividades de risco por puro lazer, que estariam ligadas à excitação e à adrenalina.

Claro, existem medos que são comuns a muitas pessoas, como “medo de subir, gente; medo de cair, gente; medo de vertigem, quem não tem?”, de acordo com a Ciranda da Bailarina, mas existem medos quase que exclusivos, que poucas pessoas têm ou compartilham. Eu, por exemplo, quando era criança tinha medo de acordar um dia e minha casa estar cercada por índios armados com arco-e-flecha. Na pré-adolescência, esse pavor foi substituído pelo fato de morar ao lado de um cemitério (o Parque dos Ipês) e graças ao filme A Volta dos Mortos-vivos, qualquer chuva era suficiente para eu me encolher embaixo do cobertor acreditando que os cadáveres poderiam voltar à vida para comer meu cérebro (e acredito que muita gente teve o cérebro devorado por aí – alô terraplanistas).

Já na adolescência, as fobias sociais foram comuns – ser rejeitado, passar vergonha em público, etc – e aos poucos eu fui ligando cada vez menos para essas coisas. Não tanto quanto deveria e nem o quanto gostaria.

E lendo sobre o assunto, encontrei medos curiosos e que, felizmente, são muito raros mesmo (alguns a ponto de quase nem ser possível verificar a veracidade). Por exemplo, xantofobia, que é o medo da cor amarela, e que pode incluir até a palavra. Interessante observar que nos quadrinhos da DC Comics, a cor amarela representa o medo na mitologia dos Lanternas Verdes – enquanto que o verde representa força de vontade. Bom, para mim é interessante observar, no caso.

Outro curioso que encontrei foi a somnifobia, pavor de adormecer, algo que minha esposa não conhece nem de longe, mas imagino que deve funcionar muito bem nos filmes do Freddy Krueger.

Bastante atual, achei o Nomofobia, medo de ficar sem bateria, perder o sinal ou ficar sem o celular. Claro, isso todos temos um pouco, em maior ou menor grau, e impressionante imaginar como vivíamos (livres e felizes) antes e hoje sair sem celular faz parecer que deixamos a alma em casa.

Por fim, outra bem atual é a Eufobia, que, ao contrário do que possa parecer, não é o medo de si mesmo, mas o de ouvir notícias positivas. E recomendo às pessoas que sofrem desse mal que se mudem para o Brasil. O risco de serem “atingidos” por boas notícias anda cada vez menor por aqui.

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