•  quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Chama o VAR que vai

Inspirando-se em outros esportes como o basquete e o vôlei, a última Copa do Mundo, disputada em 2018, na Rússia, inaugurou o uso do VAR, o árbitro assistente de vídeo (do inglês Video Assistant Referee), que inclusive já estreou também por campeonatos pelo mundo, inclusive nas peladas profissionais aqui em nosso país.

E como não poderia deixar de ser, como tudo que ainda é novo, o árbitro de vídeo gerou polêmica, deixou jogos mais lentos, em muitas situações mais justos, em outras mais confusos e até ainda mais difíceis de se dizer se a marcação do juiz foi ou não correta.

Claro, há os que defendem que isso tira a “emoção” do futebol, como se ganhar com um gol roubado fosse emoção e não querer tirar vantagem de uma falha, no caso, mas tudo indica que o recurso veio para ficar, com modificações aqui e ali, maior agilidade, mas é bem provável acreditar que gols como o da “mão de Deus” de Maradona sejam cada vez mais raros.

Eu, particularmente, sou a favor, desde que bem usado, afinal, a tendência é que a tecnologia nos ajude cada vez mais a não errar. Embora, claro, como humanos, cometer erros está no nosso DNA e fazemos isso até quando as chances estão contra nós e o acerto parece indiscutível. Agora, imagina se o VAR estivesse disponível em nosso dia a dia, se uma decisão polêmica pudesse ser revisada, revista por outros ângulos e pudéssemos rever a escolha?

Claro, os projetos de vigilância e controle mais radicais preveem algo parecido, e as câmeras de radar de velocidade estão aí para provar que sim, você foi descuidado, estava correndo demais e vai ter que gastar uma grana, que poderia ser usada com algo realmente útil, para pagar uma multa.

Mas imagina se isso fosse possível em tudo. Num relacionamento que terminou, por exemplo. Os especialistas, incluindo ex-relacionados, se reuniriam em um programa e, com acesso a imagens do que aconteceu, fariam a análise se o término foi justo ou se foi um pé na bunda injustificado. “Ali, essa jogada, ele disse que tinha de trabalhar até tarde, mas saiu no horário normal e foi para o motel com a coleguinha de trabalho. Aí é vermelho direto, não tem nem que levar amarelo”. Ou ainda: “Olha esse lance, ela olhou para ele, logo depois do banho, e a única coisa que sentiu foi vontade de dormir no sofá. Ou no carro. Ou na calçada. Qualquer lugar que não fosse ao lado dele. Aí o juiz tem que intervir, tem que dizer que o amor acabou, parar o jogo, cada um segue para um lado e o árbitro dá bola ao chão”.

Também seria muito importante para garantir que não abusássemos de nossa saúde, seja por estresse do trabalho, seja por exagero nas diversões. Como naquelas horas-extras acumuladas em dias sem folga, que você sente estar caminhando como num sonho (ou pesadelo), sem saber mais se tá começando um novo dia ou acabando o anterior, eis que surgiria um chamado de alerta.

– Galvão?

– Fala Tino.

– Sentiu.

E aí era só seguir o alerta. O mesmo valeria, como disse, para a curtição desenfreada, principalmente para a galera que tá acostumada a beber como se não houvesse amanhã e dirigir (é uma aposta que pode terminar mesmo sem amanhã, aliás). Na hora de ir embora, o VAR poderia, assim como o competente Tino Marcos, avisar. “Galvão? Vai trocar”. E pronto, dá a chave para o motorista da rodada, chama um táxi ou pede um Uber. E torce para que ele não esteja rodando tempo demais, com a saúde comprometida. Na dúvida, melhor dar uma olhada antes no VAR, só para garantir que pode seguir o jogo.

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