“Hábito alimentar pode prevenir ou, até mesmo, reverter doenças”, reforça o Prof. Dr. Filippo Pedrinola
Endocrinologista alerta sobre o importante papel que alimentação exerce no sistema imunológico indo muito além do controle da obesidade
Desde o início da vida escolar, todos aprendem sobre a importância dos alimentos para uma vida saudável como fonte de vitaminas e nutrientes. No entanto, parece que ao passar do tempo as pessoas começam a observar seu hábito alimentar apenas como um aliado no controle da obesidade e se esquecem que simples mudanças em sua rotina podem prevenir ou, até mesmo, reverter as doenças crônicas, ou doenças de estilo de vida. Por isso, o endocrinologista Prof. Dr. Filippo Pedrinola sempre destaca papel do alimento para o funcionamento saudável do sistema imunológico e alertando que “comida é informação para o seu corpo”.
O sistema imunológico é uma rede de proteção composta por células, tecidos, órgãos e até bactérias de nossa microbiota que atuam em nossa defesa contra invasores, sejam microorganismos (bactérias, fungos, vírus, etc) ou substâncias tóxicas. Mantendo, assim, um corpo saudável e livre de doenças, infecções ou alergias.
Desenvolver um sistema imunológico eficiente, ou seja, um organismo saudável, depende de vários fatores, entre eles, o mais importante é o hábito alimentar. “É por intermédio dos alimentos que nosso corpo absorve vitaminas, minerais e substâncias bioativas. Este é o principal motivo da indicação de uma dieta variada e rica em alimentos como frutas, legumas, verduras e grãos, evitando alimentos processados, com muita gordura e açúcar”, explica o Prof. Dr. Filippo Pedrinola.
Microbiota é responsável por 70% dos sistema imunológico
O corpo humano é colonizado por milhões de microorganismos que, juntos, podem chegar a dois quilos, que é o peso aproximado do cérebro. Trata-se de bactérias que estão, em sua grande maioria, hospedadas no intestino e que exercem funções como se fossem um órgão responsável por 70% de todo o sistema imunológico de uma pessoa. Uma função protetora acontece por meio do deslocamento de patógenos, competição por nutrientes e receptores, além da produção de fatores antimicrobianos.
Além disso, a microbiota também está associada às funções metabólicas, por exemplo na síntese de vitaminas, biotina e folato, além da fermentação de resíduos de alimentos que não são digeridos.
Quando a microbiota está em desequilíbrio, o corpo passa a permitir uma maior atuação e proliferação de bactérias causadoras de doenças. Esse desequilíbrio, chamado de disbiose, pode ser causado por má alimentação (rica em gorduras saturadas e açúcares refinados), ingestão de álcool, fumo, infecções bacterianas, envelhecimento, medicamentos e, até mesmo, estresse e fadiga. Por isso, o grupo de risco para a disbiose são os portadores de doenças crônicas (como diabetes, hipertensão e câncer), idosos, crianças e atletas de alta performance.
“Um desequilíbrio na microbiota, ao contrário do que muita gente ainda acredita, não está ligado apenas a um desconforto intestinal. São inúmeros os sinais e sintomas causados pela disbiose, como alergias, rinites, infecções de vias aéreas, halitose, alterações de humor, insônia, enxaqueca, asma, eczema, dermatite atópica, psoríase, urticária, doença coronariana, fibromialgia, doenças articulares, diabetes, cólicas, diabetes e até a obesidade, tema da pesquisa indédita da Sociedade Americana de Microbiologia”, alerta Dr. Pedrinola.
Uma microbiota saudável já é uma grande aliada de um sistema imunológico eficiente.
Adotar a Dieta Mediterrânea é uma das práticas consideradas ideais
Hoje, depois de muitos estudos populacionais realizados em toda a história da humanidade, que o hábito alimentar considerado mais próximo do ideal é a chamada Dieta Mediterrânea. Uma afirmação baseada em inúmeros estudos científicos já publicados.
Após a 2ª Guerra Mundial, um fisiologista norte-americano chamado Ancel Keys desembarcou em Salermo, no sul da Itália. Ele observou que os habitantes da região banhada pelo Mar Mediterrâneo. Diferentes países e diferentes culturas que compartilhavam um hábito alimentar comum devido as características similares de clima, solo e vegetação. Apedar de rica em gordura, o pesquisador identificou que essa população apresentava baixíssimos índices de doenças cardiovasculares.
Basicamente, as refeições eram compostas por peixes de água salgada, azeite de oliva, oleaginosas, frutas, legumes, grãos integrais e derivados do leite como queijo e iogurte. Consumiam poucas quantidades de carne vermelha e alimentos processados.
Ao adotar o mesmo hábito alimentar, é comprovada cientificamente a proteção cardiovascular, prevenção do diabetes e do câncer, melhora da função intestinal e estimula a atividade cognitiva do cérebro e prevenindo o temido Mal de Alzheimer.