SBPC discute desafios para a ciência e tecnologia no país
Ocorreu em Campo Grande (MS), na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a 71ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Considerado o principal evento de pesquisa acadêmica do país, reuniu professores e cientistas das mais diversas regiões.
O encontro recebeu conferências sobre variados assuntos, como impactos da privação do sono, métodos de análise da biodiversidade brasileira, doenças infecciosas em mega cidades, cooperativismo no país, uso da robótica como recurso pedagógica em salas de aula e impactos do envelhecimento na assistência à saúde.
Mais de 18 mil pessoas se inscreveram para participar da reunião anual; uma média de 14 conferências e 15 mesas-redondas simultâneas a cada dia. Também houve a apresentação de 688 trabalhos acadêmicos.
Nas áreas abertas ao público, foram realizados 44 minicursos, e estandes apresentam as produções de institutos de pesquisa vinculados ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). No sábado (27), último dia do encontro, o evento foi aberto a todas as pessoas para visitar a universidade e as exposições. “As crianças vieram durante a semana e trouxeram os familiares. É uma forma de criar semente na criançada”, disse o secretário-geral da SBPC, Paulo Hofmann.
*Afro e indígena
O encontro contou com um conjunto de atividades voltadas especificamente às populações e temáticas afro-brasileiras e indígenas. Entre os temas das conferências e palestras: a preservação das línguas indígenas, os impactos das ações afirmativas na academia e na produção científica, a atuação de intelectuais negras, cosmovisões de povos como os Guarani e os desafios às comunidades quilombolas no caso do acordo de salvaguardas envolvendo a base na cidade de Alcântara (MA).
*Política de C&T
Uma parte importante das atividades do encontro esteve voltada a temas relacionados à área de Ciência e Tecnologia, das formas de produção de conhecimento nas universidades às maneiras de diálogo com a sociedade. Entre as mesas-redondas: os impactos sociais de ciência e tecnologia, perspectiva da pesquisa na pós-graduação e instrumentos de financiamento do setor.
Na abertura da reunião, a situação da C&T perpassou a fala de representantes de diversos segmentos. O ministro interino da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Julio Semeghini, apresentou iniciativas da pasta, como o programa Ciência na Escola, e defendeu a união das entidades do setor para mostrar a importância da área e para recuperar o orçamento do setor.
“Temos que aproveitar os esforços todos para trabalhar em rede. Vemos aqui uma diversidade muito grande. Que a gente consiga mostrar para os congressistas para voltar a ter uma relação de investimento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 2%, quando hoje estamos perto de 1%”, disse o ministro.
O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, destacou a importância da realização do evento em um quadro que caracterizou como um “momento difícil, de crise, da ciência brasileira”. “Estamos vivendo cortes acentuados no orçamento. Não podemos deixar de defender a ciência neste momento”, disse, acrescentando que a entidade vai continuar lutando também pela educação pública, gratuita e de qualidade.
A presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flávia da Silva, também abordou a falta de investimentos no setor, questionando cortes em bolsas de órgãos como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Capes e CNPq são patrimônios da ciência brasileira e precisam ser preservadas”, defendeu.
(Agência Brasil)