CoronaVac poderia ser adaptada à variante ômicron em três meses, diz cientista
Anúncio foi feito em evento realizado pelo Instituto Butantan, que produz a vacina no Brasil em parceria com a chinesa Sinovac Biotech
Uma nova versão da vacina CoronaVac efetiva contra a variante ômicron do SARS-CoV-2 pode estar disponível em até três meses.
O anúncio foi feito na terça-feira (7) por Yaling Hu, coordenadora dos estudos sobre a vacina na China, durante a abertura de um seminário internacional promovido pelo Instituto Butantan que acontece até hoje (09/12) de forma virtual. A instituição produz o imunizante no Brasil em parceira com a indústria farmacêutica chinesa Sinovac Biotech.
“O desenvolvimento [de uma versão] da vacina contra a cepa ômicron poderá ser concluído em três meses”, afirmou Hu. De acordo com a pesquisadora, inicialmente serão feitos testes in vitro de anticorpos neutralizantes contra a nova cepa induzidos pela vacina, que devem ser concluídos em até duas semanas. “Temos capacidade de fazer 2 mil ensaios por dia para detecção de anticorpos neutralizantes contra múltiplos vírus”, afirmou Hu.
Se os testes forem bem-sucedidos, uma fórmula da vacina efetiva contra a ômicron será avaliada em testes clínicos com pacientes de diferentes faixas etárias, cronogramas de imunização e intervalos de tempo de aplicação de dose de reforço.
“A capacidade de fornecimento da vacina contra a ômicron pode ser de cerca de 1 a 1,5 bilhão de doses por ano”, disse Hu.
Imunidade em Serrana
Durante o evento foram apresentados os últimos resultados de eficácia e segurança do imunizante contra a COVID-19 e os fundamentos científicos do Projeto S, realizado na cidade de Serrana (SP).
Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, mostraram que a efetividade da CoronaVac foi de 80,5% contra casos sintomáticos, 95% contra hospitalizações e 94,9% contra óbitos.
A imunidade coletiva contra casos sintomáticos foi atingida com 52% da população adulta da cidade vacinada, afirmou Marcos Borges, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
“A partir da 13ª semana do estudo, quando 52% da população já tinha sido vacinada, começarmos a observar uma redução significativa dos casos sintomáticos que perdurou até o final da pesquisa”, afirmou Borges.
“Isso demonstra que, com 52% da população completamente vacinada, Serrana atingiu a imunidade coletiva”, disse Borges.
A FAPESP apoia, desde 2020, os ensaios clínicos fase 3 da CoronaVac, junto com a iniciativa Todos pela Saúde, do Itaú Unibanco, assim como as investigações relacionadas à resposta imune da vacina desenvolvida pela Universidade Oxford (Reino Unido) em parceria com a AstraZeneca, realizadas por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp).