•  quinta-feira, 21 de novembro de 2024

É Falso

 

Desde criança sempre fui alertado a tomar cuidado com as pessoas falsas. Em um contexto geral, imagino que a falsidade seja no comportamento, já que os manequins nunca me fizeram mal alguém e, com exceção de “Manequim – O Filme”, reprisado incansavelmente na Sessão da Tarde; e da manequim com sorriso de colar de marfim do Dominó, não me ocorre algum momento que elas tenham ganhado algum destaque.

Pessoas falsas, na verdade, a despeito de manequins, androides, sintozóides (como o Visão da Marvel), entre outras variações, podem se apresentar de muitas formas, ainda que apenas humanas.

Uma falsidade que sempre me intrigou, por exemplo, é a do falso-magro, expressão que escuto vez ou outra e descobri se tratar de pessoas que não estão acima do peso, mas apresentam alto índice de gordura corporal ou mesmo uma pancinha discreta só visualizada aos olhos quando nu. Até então eu acreditava que eram pessoas gordinhas que eram capazes de prender a respiração e enchiam novamente quando sozinhas, tal qual os baiacus.

Aliás, por conta dessa expressão, me descobri também como um “falso-belo”, o que significa que possuo beleza, mas ninguém nota porque sou assintomático.

A falsidade também pode entrar para o campo da criminalidade, como no caso da ideológica, que não é bem sobre mentir a respeito da sua ideologia (como tantos políticos fazem até que alcancem seus interesses e mudem de direita para esquerda e vice-versa), mas consiste em mentir ou alterar dados para criar documento. Em exemplo bem claro, é exatamente o que fizeram algumas figuras do governo federal ao incluírem cursos que nunca fizeram ou universidades que jamais cursaram nos próprios currículos (ou Lato Senso). Usar falsa carteirinha de estudante para pagar meia entrada em shows e cinemas também é, no caso. E a lei prevê até prisão nesses casos (ainda que ninguém nunca tenha visto).

Outro falso que se popularizou, embora exista desde que o mundo é mundo, é o profeta, também sendo atribuído como curandeiro, messias, místico, entre outros. João de Deus, que há anos cometia crimes e abusos sob a alcunha de… bom, João de Deus, foi preso depois de dezenas de denúncias. O que se verificou até o momento é que a única coisa comprovadamente correta sobre ele é que era falso.

O que me faz lembrar do Dr. Fritz, dito médico alemão que incorporaria em algum desavisado para atendimentos milagrosos. Ele, que teria sido um médico morto no período do nazismo (não me ocorre se contra ou a favor do regime – nazista e não regime de falso-magro), teria incorporado mais de um brasileiro. Lembro-me de um deles dando entrevista no Jô Soares, em que afirmava, inclusive, conhecer a data da própria morte. Sujeito carismático, passava confiança sem arrogância e em quem muitos acreditaram. No entanto, falso, como se descobriu tempos depois.

A falsidade, enfim, afeta praticamente todos os campos da nossa vida, às vezes de forma criativa (empresas chinesas que começaram falsificando smartphones acabaram criando seus próprios produtos – e me ocorre agora que, na infância, quase comprei um tênis “Pluma”, que imitava a marca Puma na feira), noutras, de forma perniciosa, principalmente quando nos engana, ilude, ludibria.

Seja como for, em caso de pessoas ou situações, o melhor sempre é recusar a falsificação. Manter por perto só quem for original ainda é a melhor recomendação. (Com exceção dos falsos-magros e dos falsos-belos, esses são inocentes).

Por Luciano Rodrigues

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