•  quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Comer, comer; é o melhor para poder crescer

Eu gosto de comer. Não chego a ser um especialista na arte, como Anton Egon (de Ratatouille), que adorava comer e o que não era ótimo, não engolia. Não, eu topo comer umas besteiras que não melhoram minha saúde, constituição física e não trazem nenhum bem realmente, a não ser, saciar a minha gula, às vezes acompanhada de ansiedade, canseira ou mesmo só gula, que ainda por cima é pecado.

Mas nem sempre foi assim. Lembro que quando eu era criança minha alimentação era restrita. Bolacha recheada? Só de sobremesa após as refeições e, no máximo, em dias de boa vontade paterna, três bolachinhas depois da janta. O horário de comer também era bastante inflexível. Comer besteira fora de hora? Nem pensar.

Claro, boa parte disso se deve à educação que meus pais me deram, que entendiam que criança precisa de regras, senão vai viver de comer coisas que não deve, tipo achocolatado em pó, lamber a faca com margarina, essas coisas (me pergunto como eu gostava disso). Mas também é certo que “os tempos são outros”, e hoje comemos mais, com muito mais opções, mas não necessariamente nos alimentamos melhor.

Eu demorei para entrar nos tempos modernos. Na época da faculdade, quando a galera começava a falar sobre comida, pratos saborosos e restaurantes recomendáveis, eu sempre ficava alheio às conversas. Até porque ninguém ia querer ouvir minhas recomendações sobre pão com manteiga, café com leite e salgadinhos “Hap Top” de trinta centavos, coisas que compunham, basicamente, minha alimentação diária.

Mas, como em tudo na vida, a gente sempre pode crescer e foi o que aconteceu. Cresci – literalmente, foram uns 20 quilos, o que só não me deixou em pânico porque eu era terrivelmente abaixo do meu peso ideal – e apareci, conhecendo um mundo de gostos e sabores. E para quem experimentou seu primeiro McDonalds aos 16 anos, para só depois, aos 19, repetir a experiência, convenhamos, ter tantas ofertas de fast food (ou junk “lixo” food) é algo tentador.

Felizmente, embora costume falhar quase sempre que tento resistir a um chocolate, fui capaz de desenvolver bons hábitos de alimentação que evitam o pior. Não o suficiente e a tempo, os incontáveis litros de refrigerante que tomei (principalmente nos anos em que trabalhei na Ambev) foram suficientes para me deixar uma gastrite incômoda, que volta e meia dá as caras.

Mas a verdade é que ter uma alimentação regrada não é tão fácil quanto parece. Primeiro porque a oferta de produtos hoje é enorme, com grande parte deles não fazendo nenhum bem ao organismo, a não ser te dar uma sensação de prazer que se assemelha ao de algumas drogas recreativas. O tempo que não temos também ajuda a substituir um prato saudável por um fast food maroto e rápido; quem nunca?

E os problemas vão bem além. Alimentos mais saudáveis não são baratos, muitas vezes nem são acessíveis e, para ajudar, nem todos são gostosos (pelo menos, não para o nosso paladar de meros mortais educados à base de ultraprocessados).

“Vilões e heróis” entre os alimentos variam conforme a época. O ovo já foi bom, ruim, bom de novo. Café, nossa, era bom, virou veneno e volto a ser bom – desde que sejam só duas xícaras por dia. Pela moda já passaram chá verde, Sal do Himalaia, entre outros.

E embora dietas saudáveis estejam disponíveis aos milhares por aí, a maioria tem resultados e efeitos não comprovados ou são difíceis de seguir.

Mas ei, ninguém disse que seria fácil ser saudável não é? Até porque, se fosse, certeza que descobriríamos um jeito de dificultar tudo e viver nossa gordice cheia de culpas e desculpas.

 

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