São Paulo Fashion Week comemora 25 anos com apresentações digitais
O SPFW, celebrou 25 anos com edição digital que ocorreu entre os dias 4 e 8 de novembro de 2020, e instituiu em alinhamento com as demandas que surgiram do grupo de modelos e profissionais que todas as marcas que fazem parte do lineup do evento serão obrigadas a ter no mínimo 50% do seus castings compostos por negros, afrodescendentes, indígenas e/ou asiáticos.
A organização do evento já vinha nos últimos meses discutindo com profissionais envolvidos nos desfiles as necessidades de mudanças mais efetivas que já eram esperadas pela sociedade. Assim, foi o primeiro evento de moda no mundo a tomar tal decisão que já é histórica e isso deve influenciar outros eventos.
A seguir, um breve resumo sobre as principais grifes que se apresentaram no primeiro e segundo dia.
Logo no primeiro dia, a ALG, marca estreante na SPFW, a linha mais acessível e esportiva da À La Garçonne, que tem também Alexandre Herchcovitch como estilista, foi a mais fiel ao formato desfile. Modelos em sequência exibiram t-shirts, parkas tricolores, bikers e peças em modelagem oversized. A silhueta afastada do corpo somada a cartela majoritariamente em tons pastel enfatizaram o apelo mais jovem e comercial da coleção. A etiqueta também optou pelo formato see now, buy now; segundo Alexandre boa parte das peças já estavam disponíveis no e-commerce desde o início da tarde do dia 04.
No segundo dia da edição digital da SPFW, Amir Slama exibiu sua coleção com a letra da música “Dura na Queda” interpretada por Elza Soares ao fundo, revelando o tom otimista da coleção. O estilista fez questão de enfatizar que queria que sua apresentação fosse um sopro de leveza em meio a esse momento marcado por tantos fatos caóticos e também se referindo a pandemia.
Na prática a exibição contou com maiôs ultra cavados, biquínis com recortes e formas geométricas na modelagem. Algumas das peças que estavam no acervo da marca foram recicladas e ganharam novos ares e decotes. Em comum, os tons de entardecer e a estampa de sol que apareceu em quase todos os looks.
A coleção foi produzida com a reciclagem de tecidos da própria marca, tingidos com técnica de tie-dye, que virou febre na pandemia do Covid-19. Os aviamentos também são feitos a partir de antigas peças de acrílico do estoque e os tênis são da Fila.
Ainda no segundo dia, A.Niemeyer encontrou uma forma sofisticada para mostrar sua nova coleção, sem parecer comercial. Em vídeo, o casting diverso exibiu as criações de Fernanda Niemeyer e Renata Alhadeff, mostrando que a marca entende bem a mulher com quem se comunica.
Em uma cartela formada principalmente por terrosos e neutros, as peças misturavam diferentes técnicas e materiais.
Desde o começo, há 14 anos, a ideia é de uma moda atemporal e confortável, destacando uma cartela de cores mais neutra que traz também o valor do reaproveitamento de peças já existentes. Na nova coleção, o upcycling e novas criações se integram reforçando o valor de peças mais duráveis e de consumo mais consciente, com atenção para detalhes manuais e diferentes texturas.
Lu Salles