•  domingo, 24 de novembro de 2024

Sesc amplifica vozes de povos originários sobre modos de existir

Projeto ‘Do Meu Canto Conto Eu’ é um convite a silenciar e ouvir com atenção o que nos contam povos originários do Brasil, por meio de bate-papo ao vivo e série audiovisual

Com o objetivo de aproximar os públicos da cultura de povos originários brasileiros, o Sesc realiza, entre novembro e dezembro, o projeto ‘Do Meu Canto Conto Eu’. Uma ação que engloba um bate-papo com transmissão ao vivo e a publicação de uma série de vídeos que trazem as reflexões de povos indígenas sobre modos de existir, por meio de registros audiovisuais feitos por eles mesmos.

O projeto foi idealizado pela artista palhaça Priscila Jácomo, que acumula anos de experiências vividas junto a povos indígenas. Ela conta como intuiu que a figura do palhaço é uma espécie de conector de humanidades, que muito além de fazer rir, tem uma função social descolonizadora no mundo e precisa agir, em especial, fora de cena: “o palhaço reverencia tudo o que é considerado diferente e é embaixador das vozes não ouvidas e de todas as outras possibilidades de viver e existir no planeta.”

A partir desse entendimento, e em meio ao clima de desalento trazido pela pandemia, Priscila enxergou uma oportunidade de fazer uma ponte para que indígenas dos povos Krahô (Tocantis); Kariri Xocó (Alagoas); e Guarani Mbya (terra indígena no Jaraguá, São Paulo – capital) pudessem contar diretamente de seus cantos, suas reflexões e modos de atravessar esse momento.

No dia 6 de novembro, Dia Nacional do Riso, acontece o lançamento do projeto com uma live que reunirá a idealizadora do trabalho, Jácomo, em conversa com Dani Scopin, animadora cultural do Sesc, e também com Simone Crowkwyj Krahô e Carmem Lúcia Kriri Krahô, moradoras da Aldeia Krahô Manuel Alves, no Tocantins. A abertura da  início a ação a partir da partilha do processo do projeto e suas questões. A transmissão acontecerá às 19h, com transmissão simultânea pelas unidades do Sesc de Osasco, Itaquera e Jundiaí.

A Série

Os vídeos que compõem o projeto compreendem ao todo 9 registros, entre 5 e 10 minutos cada, feitos com imagens captadas pelos indígenas em suas aldeias, com seus celulares. Um novo vídeo vai ao ar semanalmente, às quartas-feiras, de 6/11 a 30/12, e poderá ser conferido pelas redes sociais das unidades do Sesc envolvidas no projeto.

Nessa ação coletiva, cada povo à sua maneira produz seu material de acordo com o quê e como deseja mostrar:

Os Guarani Mbya abordarão a ideia do Tempo Novo, o “Arapyau” (o ano novo do Povo Guarani Mbya), celebração que comemora o tempo de renascimento, de fortalecimento.

Os Krahô abraçarão as palavras Brincadeira e Equilíbrio e, com isso, evidenciarão que a figura do palhaço também está ligada aos povos originários. O Hotxuá, que é o ‘palhaço sagrado’ do povo Krahô, é apresentado como um ser com a função de brincar e equilibrar onde está pesado e triste, como neste momento de enfrentamento ao desconhecido da pandemia.

Os Kariri Xocó nos contarão que A Terra é quem recomeça. Uma jovem kariri xocó deu um grande ensinamento durante a pandemia ao dizer que devemos agradecer e viver essa lição que a Terra nos mandou, é um aviso, um tempo parado antes de um recomeço.

Antevendo um pouco do que será abordado na live, vale destacar que o processo de diálogo com os representantes dos povos originários participantes, envolvendo conversas entre a idealizadora do projeto, os editores audiovisuais (Melquior Brito e Thiago Carvalho) e o comunicador popular (Anderson Rodrigo dos Santos) aconteceram todos virtualmente, respeitando o momento da pandemia.


A Equipe


Priscila Jácomo
é palhaça, idealizadora e coordenadora do Povo Parrir, projeto que promove o encontro de palhaços e ‘fazedores de riso’ dos povos indígenas tanto nas aldeias quanto na cidade. Na cidade, os encontros resultam em ‘apresentações rituais’ que misturam cantos, danças e brincadeiras, são os ‘Rituais Parrir e Parresistir’.  Pesquisa o palhaço para além da cena. Foi contemplada com Iberescena de Coprodução (Brasil/Equador) com o Projeto ‘Payasas Sagradas Escénicas’ que resultou no espetáculo solo ‘S.O.S. Quase Tudo’ dirigido por Ricardo Puccetti (Lume Teatro). Ministra as oficinas ‘O Jogo do Palhaço’, ‘Pra Reverenciar o Riso da Terra’ e ‘Pra tocar sem Encostar’.

Thiago Carvalho é jornalista, fotógrafo, realizador audiovisual e designer digital. Membro do Coletivo Salve Kebrada, atua nos bairros Jaraguá/Taipas, zona noroeste de São Paulo, com cultura e história da região. Junto aos Guarani Mbya já dirigiu diversos documentários de curta-metragem dentre eles “Atrás da Pedra – Resistência Tekoa Guarani”, “Guarani Mbya – Um ato legítimo”, “Parente Guerreiro – Luta e Resistência Indígena”, “Ribeirão das Lavras – Um rio Guarani”, “Maino’i – Opy Pyau Itakupe”, “Avaxi Ete’i – Milho Verdadeiro” e “Oremba Eí Yma Guare – O Mel do Passado”. Atuando como fotógrafo desenvolveu uma série também relacionada à questão indígena com o título “Atrás da Pedra – Por uma terra sem males”, que ficou em exposição na Galeria Consigo, em São Paulo.

Melquior Brito cursou Rádio e TV na Faculdade Cásper Líbero e atuou como cinegrafista na tv bandeirantes e na tb gazeta. No cinema foi produtor de elenco e operador de áudio no curta “Coulrofobia” (Faculdade Cásper Líbero) – Prêmio Casperito: Melhor Curta, Melhor Roteiro, Melhor Direção do ano de 2011. Dirigiu e editou o audio-documentário: “Remi, Revivendo o passado” (Faculdade Cásper Líbero) – Prêmio Casperito: Melhor trabalho de áudio do ano de 2011. Foi co-roterista e co- diretor da websérie – “Milo” (Faculdade Cásper Líbero) – Prêmio Casperito: Melhor TCC da Faculdade Cásper Líbero no ano de 2012. Foi roteirista e diretor do curta ‘Criptonita’ (Acadêmia Internacional de Cinema) – Prêmio: Melhor direção de Arte – Festival Filmworks 2015. Foi roteirista e diretor do curta Salif – Prêmio: Melhor ator e melhor filme (juri popular) – Festival Filmworks 2016. Foi diretor e fotógrafo do curta ‘Índio Gladiador’ exibido na Mostra Cine Cipó 2016, na Mostra Petit Pavé de Curitiba 2016 e no Cine Creed 2016. Foi assistente de direção do curta Dual exibido no MIS – Mostra Primeiras Impressōes 2017. Foi diretor junto com Priscila Jácomo do curta ‘Alegria da Terra’ – melhor filme – Cinefest Gato Preto 2017 e do curta ‘O Riso da Mata’.

Anderson Rodrigo dos Santos é mestre em Economia Política (PUC-SP, 2012-2014), estudou Histórias e Culturas Indígenas pelo CIMI e Unila (2018), é educador popular pelo Núcleo de Educação Popular “13 de Maio” (2017-2019), comunicador popular e midiativista pelo Coletivo de Mídia Livre “Vai Jão!” (2013-2018), membro da Rede de Apoio ao Povo Kariri Xocó (2015-2020), membro da Comissão do Fórum e da Comissão de Visibilidade da População em Situação de Rua em Campinas (2013-2017), coprodução da Mostra Luta Campinas (2014-2016), coprodução da Semana Audiovisual de Campinas – SEDA (2014-2018), membro dos Encontros Latino-americano de Midialivristas – Facção (2013-2014), coprodutor da aula espetáculo de Ariano Suassuna sobre “As Raízes Populares da Cultura Brasileira” (Theatro Municipal de Paulínia 2009), tesoureiro e coordenador do DCE Celso Furtado Facamp (2007 à 2010). Experiências com povos indígenas Fulni-ô (PE), Guarani e Terena (SP), Kariri Xocó (AL), Pataxó (BA), Potiguara (PB) e Xakriabá e Xucuru Kariri (MG).

 

Serviço

Do Meu Canto Conto Eu

Lançamento: Dia 6/11, sexta, a partir das 19h – live de abertura & primeiro vídeo no facebook das unidades que integram o projeto

sesc jundiaí
sesc osasco
sesc itaquera

Novos vídeos: às quartas-feiras, até 30/12

Ler Anterior

Covid-19 / Itupeva – 04/11/2020:

Ler Próxima

Instituto de Botânica estuda impactos do clima e da urbanização no Cinturão Verde de SP