•  domingo, 24 de novembro de 2024

Com 2.825 pontos de incêndio, Pantanal tem pior outubro da história, indicam dados do Inpe

O Pantanal já tem o pior mês de outubro em focos de incêndio da história: desde o dia 1° até a quarta-feira (28), foram registrados 2.825 pontos de fogo no bioma, segundo dados mais recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O recorde até então para o mês era de 2002, quando haviam sido registrados 2.761 focos. O monitoramento do Inpe começou em 1998.

Focos de incêndio no Pantanal em outubro
Bioma tem pior mês desde o início das medições do Inpe, em 1998

Os focos de outubro também já haviam ultrapassado, 15 dias antes do fim do mês, o total visto no mesmo período do ano passado.

As altas de outubro vêm depois de o bioma ter a pior quantidade de incêndios mensais na história – para qualquer mês – em setembro. Antes disso, nos primeiros 17 dias de setembro, os recordes para aquele mês já haviam sido ultrapassados.

Queimadas anuais no Pantanal (2005-20)
Alta em relação ao recorde anterior, de 2005, é de 68%

O bioma também registrou o pior julho e o segundo pior agosto da história; em setembro, este ano se tornou o pior em número de pontos de fogo no Pantanal. Até 2018, o bioma era o mais preservado do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Antes do mês passado, o acumulado mais alto havia sido registrado em 2005, com 12.536 focos em todo o ano (veja gráfico acima). A alta neste ano já é de 68%.

Chuva não indica fim da seca

O Pantanal enfrenta a sua pior seca em 47 anos – o que contribui para o alastramento do fogo. O bioma pantaneiro é a maior planície alagada do mundo, mas, quando não chove, a planície não alaga, o que permite que o fogo se espalhe.

A chuva vista recentemente na região (veja vídeo acima) fez os números de focos de incêndio caírem bastante em alguns dias, mas especialistas alertam que o Pantanal deve demorar a se recuperar.

Focos de incêndio no Pantanal em outubro
Chuvas contribuíram para queda no número de focos em alguns dias
“Não vai ser uma chuva que vai transformar a condição de seca. Os impactos causados por essa longa estiagem vão atuar ainda algum tempo na região”, afirma o pesquisador Marcelo Parente Henriques, da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública brasileira.

 

O solo – que oscila entre vegetação e sedimento, segundo Henriques – vira uma biomassa que fica como uma turfa apodrecida, “um excelente material para queima”, diz o especialista.

Com atribuições do Serviço Geológico do Brasil, a CPRM monitora, entre outros dados, os níveis dos rios brasileiros. Segundo o último boletim do serviço, do dia 22, os níveis do Rio Paraguai, que é responsável pela inundação do Pantanal, ficaram estáveis pela primeira vez depois de quedas que duraram até a semana anterior.

Amazônia

O número de focos de incêndio na Amazônia também vem alcançando altas históricas: as queimadas na floresta este ano já ultrapassam as vistas em todo o ano passado. De janeiro até quarta-feira (28), o bioma tinha registrado 91.873 pontos de incêndio, 2.697 a mais do que os contabilizados de janeiro a dezembro de 2019.

Além disso, o acumulado de pontos de fogo na floresta vistos de janeiro a setembro foi o maior desde 2010.

Embates com o governo: voo Manaus-Boa Vista

Os dados de queimadas têm causado embates com o governo federal.

No mais recente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não era possível avistar “nada queimado” ou “selva devastada” em um voo entre as cidades de Manaus e Boa Vista.

Dados do próprio governo, entretanto, mostram que essa rota cruzaria o céu da cidade em Roraima com mais focos de queimadas neste ano: Rorainópolis.

Além disso, o voo passaria por municípios que acumularam 20,5 mil hectares de desmatamento de agosto de 2018 a julho de 2019: Presidente Figueiredo (AM), Caracaraí (RR) e a própria Rorainópolis.

G1

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