•  sábado, 23 de novembro de 2024

Secretaria de Agricultura apresenta nova organização da programação de pesquisa

Integrar as competentes equipes, otimizar infraestrutura, estabelecer projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em rede, aumentar a eficiência e ampliar parcerias com os usuários dos resultados da pesquisa agropecuária são as metas traçadas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado para reorganizar a programação científica e tecnológica nos Institutos de pesquisa e Polos Regionais, que compõem a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).

O diagnóstico da ciência produzida por esse conjunto de instituições, que são referência na pesquisa agropecuária no Brasil e no mundo, foi apresentado aos servidores da Secretaria durante a live “Programação de Pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo”, realizada em 18 de agosto.

Durante o evento online, foram apresentados os horizontes da reorganização da programação científica dos Institutos da APTA: Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca (IP), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto de Zootecnia (IZ) e APTA Regional, com seus 11 Polos.

O objetivo é gerar soluções tecnológicas, a partir da ciência agropecuária, que sejam adotadas pelo setor agro nacional, envolvendo pequenos, médios e grandes produtores, das diversas cadeias.

Cenário atual

A secretária-executiva da Secretaria, Gabriela Chiste, abriu o evento falando sobre a importância do desenvolvimento científico, ainda mais evidente no atual cenário de pandemia. Para exemplificar, ela mencionou as testagens do RT-qPCR realizadas pelo Instituto Biológico para diagnóstico de COVID-19.

Chiste ressaltou que a pesquisa, tecnologia e inovação são as bases para o futuro da agropecuária e este tripé colocará o setor em um novo patamar nos próximos anos. “A transformação virá com muita tecnologia. Falar em planejamento da pesquisa e organização das atividades é falar em potencializar as estruturas, aumentar os resultados e entregá-los para a toda a sociedade”, afirmou.

O coordenador da APTA, Antonio Batista Filho, também participou do evento. Segundo ele, não é por acaso que o Brasil faz hoje a melhor agricultura tropical do planeta e que esse resultado está baseado em ciência e tecnologia.

“Temos reunidos mais de 500 anos de pesquisa agropecuária pelos Institutos de pesquisa que compõem a APTA. Temos um exército de 501 pesquisadores e outros 865 servidores de apoio que têm atuado de forma brilhante ao longo de todos esses anos”, disse. Para Batista, é necessário avaliar novos cenários e reprogramar as pesquisas para facilitar e viabilizar projetos que levem em consideração os problemas da sociedade.

Integração

A reorganização da pesquisa no âmbito da APTA está sendo pensada e debatida por pesquisadores e lideranças há um ano e meio. Durante esse período, foi realizado um diagnóstico cuidadoso que avaliou a inserção das pesquisas desenvolvidas pelas unidades da Agência em 18 cadeias de produção do agro.

Ao todo, foram realizados 18 eventos em 2019, que reuniram público de 952 pessoas, sendo 78,3% delas oriundas dos Institutos da APTA e 21,7% de outras unidades da Secretarias e instituições externas.

De acordo com o diretor-geral do IAC e responsável pela nova programação de pesquisa na Agência, Marcos Antônio Machado, atualmente estão cadastrados no Sistema de Gestão de Projetos da Agência (SGP), 368 projetos e 255 propostas, em 20 áreas estratégicas e 33 linhas de pesquisa.

Machado ressaltou a competência das equipes da APTA e afirmou que a integração irá contribuir para melhorar a representatividade da ciência paulista dentro do Governo e da sociedade. “Ao otimizar equipes e infraestrutura, vamos aproveitar mais o que temos de melhor: as pessoas, as inteligências”, pontuou.

Para ele, outra necessidade é formar novas lideranças cientificas, considerando que muitas delas poderão se aposentar em curto e médio prazos. “Nossas análises mostram que temos uma reduzida integração, percebemos um conjunto de projetos e iniciativas individuais, com ausência de priorização das atividades e foco”, disse.

Estratégias

Com base no diagnóstico, começaram a ser discutidas formas para reorganizar a programação científica. Foram definidas, então, três áreas estratégias para atuação: inovação e tecnologias emergentes; sustentabilidade e segurança alimentar. “Nessas três áreas, temos 13 programas com temas agregadores, que integram as pessoas. Esses temas são abrangentes para que todos se vejam nessa organização, que está alinhada às diretrizes da Secretaria, com vários pontos convergentes ao Cidadania no Campo”, explicou, referindo-se ao projeto que norteia as ações da Secretaria de Agricultura.

Essa nova organização de trabalho já está em funcionamento, mas o processo total de implementação das ações deve ocorrer em até um ano. “É ilusório pensar que vamos resolver os problemas sozinhos, precisamos trabalhar em rede e transferir nossos resultados para os usuários das tecnologias”, disse Machado.

A integração não ocorrerá apenas entre os pesquisadores e seus Institutos e unidades regionais, mas também em outras coordenadorias da Secretaria, como a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro).

Segundo Machado, tão importante quanto apresentar esse modelo de organização foi a possibilidade de ampliar as bases para discussão e estruturação dos grupos dentro dos diferentes programas de PD&I da APTA.

Trabalho em redes

A orientação do trabalho em redes e com foco em solução de problemas atuais já teve início na APTA, com a elaboração de três propostas de Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas no Estado de São Paulo (NPOP), para atender ao edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e entregues em 18 de maio de 2020 para avaliação.

O resultado deve ser divulgado até o fim deste ano e, caso os projetos sejam aprovados, receberão recursos da Fundação e parceiros privados por cinco anos. As propostas de NPOP na APTA foram lideradas pelo IAC, IB e ITAL e contam com a participação de 180 pesquisadores do Brasil e do exterior, além de parceiros da iniciativa privada.

A junção de esforços entre agências de fomento, instituições de pesquisa e ensino e iniciativa privada tem objetivos claros: desenvolver ingredientes saudáveis, qualidade e manejo sustentável de citros, cana e café, além de produzir novos bioprodutos para a agricultura tropical. As três propostas de NPOP foram apresentadas durante a transmissão ao vivo por Mariângela Cristofâni-Yaly, do IAC, Mário Eidi Sato, do IB, e Gisele Anne Camargo, do ITAL.

A Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia é parceira dos três NPOP. Segundo Tsen Chung Kang, diretor de pesquisa e de novos negócios do Grupo Jacto, a ideia de trabalhar em conjunto é superar um gargalo da ciência brasileira: gerar novos negócios a partir dos resultados científicos.

Para Kang, os NPOP são um modelo de ganha-ganha-ganha, ou seja, caso as tecnologias geradas nos Núcleos cheguem ao mercado, trarão ganhos para as empresas na forma de lucros, para o governo pelos impostos e para as instituições de pesquisa pela arrecadação de recursos com os royalties.

“Temos falado muito em convergência biodigital, que é pensada em três áreas: AgTech, New Food e Helth Tech, ou seja, agricultura, alimento e saúde. Esse ecossistema de inovação ainda não existe no mundo, mas temos que trabalhar nessa área”, disse Tsen Chung Kang.

 

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