•  sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Peer-to-Peer Lending e Equity Crowdfunding: tão parecidos, mas tão diferentes

Essas fintechs oferecem oportunidades de investimento inéditas e, no processo, cobrem uma grande lacuna de falta de acesso de capital no país

São Paulo, agosto de 2020 – Conversar com o gerente do banco era, há alguns anos, um dos poucos caminhos para o empreendedor que precisava de crédito para abrir um negócio. Essa também era a principal solução para quem quisesse investir seu dinheiro. Tudo dependia do homem ou da mulher do outro lado da mesa, funcionário de uma enorme instituição financeira impessoal, com suas carteiras de produtos bem delimitadas, suas regras e suas metas difíceis de bater.

Mas, a revolução digital transformou o mercado financeiro e trouxe opções. De olho nesse segmento dominado pelos bancos, empreendedores criaram modelos de negócios baseados na desintermediação financeira, alavancando tecnologia para retirar os intermediários desnecessários, a burocracia e os custos extras. Esses modelos conectam investidores diretamente com empresas, oferecendo retornos potenciais acima dos investimentos tradicionais. Entre essas fintechs, se destacam duas principais: o peer-to-peer lending e o equity crowdfunding.

Os dois modelos têm muito em comum. Ambos são plataformas 100% online – sem a necessidade de “tomar aquele café ” com o gerente do banco. Ambos realizam rodadas dinâmicas, totalmente online, em que os investimentos chegam em tempo real, até atingir a meta da rodada. E ambos têm o mesmo aspecto inovador de destravar capital que antes era preso e, no processo, oferecer retornos potenciais maiores para investidores.

Mas, apesar das semelhanças, cada fintech utiliza um mecanismo de investimento diferente e os produtos performam um papel diverso para os clientes: tanto investidores, quanto empresas. No peer-to-peer lending, o objetivo é conceder empréstimo interpessoal ou de pessoas a empresas, sem o intermédio de bancos e suas taxas. Com P2P lending, o investidor consegue performar o papel do banco efetivamente, cedendo capital a várias empresas, e lucrando com isso.

Para a empresa, essa é a chance de acessar capital de forma facilitada e com taxas de juros muito menores que as do mercado. Quem empresta, por sua vez, lucra ao receber de volta o valor acrescido de juros, bem mais vantajosos do que outros investimentos. São geralmente pequenas e médias empresas que pegam esses empréstimos de centenas de milhares de reais para fins como capital de giro.

Assim como o peer to peer lending, o equity crowdfunding conecta investidores a empresas, mas nesse modelo não há empréstimo. Por meio deste modelo, o investidor compra uma participação em empresas startups, com a mesma facilidade com que ele compra ações na Bolsa de Valores. Essas startups conseguem captar rodadas de milhões de reais por meio das plataformas de equity crowdfunding, e podem utilizar os recursos para expandir operações e escalar o tamanho da empresa.

Na prática, são rodadas de investimento venture capital online, com empreendedores alavancando tecnologia para tomar controle do processo de fundraising e captar rapidamente, sem burocracia. O investidor, por sua parte, consegue investir cedo em startups com enorme potencial, oportunidades de investimento que antes eram disponíveis apenas para investidores institucionais.

Para o investidor de hoje, que constrói seu portfólio por meio de plataformas online, os dois investimentos cabem na sua carteira. Com os investimentos P2P, ele busca um retorno mensal maior do que outros produtos tradicionais: entre 1% a 4% ao mês, dependendo do perfil de risco da empresa investida. Já com os investimentos em startups, a meta do investidor é multiplicar o valor investido em uma startup de cinco a 100 vezes no médio a longo prazo, geralmente no prazo de, no mínimo, 4 anos após o aporte.

Para as empresas, o diferencial está na contrapartida. No peer-to-peer lending, ela precisa devolver todo o dinheiro com juros, mas não tem nenhuma associação societária com o investidor. Já no equity crowdfunding, a empresa não precisa devolver o dinheiro, mas em contrapartida oferece ações da sua empresa, muito parecido com os IPOs feitos na Bolsa de Valores.

Vale lembrar, é claro, que os dois modelos envolvem risco para os investidores e, portanto, não há uma certeza de retorno.

 

Benefícios para empresas e investidores

Para Gabriel Nascimento, que é sócio-fundador da Ulend, plataforma de peer-to-peer lending, o principal benefício do modelo de empréstimo para a empresa é a possibilidade do acesso ao crédito simplificado e barato. Ele destaca que os juros podem ser até 50% menores que as taxas encontradas no mercado, uma vez que não há spread bancário.

Já para o investidor, a grande vantagem é a diversificação da carteira e a maior rentabilidade. Segundo ele, o retorno pode variar de 1% a 4% ao mês. Além disso, o pagamento é feito em parcelas mensais, de forma que o investidor garante receita mensal.

O sócio afirma que, como qualquer investimento, há risco. No caso do peer-to-peer lending, é a inadimplência por conta da empresa tomadora de crédito. Mas ele destaca que a escolha criteriosa das empresas que integram a plataforma da Ulend diminuem esse o risco.

Além disso, a empresa oferece operações com garantias reais de pagamento, como imóveis ou recebíveis financeiros da empresa. Nessa modalidade, o investidor tem ainda mais segurança porque, em caso de inadimplência, a Ulend executa as garantias do empréstimo.

“O peer-to-peer lending é inovador, porque rompe com as barreiras entre quem oferece o crédito e quem precisa dele, então as pessoas estão no centro do processo. O modelo tem ganhado a confiança dos investidores: na Ulend temos mais de 6.500 mil cadastros, entre pessoas físicas, jurídicas, family offices e fundos de investimentos”, diz.

Da mesma forma, o modelo de equity crowdfunding se destaca por fornecer acesso a oportunidades inéditas, tanto para as empresas quanto para os investidores.

Para uma startup, o equity crowdfunding oferece um remédio ao processo doloroso e prolongado de tentar captar recursos da forma tradicional. “Em vez de passar 6-12 meses tentando fechar uma rodada offline, uma startup consegue captar milhões de reais totalmente online em questão de dias,” comenta o Brian Begnoche, sócio-fundador da EqSeed, plataforma líder de equity crowdfunding brasileiro.

Tanto a Ulend quanto a EqSeed já captaram rodadas por meio da EqSeed. A fintech P2P captou R$1,8 milhões em 72 horas e a fintech de equity crowdfunding utilizou sua própria plataforma para captar R$2,5 milhões em apenas 27 horas.

Para o investidor, o equity crowdfunding oferece acesso a investimentos em empresas com enorme “upside” potencial. Nos últimos anos, o país reparou uma onda de unicórnios brasileiros – empresas startups que chegaram a um valuation acima de US$ 1 bilhão. Ao mesmo tempo, grandes empresas estão comprando cada vez mais startups, como tentativas de inovar e se proteger. Segundo o Begnoche, esses movimentos não passaram despercebidos.

“O investidor brasileiro repara que essas empresas começaram apenas 4-8 anos atrás como startups de 10 pessoas, e agora valem bilhões de reais. Ele também reparou que várias startups estão sendo adquiridas por empresas maiores, por dezenas a centenas de milhões de reais. Hoje, através da EqSeed ele pode investir nessas empresas desde o início, e assim, adicionar ativos com o potencial de atingir esse crescimento exponencial dentro da sua carteira diversificada de investimentos.”

 

Ler Anterior

O tipo de máscara revela o perfil do consumidor brasileiro?

Ler Próxima

Cuidados com dentes podem evitar partos prematuros