•  segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Após 50 dias de fechamento, lojistas de shopping registram R$ 27 bilhões em prejuízos

Desde o início da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), os lojistas de shopping em todo o país que tiveram seus estabelecimentos fechados e registram prejuízo estimado em R$ 27 bilhões. Os dados ainda não estão consolidados mas refletem os danos ao setor do comércio atingido pela pandemia.

Pesquisa realizada pela ALSHOP (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), apontou que 93% dos lojistas já registraram queda superior a metade do faturamento. Atualmente, só 81 dos 577 shoppings do país estão abertos em mais de 50 municípios. No total o setor de shopping center emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas em pouco mais de 105 mil lojas.

“O setor do comércio olhando especialmente para os lojistas de shopping, não terá condições de sobreviver a mais um mês de fechamento das lojas. Só pedimos a igualdade de condições como já estabelecido com o setor de supermercados e farmácias por dois motivos: os centros de compra são ambientes controlados, amplos com mais de 100 mil metros quadrados cada e limpos, e temos consciência de que adoção de rígidos protocolos de segurança permitem uma flexibilização. Há estabelecimentos que vão fechar as portas definitivamente na próxima semana sem esse diálogo ou, no mínimo, um plano de reabertura gradual”, alerta Nabil Sahyoun, presidente da ALSHOP.

Na pesquisa feita com associados, mais da metade (52%) afirmou que irá depender da negociação com donos de shopping e a liberação de financiamento para não fechar as portas, enquanto 15% afirmou que irá fechar lojas ao longo deste ano. Entre os lojistas 79% afirmam terem encontrado dificuldade para obter crédito no mercado.

A entidade usa como referência o PolloShop de Curitiba, que fechará definitivamente as portas neste mês de maio. No empreendimento estão 220 lojas que empregam cerca de 2.000 pessoas.

Há 20 dias, a ALSHOP divulgou um plano de reabertura dos shoppings e tem feito diálogo com o poder público em busca ao menos de um planejamento para a reabertura do comércio. Já participou de reunião com o vice-governador de São Paulo e com outras entidades do setor de comércio para discutir as condições de reabertura. “O sentimento do empresário, e quando falo dos nossos associados, falo de um universo de 105 mil lojas com 70% de pequenas empresas e que falta coordenação entre as ações. O crédito anunciado é burocrático e não tem evitado o fechamento definitivo das lojas. Se por um lado há um programa de transferência de renda e compensação que parte do governo federal, por outro os governadores e prefeitos não abriram mão dos seus impostos como ICMS e IPTU mesmo tendo a parcela do pagamento da dívida suspensa com a União. Com a compreensão dos estados e das prefeituras podemos ajudar a reduzir uma taxa de desemprego que será sem precedentes”, explica.

A ALSHOP tem proposto a negociação de um plano de reabertura gradual do comércio e a criação de protocolos de higienização dos ambientes para que os clientes possam frequentar os estabelecimentos com segurança. “A prioridade é a vida e não podemos politizar a questão. Há como equalizar a proteção à saúde e reduzir os riscos para a economia que também sustenta o custo da saúde”, enfatiza.

12 compromissos para a reabertura 

A ALSHOP propõe um plano de reabertura controlado inspirado em procedimentos já adotado em outros países. Para a entidade, mesmo quando a abertura for flexibilizada, a fragilidade da economia não levará a aglomerações nos empreendimentos nem uma alta no consumo por receio da população que teve a renda reduzida e será mais cautelosa com a própria saúde:

A entidade propõe um plano com 13  compromissos:

  1. Abertura de lojas de shopping em horário reduzido de atendimento: das 12h às 20h permitindo que os estabelecimentos funcionem em apenas um turno reduzindo o custo da operação. 65% dos lojistas concordam com esta medida segundo a pesquisa nacional da ALSHOP;
  2. Controle de entrada dos clientes com medição de temperatura e higienização das mãos;
  3. Obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial e limitação de quantidade de clientes, conforme a capacidade do empreendimento. O objetivo é novamente evitar aglomerações;
  4. A limitação será seguida e informada por placas e indicativos no acesso de estacionamentos, elevadores e escadas rolantes;
  5. Nas praças de alimentação, serão instalados dispensers de higienização das mãos e será adotado maior espaçamento entre as mesas, bem como a remoção ou interdição de bancos nos corredores;
  6. Haverá recomendação de que os restaurantes ofereçam cardápio para viagem com retirada no balcão, e os restaurantes com salão interno tomarão as mesmas medidas de distanciamento de mesas;
  7. Orientação visual aos clientes e frequentadores para evitarem aglomeração e incentivá-los a lavar as mãos, bem como não andar em grupos com mais de 5 pessoas;
  8. Expor informações claras sobre a quantidade máxima de clientes nas lojas conforme a metragem do estabelecimento. Em lojas âncora, de maior metragem, controlar o acesso dos clientes com a mesma finalidade;
  9. Mapear a distância entre clientes com identificação nas filas dos caixas por meio de adesivos no piso, como tem sido usado nos supermercados, bancos e casas lotéricas;
  10. Instalação de placas de acetato nos caixas das lojas com abertura inferior para a cobrança em papel moeda ou máquinas de cartões devidamente higienizadas. As placas de acetato serão higienizadas seguindo um protocolo igualmente rígido;
  11. Os colaboradores das lojas usarão materiais de proteção individual como máscaras, protetores faciais (face shields), álcool gel, luvas, para os que lidam com papel moeda;
  12. Adotar novos protocolos de higienização dos ambientes de uso comum como corredores e banheiros adotando o mesmo controle rígido de acesso dos frequentadores;

 

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